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Brasília

Funcionários do Detran integram quadrilha que vendia carros alugados

Arquivo Geral

18/12/2018 15h34

Atualizada 19/12/2018 10h16

Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasilia.

Ana Karolline Rodrigues
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Dois funcionários do Departamento de Trânsito (Detran) de Formosa e de Planaltina de Goiás foram presos nesta terça-feira (18). Eles são acusados de inserção de dados falsos em sistema de informação, falsificação de documentos, participação em organização criminosa e estelionato. Segundo a Polícia Civil, Vanderlei Moreira de Sales (Planaltina de Goiás), 54 anos, e Getúlio Augusto Canedo (Formosa), 62, eram participantes de uma quadrilha formada por 14 estelionatários que alugavam carros em outros estados do País e os vendiam com novos documentos para vítimas em Planaltina-DF. Destes, 12 tiveram prisão preventiva decretada e oito foram presos nesta terça.

As investigações apontam que o grupo era comandado por quatro criminosos – três deles foram presos e um está foragido. Thiago Rodrigues, 34 anos, Claudemir Menezes, 39, e Marcio Rezende, 32, detidos hoje, têm várias passagens pela polícia por estelionato, tráfico de drogas e de armas de fogo. Segundo o delegado-chefe da 16ª Delegacia de Polícia, Edson Medina, os cabeças da quadrilha enviavam um criminoso para cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Curitiba para alugar o carro que nunca chegava a ser devolvido.

Após a locação, o mesmo envolvido levava o veículo para Planaltina e repassava para outros criminosos. Em seguida, o carro seguia para Planaltina de Goiás e Formosa, onde os dados eram alterados no Detran por Vanderlei e Getúlio. Ambos tinham acesso pra inserir as informações do automóvel no banco de dados do departamento e faziam a alteração.

Com a ajuda da despachante Sebastiana Rodrigues Neta, 41 anos, eles realizavam transferências em Planaltina de Goiás sem a apresentação de qualquer documentação. “Esse modo de operação chamou atenção porque tem a presença de um agente público. Essa é uma forma simples e eficaz de praticar delitos contra o patrimônio e a operação foi exitosa pela colaboração desse servidor”, disse Medina.

Escritório de Sebastiana. Foto: Divulgação.

Ao retornar para o DF, o documento do automóvel não apresentava mais o nome do antigo proprietário (locadora) e já poderia ser vendido para alguma vítima como um veículo ‘legalizado’. “No certificado de registro não aparecia mais o nome do proprietário anterior, ele desaparecia. Então, quando o carro chegava ao DF, já estava limpo”, detalha o delegado.

Medina explica que a organização foi descoberta por conta de uma investigação policial anterior que envolvia os indivíduos, mas que está sob sigilo. “Essa investigação de agora começou há mais de seis meses e faz parte de um todo muito maior”, afirma. Após observarem várias mudanças de veículos utilizados pelos investigados, a polícia identificou os criminosos, que foram indiciados por participação em organização criminosa, estelionato, falsificação de documentos e falsidade ideológica. “Cada carro leva a um conjunto de crimes, então todas essas infrações foram repetidas, no mínimo, 11 vezes. Como são muitos, eles podem pegar até 30 anos de prisão”, calcula.

Veículos apreendidos estão na 16ª DP. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

Vítimas

Na operação batizada de “Rent a Car”, a polícia apreendeu 11 carros, três motos, duas armas com munições, R$ 50 mil em espécie e R$ 4 milhões em cheques. De acordo com o delegado, como foram identificados 12 carros (um ainda será apreendido), o grupo fez, no mínimo, 24 vítimas, uma vez que para cada veículo vendido são enganadas a locadora e a pessoa física que comprou ao final do processo criminoso. “Nós tivemos casos de uma vítima que fez uma permuta com um imóvel e agora perdeu os dois”, conta.

A polícia apreendeu R$ 50 mil em dinheiro e R$ 4 milhões em cheque. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

Até o momento, quatro criminosos ainda estão foragidos e, portanto, o delegado aconselha que aqueles que desejam comprar novos veículos se informem detalhadamente sobre a origem dele. “É importante conhecer o histórico de um bem que você está adquirindo. É sempre necessário pesquisar essa origem para saber de onde vem”, recomenda.

Pelos próximos dias, a polícia busca prender os estelionatários que já têm prisão decretada e analisar os documentos apreendidos, de maneira que as provas possam criar um desdobramento para encontrar os criminosos foragidos. Os carros apreendidos serão devolvidos às locadoras.

 

 

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