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Brasília

EPTG tem solução, mas não há dinheiro

Arquivo Geral

18/12/2017 7h00

Foto: Kléber Lima

Rafaella Panceri
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Bastou uma árvore cair para as deficiências na Estrada Parque Taguatinga (EPTG) ficarem ainda mais evidentes. O incidente do último sábado ocorreu nas proximidades do Viaduto Israel Pinheiro e manteve o trecho interditado durante todo o dia. O resultado foram horas de congestionamento em pleno fim de semana, se não bastassem as retenções de segunda a sexta, que revelam as falhas no projeto concluído em 2010.

A EPTG é a principal via de acesso a várias regiões do DF – Setor de Indústria e Abastecimento, Guará (incluindo Lucio Costa), Águas Claras, Arniqueiras e Taguatinga. Para o diretor do Departamento de Estradas e de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), Henrique Luduvice, a solução para desafogar as pistas seria construir dois conjuntos de viadutos nos pontos mais críticos. O primeiro, no acesso a Águas Claras e ao Park Way. O segundo, em outro acesso a Águas Claras, na altura do shopping DF Plaza e do centro universitário Unieuro.

Info JBr./Baggi

“É uma solução mais complexa e mais onerosa do que a existente”, avalia, ao mencionar o viaduto Israel Pinheiro, onde a árvore tombou. “Não há, hoje, previsão orçamentária para a realização dessas obras. Seriam gastos aproximadamente R$ 70 milhões em cada uma”, prevê.

Por outro lado, as ciclovias, projeto engavetado há anos, viriam para desafogar as faixas. “O governo está construindo uma ciclovia de 25 km na EPTG, visando a atender os aglomerados urbanos em torno dela. Haverá trechos nas laterais e no centro”, destaca Luduvice.

“A quantidade de habitantes em cidades como Águas Claras elevou-se e a quantidade de veículos idem. Portanto, há carência de espaço de deslocamento e estacionamento, além de entradas e saídas”, avalia o diretor do DER-DF.

De manhã até as 23h

Segundo o Corpo de Bombeiros, a queda da árvore ocorreu madrugada e ninguém ficou ferido, mas os motoristas que saíam de Taguatinga ou tentavam chegar ao Park Way encararam uma longa interdição. Os militares da corporação iniciaram a remoção por volta de 8h e ficaram no local até 11h. O trânsito na marginal só foi liberado por volta de 23h. Enquanto isso, motoristas trocavam xingamentos e buzinadas.

Viaduto Israel Pinheiro, onde a árvore caiu, é um dos pontos mais críticos da rodovia. Foto: Kléber Lima

Viaduto Israel Pinheiro, onde a árvore caiu, é um dos pontos mais críticos da rodovia. Foto: Kléber Lima

Escuridão engrossa lista de problemas

Pedestres e ciclistas se queixam das condições da via. A auxiliar de academia Adriana Ferreira Lima, 36, utiliza a passagem subterrânea entre Guará e Lucio Costa todos os dias, às 6h30 e às 12h30. “Fui assaltada há um mês, enquanto estava subindo as escadas, pela manhã. Um homem pediu meu celular e disse para eu não olhar para trás. Agora, passo aqui de bicicleta em velocidade máxima. É movimentado, mas esperam o pessoal passar para fazer o assalto”, relata.

Policiamento e iluminação podem garantir a segurança de quem transita pela passarela à noite, aponta Joebio Alves Morais, 29. Ele mora no Lucio Costa, mas trabalha em uma lanchonete no Guará. “Tem assalto direto aqui embaixo. É tão escuro que você não consegue ver o outro lado. Não recomendo que ninguém passe por aqui sozinho”.

O empresário Alexandre Paulino, 42, passa pela EPTG de carro todos os dias, nos horários de pico – às 6h e às 19h. “À noite é pior. Poderiam liberar a faixa exclusiva para os ônibus, que é subutilizada. Seria algo para fazer de imediato. Outra solução demandaria mais estudo”, sugere. O motoboy José Wilson, 26, acredita que o pior trecho é o viaduto Israel Pinheiro, no sentido Taguatinga-Plano Piloto. “É a parte mais tumultuada. A coisa fica feia. No congestionamento, é difícil passar pelos corredores. O balão perto da Unieuro é outro lugar ruim. Fica bem engarrafado, principalmente no fim de semana”, reclama.

Saiba mais

  • A operação de sábado no Viaduto Israel Pinheiro demorou porque a árvore era grande – precisou ser cortada em pedaços menores antes de ser recolhida.
  • Além do transtorno no tráfego, moradores ficaram sem energia elétrica. A árvore atingiu três postes, além de um semáforo.
  • Segundo dados da gestão de 2010, quando a EPTG foi reformada, 50% dos usuários do transporte público do DF trafegam por essa rodovia. Por isso a criação do corredor de ônibus no canteiro central, até hoje subutilizado.

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