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Brasília

Falta estrutura básica para fazer cirurgias nos hospitais de Sobradinho e Planaltina

Arquivo Geral

23/12/2016 7h00

Atualizada 22/12/2016 21h24

“Os serviços são horríveis, está tudo precário. Eu ouvi dizer que eles fazem só uma cirurgia por dia”, relata Andreia. Foto: Angelo Miguel

Raphaella Sconetto
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Não é de hoje que a saúde do Distrito Federal está um caos. Desta vez, os hospitais de Sobradinho e de Planaltina, que compõem a região norte, não estão fazendo cirurgias eletivas (previamente marcadas). A suspensão ocorreu devido à falta materiais esterilizados, conforme denúncia do Sindicato dos Médicos.

Segundo o presidente do Sindmédico, Gutemberg Fialho, até as cirurgias emergenciais foram afetadas. “As eletivas estão paradas, e as de emergência são feitas com atraso”, conta. “Não tem contrato de manutenção por falta de pagamento. E, mais na frente, teremos mais problemas no centro obstétrico”, prevê.

Ainda de acordo com Fialho, a falta de materiais atrapalha o trabalho dos profissionais. “Tem pacientes correndo o risco de morrer. Enquanto isso, os profissionais de saúde estão trabalhando sob estresse e pressão”, destaca.

E, claro, quem depende da rede pública é quem mais sofre. Só na ala ortopédica do Hospital Regional de Sobradinho (HRS) há 30 pessoas na fila de espera. “Os pacientes graves não conseguem ser operados nem transferidos. Os médicos que ficavam no ambulatório foram transferidos para o pronto-socorro. Ou seja, os pacientes não estão tendo um acompanhamento correto”, conta.

Fialho alega que não é uma situação exclusiva desses hospitais. “Todos têm algo faltando. Isso é um retrato de toda a saúde pública do DF. Não tem gente suficiente”, diz.

A doméstica Andreia Coqueiro, 37 anos, conhece bem essa realidade. Ela acompanha a mãe, que está internada há dez dias com problema decorrente de diabetes. “Está demorando demais. Minha mãe estava com um machucado no dedo do pé e precisava amputar. Mas, finalmente, conseguimos que ela fizesse a cirurgia ontem”, conta. “Os serviços são horríveis, está tudo precário. Eu ouvi dizer que eles fazem só uma cirurgia por dia”.

A doméstica cogitou levar a mãe a um hospital particular. “Minha família tentou fazer uma vaquinha, mas é muito caro. Se eles tivessem cuidado da minha mãe direito, talvez ela nem precisasse passar por uma amputação”, critica.

Versão oficial

Em nota, a Secretaria de Saúde admitiu que houve um problema com as autoclaves – aparelhos que esterilizam os materiais – na quarta-feira e, por isso, “algumas cirurgias eletivas foram suspensas”. No entanto, segundo a pasta, a manutenção já foi feita, estando uma delas em funcionamento. “Além disso, a região norte tem constituído plano de ação para esterilização de materiais em outros hospitais da rede para não haver prejuízo ao atendimento emergencial”, alega.

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