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Brasília

Envolvido em tiroteio no Hospital do Gama contraria versão de vigilantes

Arquivo Geral

17/01/2019 20h41

Ladrões tentam roubar arma de vigilantes no Hospital Regional do Gama (HRG). Foto: Vitor Mendonça/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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O caso da suposta tentativa de roubo no Hospital Regional do Gama (HRG) ganhou uma reviravolta.  Em um primeiro momento, a versão dada por vigilantes era de que ladrões tentaram levar a arma de um dos profissionais da segurança. No entanto, horas depois, outra versão, de uma briga, chegou para embaraçar as investigações.

As versões contraditórias impediram, inclusive, uma prisão em flagrante. Segundo Sadi Jorge, delegado da 20ª DP, apenas um dos envolvidos esteve na delegacia para depoimento e deu seu relato. “Dois rapazes se encontraram no ônibus. Eles são inimigos desde a infância. No coletivo, eles começaram a discutir e um estava com a faca e partiu para cima do outro. Esse rapaz (o que prestou depoimento) levou uma facada no braço. Depois do corte, contou que desceu correndo do ônibus e foi em direção ao hospital. O outro também desceu e foi atrás”, afirma.

Conforme o depoimento, ao ver os dois homens, o vigilante armado se assustou e questionou o que estava acontecendo. “Ele pediu para pararem, mas, como não obedeceram, ele teria feito os disparos”, explica o delegado. Nesta versão, porém, o homem não esclareceu ao delegado como o outro vigilante se machucou. “Acredito eu que ele tenha sido atingido de raspão por um disparo do colega”, especula Sadi.

Tentativa de assalto
O Jornal de Brasília esteve na unidade de saúde. Ali, o vigilante Celso Nasário, 48 anos, afirmou que o segurança, identificado apenas como Onédio, foi abordado por dois homens, que tentaram roubar a arma. “Eles entraram em confronto. Na ação, ele (Onédio) levou uma facada na mão e o outro companheiro, que também estava na guarita, conseguiu fazer os disparos contra os homens. Foram dois disparos que atingiram cada um deles. Um no peito e outro no braço, ao que parece”, contou.

Nasário comentou que os homens já são conhecidos dos vigilantes. Um dos que tentou pegar o revólver mora no Pedregal (GO), mas passa o dia nas redondezas do hospital vigiando carros ou vendendo balas. “Na verdade, ele disse que faz isso, mas só perturba o nosso serviço. Muitos deles vêm para o hospital para dormir, passar o dia. Ficam constantemente”, afirmou.

Durante a conversa, o vigilante ainda relatou dificuldades no trabalho. “É uma profissão muito arriscada. Nossa maior dificuldade é com morador de rua. Eles sabem que temos armas e muitos já têm aquele pensamento de querer tomar nossa arma para cometer algum crime. Ano passado tivemos um colega que levou um tiro na boca, na portaria central. É isso que a gente vem enfrentando”, acrescentou.

O homem teme por sua integridade física e de outros colegas. “Estamos ameaçados. Um familiar de um atingido disse que voltaria para terminar o serviço que começou”, alertou.

Investigações
O próprio delegado reconheceu que a história estava estranha. “Em razão disso, não efetuei prisão em flagrante. Vamos encaminhar as apurações para a 14ª Delegacia de Polícia”, comenta. O vigilante atingido e o outro homem não puderam prestar depoimento, pois os dois estavam sendo atendidos no hospital.

No boletim de ocorrência, o caso é tratado como lesão corporal, mas ainda está “em apuração”. A arma de fogo e projéteis foram apreendidos.

Ponto de vista
De acordo com Gilmar Rodrigues, diretor do Sindicato dos Vigilantes (Sindesv), a maioria dos postos de vigilantes conta com profissionais armados. “Antes de a empresa contratar o serviço, ela faz um estudo de segurança do local. A maioria precisa. Hoje são poucos que não têm”, destaca. “Tentativas de assaltos de arma sempre aconteceram. No Riacho Fundo II, por exemplo, todos os postos estão sem armas, porque os bandidos as roubaram nos últimos cinco anos. O risco da profissão é grande. Meliantes estão sempre à procura de armas”, completa.

Caso semelhante
Na terça-feira passada (15), quatro homens, um deles armado, invadiram e assaltaram a Unidade de Acolhimento para Crianças e Adolescentes do Recanto das Emas (Unac II). O crime ocorreu no período da manhã, durante a troca de turno. Os criminosos renderam o vigilante, levaram a arma que ele portava e fugiram no veículo de um dos servidores da unidade. Segundo a Polícia Militar do DF (PMDF), os suspeitos levaram dois revólveres calibre .38, coletes e aparelhos celulares.

Um dos servidores que estava na unidade chegou a ser atingido por uma coronhada na cabeça. O veículo foi localizado pela PMDF, ainda na segunda, abandonado no setor de chácaras próximo à avenida principal da cidade. Dentro dele, os militares encontraram alguns aparelhos celulares. O caso foi registrado na 27ª Delegacia de Polícia, que investiga o caso.

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