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Brasília

Garota relatou em rede social ter sofrido homofobia antes de crime em Samambaia

Arquivo Geral

09/01/2018 7h00

Divulgação

João Paulo Mariano
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A Polícia Civil ainda investiga a motivação para o crime brutal ocorrido no último sábado (06). Anne Mickaelly, 23, foi morta com facadas no rosto e no pescoço pelo pai de sua companheira, José Brito, 46, que se encontra foragido. Uma das possibilidades é que o pai não tenha concordado com o relacionamento da filha com uma mulher e tenha cometido o crime.

Em uma rede social, Anne relatou que sofreu homofobia. A postagem foi feita no dia 16 de novembro do ano passado e ela diz que o pai de uma menina com quem ela se relacionava tentou afastar o casal quando descobriu a união. O relacionamento anterior dessa menina era com um homem e teria sido abusivo. “Ela sofre calada. Comendo o pão que o diabo amassou, até que ela faz amizade com uma mulher gay. As duas saem, se divertem e a garota que tanto sofria, e só chorava, agora era feliz ao lado de um ser igual a ela”, afirma na postagem.

Anne ainda diz que a mulher decidiu separar e viver “aquele amor às escondidas pois ela sabia que seu pai jamais aceitaria”. O pai não teria aceito e disse que “preferia a filha morta do que vê-la com uma mulher”. A polícia ainda não confirma que o pai do relato seja o autor do crime. A peça que falta para o caso é o depoimento do foragido. O delegado Eduardo Galvão, da 26ª DP (Samambaia), que investiga o caso, acredita que José vai se entregar.

Sofrimento

Também pelas redes sociais, familiares e amigos de Ane Mickaelly, tanto do DF quanto de Presidente Dutra (MA), sua cidade natal, se despediram da jovem, que deixa um filho de dois anos que morava com os pais dela no Nordeste. A mãe, Luzinete Monteiro, lamenta a perda da filha. “Hoje, o céu amanheceu escuro. Tiraram um pedaço de mim”, escreveu, “Filha, eu te amarei para sempre. Deus te dê conforto em sua nova morada”, finaliza.

Testemunhas apontam motivação

Crime de ódio ou passional, o assassinato assustou moradores de Samambaia e até mesmo a Polícia Civil pela agressividade. Vítima e autor estavam reunidos em uma comemoração, quando Anne teria se declarado para a filha de José Roberto, também de 23 anos. Informações de testemunhas apontam que ela iria pedir a filha do suspeito em casamento. O ápice da confusão teria sido o momento em que Anne soltou fogos de artifício.

De acordo com a PCDF, o homem teria pego uma faca, corrido atrás de Anne e a esfaqueado no rosto e no pescoço. Não deu tempo nem de o Corpo de Bombeiros chegar para socorrer a jovem, nascida em Presidente Dutra (MA), e que estava no DF visitando amigos. O corpo dela foi levado à cidade natal para ser enterrado.

Relacionamento

O delegado Eduardo Galvão, da 26ª DP, que investiga o caso, afirma que, apesar de a filha de José negar, amigos ouvidos em depoimento alegam que elas tinham um relacionamento há algum tempo. Em uma postagem feita em 16 de novembro do ano passado, a jovem diz que foi vítima de homofobia. Ela e uma menina teriam se apaixonado e vivido um relacionamento escondido, após a outra moça ter passado por uma relação abusiva com um homem.

O pai dessa garota não teria permitido a união e a levado para longe. Ainda não há confirmação se a mulher mencionada na postagem seria a filha de José.

O delegado Eduardo Galvão ressalta que chama a atenção a possibilidade de José ter matado Anne por preconceito . “Será que ele faria o mesmo se fosse um menino (se declarando para a filha)? A gente ainda não sabe se ele não aceitou o relacionamento porque era homossexual ou porque não queria ninguém com a filha”, diz.

O investigador acredita que o autor deve se entregar nos próximos dias, pois, segundo ele, “não existe nenhuma dúvida sobre a sua culpa no crime”. Apenas a motivação precisa ser esclarecida, o que só seria possível após depoimento do suspeito.

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