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Brasília

Grileiros se aliavam a advogados para invadir terras no DF

Arquivo Geral

14/03/2019 14h51

Foto: PCDF/Divulgação

Tácio Lorran
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Investigadores da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema) deflagraram, na manhã desta quinta-feira (14), uma operação para combater a grilagem de terra no Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, há dois advogados entre os envolvidos. O grupo é acusado de falsificar documentos e extorquir e ameaçar vítimas.

Foram encontrados cerca de 30 lotes irregulares na chácara 9 A, na região de Arniqueiras, próximo a Águas Claras, que eram vendidos por valores entre R$ 70 mil e R$ 160 mil. A região, inclusive, já foi alvo de derrubadas da Agência de Fiscalização do DF (Agefis), mas os crimes continuavam.

Após as derrubadas, os compradores dos lotes precisaram pagar R$ 36 mil ao grupo criminoso para continuarem com as propriedades. Caso contrário, o terreno era revendido para terceiros. Conforme a PCDF, há relatos de que pessoas procuraram lotes para comprar no final do ano passado, mas todos estavam ocupados, segundo foram informados pelos grileiros.

A delegada-adjunta da Dema, Mariana Almeida, explica que o grupo atuava como outros bandos de grileiros da capital: invadia terras desapropriadas que pertencem ao GDF, se instalava na área, dividia os lotes e fazia as vendas.

“O que chamou a atenção neste caso foi que essa associação específica se utilizava de advogados para tentar medidas judiciais para que pudessem levar a regularização das propriedades”, explica a delegada. Em troca, os dois advogados do grupo recebiam lotes dentro do condomínio irregular.

Delegada Mariana Almeida. Foto: PCDF/Divulgação

A ação policial é fruto da 5º fase da Operação Terra Limpa, que combate o parcelamento irregular de terras em todo o DF. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram realizados em Samambaia, Taguatinga e Águas Claras, inclusive em escritórios de advocacia. Entre os presos estão o líder do grupo e outros dois homens que carregavam munições. Um dos suspeitos está foragido.

De outros tempos

Em anos anteriores, a Agefis chegou a fazer pelo menos três derrubadas no local por determinação da Justiça. Mas o grupo retornava à grilagem e, da última vez, aliou-se a novos comparsas já experientes no meio.

Desde então, o bando passou a ser dividido em dois: um ficava responsável por falsificar documentos, enquanto o outro, que era formado apenas por laranjas, providenciava a venda dos lotes.

Em fevereiro deste ano, foi encontrado um trator trabalhando no condomínio irregular para a construção de uma rua. Segundo a delegada, a área é bem valorizada e o loteamento não tem perfil de pessoas de baixa renda.

Mariana afirma que os compradores também estão sendo investigados. “Neste caso, fica difícil falar que os compradores não sabiam da origem irregular do loteamento, em razão das ações (da Agefis) que já tinham ocorrido. Inclusive, esses compradores retornavam aos locais e edificavam novamente”, diz.

Foto: PCDF/Divulgação

Prisões

O líder do grupo tem 41 anos e foi identificado apenas pelas iniciais A.P.S. Ele já tem antecedentes criminais, inclusive por homicídio. Durante as buscas, não foi encontrado nenhum valor em dinheiro. A delegada destacou que as investigações vão continuar.

Foto: PCDF/Divulgação

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