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Brasília

Grileiros em Brazlândia lucraram por volta de R$ 1 milhão

Arquivo Geral

23/04/2019 14h10

Atualizada 24/04/2019 9h11

Três pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (23). Foto: Tácio Lorran/ Jornal de Brasília

Tácio Lorran
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A Polícia Civil do DF (PCDF) acredita que os grileiros que atuavam na área rural de Brazlândia, próximo à Bacia do Rio Descoberto, lucraram cerca de R$ 1 milhão com a prática criminosa. Eles repartiram uma área de 50 mil metros quadrados e as venderam durante quase 10 anos.

A investigação acontece por meio da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema). Os grileiros parcelaram o terreno em áreas de mil metros quadrados e os venderam no valor de R$ 35 mil cada. Porém, como alguns lotes não eram ocupados, eles voltavam a vendê-los. O líder do grupo também chegou a vender lotes inexistentes.

“A área já tinha passado por algumas derrubadas promovidas pela Agefis e o líder da associação aproveita esse fato, pois algumas pessoas não chegaram a edificar no local”, explica a delegada-chefe adjunta da Dema, Mariana Araújo Almeida. “Quando se constatava que o lote estava vago, ele acabava revendendo a terceiros, chegando a vender o mesmo lote para duas ou três pessoas”.

Deflagrada na manhã desta terça-feira (23), a Operação Parentela cumpriu três mandados de prisão preventiva e seis de busca e apreensão nas cidades de Brazlândia, Ceilândia e Taguatinga. Entre os locais investigados estão dois escritórios de advocacia, onde foram encontrados vários documentos falsos.

Um dos presos nesta manhã, o líder do grupo, identificado apenas com as iniciais C.L.M., era conhecido na comunidade como corretor imobiliário, mesmo não tendo licença. Ele atuava na região de Brazlândia, mas vendia terras em várias regiões do DF. O homem ainda é investigado também por estelionato, devido a venda de lotes que nem existem.

“Além de vender terras que existem, porém irregulares, ele também vende terras que não existem nem sequer localização geográfica”, conta a advogada. O líder da associação criminosa não tinha passagem pela polícia, mas era investigado e tinha vários estelionatos em seu nome.

Pelo fato de os cartórios do DF estarem atentos aos parcelamentos irregulares de lotes, a delegada Mariana relata que o bando procurava cartórios do Entorno. Além do crime de estelionato e de parcelamento irregular, a quadrilha está sendo investigada por associação criminosa, dano ambiental, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro.

Foragidos

Além do líder do grupo, outras duas pessoas foram presas nesta terça. Eles foram identificados pelas iniciais J.M.P. e L.B.C. Uma quarta pessoa que estava com mandado de prisão preventiva está foragida. Nenhum advogado foi preso, mas a Polícia Civil permanece investigando e suspeita que tenham envolvimento com a associação criminosa.

As pessoas que compraram os lotes também estão sendo identificadas pela PCDF. Conforme Mariana, elas provavelmente sabiam da irregularidade do local e mesmo assim adquiriram o terreno. “A gente acredita que as pessoas saibam que não são terras regulares pois não tem regulamentação. O máximo que eles têm são seções de direito, mas a área é pública”, suspeita a advogada.

As investigações apontaram que alguns envolvidos possuem parentescos, razão pela qual a operação foi denominada Parentela.

Danos Ambientais

A delegada destaca que as chácaras ficam localizadas na Área de Preservação Ambiental da Bacia do Descoberto e que a prática realizada pelo bando criminoso causou “dimensões inestimáveis”. Ela ainda explica que o terreno fica localizado próximo ao Lago do Descoberto, que é o maior manancial de água que abastece todo o DF – responsável por cerca de 65% do abastecimento local.

“Esses danos ambientais causados pelas edificações na região acarretam na impermeabilização do solo, em processos erosivos e impedem que as águas sejam absorvidos pelos mananciais” , diz Mariana, qualificando os danos como extremamente graves. “Juntamente com a seca que vinhamos enfrentando ao longo dos últimos anos, é um dos principais fatores que ocasionou o desabastecimento de água no DF”, completa.

Uma das chácaras era reservada para assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Além dos danos ambientais, a área também é um importante pólo produtor.

Leia também: Grileiros se aliavam a advogados para invadir terras

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