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Brasília

Ex-usuário de crack, Carlinhos se liberta por meio do esporte

Arquivo Geral

23/05/2017 7h00

Keven Garcia
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Carlos Edson de Medeiros, de 41 anos, morador de Santa Maria e ex-usuário de drogas, está buscando no esporte a força para dar a volta por cima. Carlinhos, como é conhecido, faz tratamento contra a dependência química há 10 anos no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade. Com a recuperação e muita força de vontade, ele se propôs a um desafio: percorrer o trecho de Santa Maria até São Paulo correndo para mostrar à população e para outros usuários que é possível deixar o mundo das drogas.

O plano de Carlos é fazer o trajeto de 1.200 km até a cidade de São Paulo e visitar “cracolândias” para contar a outros usuários sobre a sua mudança de vida.

Por se tratar de uma corrida muito longa, Carlinhos iniciou o treinamento com a equipe de Corrida de Santa Maria (CORSAM) e está participando de corridas de até 50km como forma de treinamento.

Antes da corrida para São Paulo, que ainda não tem data definida, em agosto ele fará uma corrida até Goiânia para se adaptar às situações adversas que encontrará na corrida até SP.

O atleta, que hoje sobrevive com um Auxílio Doença que recebe do INSS, iniciou no mundo das drogas após frustrações profissionais. “A minha vida era o futebol e meu desejo era dar uma vida melhor para os meus familiares. Mas como nada nunca foi tão fácil, procurei afogar minhas mágoas no álcool, que foi a porta de entrada para outras. Passei pela maconha, cocaína e merla até chegar no crack”, disse Carlinhos.

Saiba mais

  • A Administração Regional de Santa Maria já se dispôs a ajudar e acompanhar o atleta em todas as fases da corrida.
  • Estima-se que o desgaste de uma corrida dessa proporção seja muito grande, por isso o atleta precisa de doações como tênis, roupa de corrida, estadias em hotéis e alimentação.
  • Quem quiser contribuir com a aventura de Carlinhos, pode obter mais informações pelo telefone: 99215-3388 (Carlinhos).

Vida na rua

Durante um ano, a casa de Carlinhos foi a rua. Ele já estava entregue às drogas e tinha perdido suas esperanças de viver, até que recebeu a ajuda de uma mão amiga. Encontrado por um amigo da época do futebol, Carlos foi orientado a procurar apoio junto ao Caps, onde sua luta começou.

“Eu não queria mais aquela vida e, infelizmente, meu corpo continuava dependente. Tive momentos de recaída, mas decidi permanecer forte. Eu sempre soube que o esporte salva vidas e, no fundo, eu ainda tinha esperanças”, contou.

Carlos, que hoje tem sua rotina voltada aos treinos e a recuperação, procura novamente seu lugar na sociedade e diz que além da responsabilidade pessoal, ele agora tem uma responsabilidade social. “A ideia é fazer algo bom para a sociedade. Transmitir a minha história tem um valor moral. Que existe uma grande quantidade de gente no mundo das drogas, nós já sabemos, mas mostrar que há vida além disso, também é muito importante”, finalizou o atleta.

Os materiais que ele usa para executar seus treinos foram todos doados.

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