Jéssica Antunes
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O Governo do DF culpa uma ligação clandestina de drenagem de água pelo incidente em que uma caminhonete foi engolida pelo asfalto nesta terça-feira (23), em Vicente Pires. “O GDF está realizando as obras em toda a cidade de Vicente Pires, mas no passado os moradores fizeram várias redes de drenagem não cadastradas. Quando estávamos executando, encontramos essa rede construída por particulares”, relata o secretário de Infraestrutura, Antônio Coimbra.

Ele explica que a entrada e a saída dessa ligação clandestina foram fechadas, quando identificadas, para prosseguir com as obras do governo. No entanto, na versão dele, “algum prédio continuou jogando materiais na rede e ocorreu isso”. “Essa rede foi isolada como procedimento correto. Em algum ponto ocorreu lançamento irregular que sobrecarregou a rede e provocou a erosão”, argumenta.

Pedras serão jogadas na cratera que se abriu em Vicente Pires: Foto: Jessica Antunes/Jornal de Brasília

O secretário defende que o projeto do governo está sendo executado seguindo as melhores técnicas de engenharia. “Ocorre que uma carga não prevista no solo provoca essa erosão. A grande quantidade de água vindo de uma rede não regular causou isso. Não é nada em especial. O fato acontece. Devem existir outras em Vicente Pires e poderia ter ocorrido em qualquer momento”, sustenta.

Coimbra admite que o governo não sabe precisar quantas redes clandestinas existem na região. “Para detectarmos todas, teríamos que furar toda a cidade. Não posso descartar a possibilidade de acontecer outras vezes, mas não poderia ser evitado”, garante. “Uma situação como essa reforça a necessidade das obras de infraestrutura que estão em andamento”, emenda.

Reparo emergencial

A caminhonete já foi retirada do buraco e a área do estrago será coberta por pedras.

Susto

A forte chuva que caiu na região inundou vias e deixou cenário de destruição. O veículo engolido pela cratera era ocupado por um casal de idosos, que foi resgatado por populares. Vídeo mostra parte do socorro.

Em entrevista ao Jornal de Brasília, a vítima que dirigia a caminhonete relatou o ocorrido. “O semáforo do viaduto abriu. Quando saímos, tinha uma fila de carros na frente. A água estava muito alta e até pensei em ir pra faixa da esquerda, mas estava descendo um carro. Quando parei, a força da água era muita. Tracei a caminhonete e pisei fundo, mas ela já começou a descer”, conta Osvaldo da Silva, 76 anos.

Ele e a esposa, Maria Marluce Pereira, 73, não se feriram no acidente, apesar do susto. Os dois são moradores de Vicente Pires há pelo menos sete anos.

“Escutamos um estrondo pouco antes das 14h. Quando fomos olhar, a traseira já tinha batido no chão e tinham dois idosos dentro. A correnteza estava muito rápida. Fizemos corrente humana do poste até chegar na porta e tirar os idosos de dentro do carro”, contou o técnico automotivo, Cleyton dos Santos.

“Depois de 30 segundos, o carro caiu. O buraco não tem nem 10 dias que foi tampado. O governo cavou e colocaram manilha, mas não se preocuparam. Quando chove aqui é como se fosse um rio”, completou o homem de 28 anos. Os idosos saíram nervosos, mas nem ferimentos.