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Brasília

Facilidade para fraudar cartões do DFTrans é prato cheio para estelionatários

Arquivo Geral

20/07/2017 6h30

Foto: Ariadne Marçal

Eric Zambon
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A facilidade de fraudar o sistema de cartões de transporte do DFTrans é uma janela de oportunidade para estelionatários. Com a prisão de três adultos e dois adolescentes, na manhã de ontem, em abordagem da Polícia Civil na Rodoviária do Plano Piloto, já são oito pessoas detidas pelo mesmo crime em cerca de três semanas. A autarquia garante que a fiscalização e o sistema já melhoraram, enquanto a polícia aponta necessidade de evolução na segurança.

No crime de ontem, foram encontrados nove cartões distintos com os cinco presos. Dentre os objetos, estava o benefício de um servidor de empresa de transporte. Segundo a polícia, tanto os flagrados quanto os titulares dos cartões podem ser indiciados por estelionato qualificado, com possibilidade de prisão de um a cinco anos. Os menores de idade respondem por crime análogo e foram encaminhados para a Delegacia da Criança.

O problema supera a capacidade de combate do Governo de Brasília e provoca prejuízos milionários, ainda não contabilizados com exatidão. Conforme o titular da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), delegado Wisllei Salomão, não foi constatada a existência de quadrilhas especializadas até o momento, justamente por ser fácil qualquer um tentar praticar o crime.

“Não existe muita fiscalização nos pontos onde isso mais acontece, aí eles se aproveitam disso. Não existe conexão entre os presos há três semanas e os de hoje (ontem)”, disse. O delegado explicou que o estelionato consiste em se aproveitar das gratuidades e dos cartões de integração. Em relação ao primeiro tipo, os criminosos conseguem um passe estudantil, cartão para deficiente ou até corporativo e vendem as viagens clandestinamente.

O cartão de integração permite ao usuário viajar três vezes no período de uma hora, pagando apenas a primeira passagem. Nesse caso, os suspeitos vendiam, também irregularmente, as duas passagens grátis a que tinham direito. Outro tipo de fraude é adquirir um benefício e entregar para um amigo ou parente usar em seu lugar. Em ambos os casos, a polícia considera estelionato qualificado.

Saiba mais

O prejuízo ao governo com a fraude acontece porque, para cada viagem gratuita, o Buriti subsidia R$ 4,05, valor pago à empresa de transporte público. Assim, as passagens que não deveriam ser utilizadas significam aumentar o déficit do GDF no setor, previsto para atingir mais de R$ 400 milhões em 2017. Vale lembrar que as gratuidades tiveram sua continuidade garantida no programa de governo de Rodrigo Rollemberg.

Biometria nos ônibus é uma saída

O diretor-geral do DFTrans, Léo Carlos Cruz, reconhece o problema, mas garante que a atual gestão da autarquia trabalha desde 2015 para diminuir os gargalos. Segundo ele, o recadastramento dos passes estudantis, há dois anos, foi o primeiro passo, e desde então o sistema tem melhorado.
“Ele já identifica os cartões que fazem operações ilegais, e estamos trabalhando com um sistema de biometria facial na linha 110 (Rodoviária-UnB), que já identificou 2 mil irregularidades em um mês”, defende-se.

Sobre a fiscalização, ele afirma existir dificuldades para o controle. “Não tem como combater de forma imediata, porque é caso de polícia, mas dá para identificar em que roletas acontecem, e elas ocorrem mais nas roletas do BRT na Rodoviária e do Metrô”, revela o diretor-geral. Conforme Cruz, essa prática é menos comum em ônibus, pois exigiria a conivência dos cobradores. “Nesse caso seria muito fácil identificar os responsáveis e puní-los”, assegura.

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