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Brasília

Estudantes de escola pública participam de auditoria das urnas eletrônicas

Arquivo Geral

23/10/2018 21h41

Alunos do Centro de Ensino Fundamental 04 da Asa Sul, participam de parte do processo de auditoria das urnas eletrônicas, que será finalizado no Tribunal Regional Eleitoral. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Rafaella Panceri
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Alunos do Centro de Ensino Fundamental 04 de Brasília (Asa Sul) participaram do processo de auditoria das urnas eletrônicas na tarde desta terça-feira (23). No procedimento, conhecido como “votação paralela”, os partidos políticos preenchem cédulas de votação que são armazenadas em urnas de lona para, no dia da eleição, serem registradas em urnas eletrônicas. A simulação é feita para atestar a confiabilidade dos equipamentos e a correspondência com o real.

Neste ano, os adolescentes foram escolhidos para complementar a quantidade mínima de votos necessária à verificação comandada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), já que os 13 partidos que disputam o pleito entregaram apenas 600 cédulas — 150 a menos que o exigido por lei.

Sorteio e câmeras
No próximo domingo (28), os votos serão registrados nas urnas eletrônicas em um ambiente filmado de três seções eleitorais reais, sorteadas aleatoriamente entre todas do Distrito Federal. O resultado digital será comparado com o das urnas de lona, por meio de um boletim de urna gerado ao final do procedimento. De acordo com o TRE, a amostra serve para “garantir a confiabilidade e a integridade das mais de seis mil urnas eletrônicas do DF”.

No CEF 04, centenas estudantes do 8º e 9º anos do Ensino Fundamental preencheram cédulas com os candidatos ao governo do DF e à Presidência da República. Com idade entre 13 e 15 anos, eles não podem votar nas eleições gerais, mas votariam, se pudessem.

Alunas do CEF 04 (dir.-esq.) Ana Laura de Lima, 13, Ana Clara Gonçalves, 14 e Bárbara da Luz Viana, 14, afirmam que gostariam de votar nessas eleições. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

‘Se pudesse, votaria’
Como a maioria dos colegas de turma, a estudante Ana Laura de Lima, 13, “votaria, com certeza”. Para a garota, o procedimento de auditoria acaba com o impasse na cabeça do eleitor. “Nos jornais, nos grupos de WhatsApp, as pessoas falam muito sobre fraude. Aqui, eles explicam como a urna funciona e dizem que é seguro”, comenta.

Outra estudante, Bárbara da Luz Viana, 14, participou da auditoria, mas defende que as urnas de papel são mais confiáveis. “A urna eletrônica é controlada por muita gente e, no papel, você mesmo assina”, opina.

As supostas fraudes do primeiro turno foram citadas pelo presidente da Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica, o juiz do TRE Eduardo Rosas. “A Justiça Eleitoral não tem dúvida do funcionamento da urna eletrônica. A auditoria se presta a proporcionar uma fiscalização permanente do funcionamento delas. A Justiça está do lado da sociedade brasileira e, por isso, tem processos de auditorias públicos”, comenta.

“O objetivo é demonstrar ao eleitor que não é a urna que resolve a eleição, é o eleitor. As urnas são equipamentos colocados à disposição dele com essa finalidade”, explica.

A diretora do CEF 04, Carmem Lúcia Silva Lacerda, complementa: “é importante que os alunos entendam o conceito da transparência em meio a tantos boatos de fraude e compreendam que pode haver erros, mas não adulteração. Eles estão se sentindo importantes e empolgados por fazerem parte disso, que é um momento de cidadania.”

O Centro de Ensino Fundamental 04 da Asa Sul foi escolhido pelo TRE para complementar os votos mínimos necessários à auditoria. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Ponto de vista
O TRE convidou representantes do Ministério Público do DF e Territórios e da Ordem dos Advogados do Brasil (seccional DF) para acompanhar a etapa da auditoria. Representante da OAB-DF, Gabriel Beraba Villarim afirma que a ordem participa da auditoria desde julho e pretende demonstrar ao conjunto da sociedade que a eleição ocorre sem fraudes.

“A auditoria serve para comprovar que pode haver problema com equipamentos eletrônicos e isso é normal, mas diferente de fraude”, explica.

“Quando há algum defeito, troca-se a urna e os dados já registrados são transferidos para uma nova”, esclarece, e considera que a ida à escola é importante para explicar aos futuros eleitores como funciona o processo eleitoral. “Mesmo sem votar, eles fazem parte do processo, de fato, porque participam da auditoria.”

O representante da OAB-DF, Gabriel Beraba Villarim (esq.), e o presidente da Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica, Eduardo Rosas (dir.), explicam o procedimento. Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília

Saiba mais
» A Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica do TRE foi constituída no último dia 5 de julho. A auditoria é feita desde as eleições gerais de 2010

» Os 13 partidos políticos que participam da disputa eleitoral foram convidados a preencher 2,6 mil cédulas e entregá-las em uma audiência pública no TRE, na última terça-feira (16).

» Com base em uma resolução interna, o tribunal deve procurar outras entidades para preencher as cédulas restantes.
A tradição é escolherem uma escola pública para envolver as crianças no processo eleitoral.

» A auditoria nas seções eleitorais sorteadas acontece domingo (28) a partir ds 8h. As escolhidas serão divulgadas no site do TRE.

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