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Brasília

Entrevista. Transporte do DF terá bilhete único em 60 dias

Arquivo Geral

23/08/2017 7h00

Atualizada 22/08/2017 22h01

Foto: Myke Sena

Eric Zambon
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O secretário de Mobilidade, Fábio Ney Damasceno, não é uma figura política, diferentemente de seu antecessor, Marcos Dantas. Assim, sua visão sobre a implementação completa do Bilhete Único em 60 dias e a previsão de não haver novos reajustes no preço das passagens até o fim do governo soam como análises e não promessas. Formado em Engenharia Civil, ele teve experiência na gestão do Espírito Santo antes de vir a Brasília e acredita que o cidadão do DF precisa “mudar sua cultura” para aceitar as mudanças.

O Bilhete Único foi uma promessa do governo que ainda não está implementada. Quando isso vai acontecer? Vai impactar no déficit do transporte?

Não vai ter mais déficit porque o custo já está implantado no sistema de bilhetagem. Hoje há dois sistemas: o Flex do Metrô, de uso exclusivo, e o Cartão Cidadão, que dá para andar nos dois. A grande vantagem do Bilhete Único é a diversidade no acesso ao crédito. Hoje, são oito postos de recarga e você não pode fazer isso no metrô. A ideia é passar para 45 postos de atendimento, em média, indo para Brazlândia, Planaltina e outros lugares onde não há postos de recarga, com a novidade de fazer recarga pela internet. Então dá para fazer uma parceria com BRB.

Mas e o prazo?

A previsão é de no máximo 60 dias o Bilhete Único estar implantado.

Existe data para o BRT estar 100% concluído?

Até o final do ano, mais duas estações ficarão prontas. Em 2018, as quatro estações restantes estarão operando com certeza. O projeto contratado vai estar executado no início de 2018, completo, e, esperamos, com a parte de tecnologia implementada, com informações de horário e toda a parte de informação.

Seu antecessor, Carlos Tomé, dizia que ainda não se podia chamar o BRT de BRT, pois só havia estrutura. E hoje em dia?

Ele foi bem construído, bem estruturado. Existem discussões de implantação, localização. As obras foram controversas, vocês acompanham, então isso dificultou a finalização, mas opera com uma velocidade alta, devido ao espaçamento grande de estações. Preparamos a licitação do trecho 3 e 4, que é aquela estação parada da Candangolândia, para fazer a integração com a W3 e depois o Eixão. Fizemos uma reestruturação no embarque do terminal Santa Maria, priorizando idosos e deficientes, e estamos adequando a operação como um todo.

O aumento do preço de combustível vai ser repassado ao consumidor na forma de reajuste no preço da passagem?

Estamos ainda fazendo avaliação, pois isso foi agora no mês de agosto e o impacto do diesel vem em setembro. Mas avaliamos que não exista nenhuma situação que justifique um novo aumento. Existe influência no litro do transporte individual, mas no transporte público ele se dilui, pois outros custos impactam mais, como salários dos motoristas e cobradores.

Quanto a isso, já tivemos greves ao longo do ano, como é de costume. Como está a situação de pagamento?

A data-base da categoria é em maio. É uma relação patrão-empregado e a atuação do governo é em paralelo, mas acompanhamos. Foi dado um reajuste de inflação para os trabalhadores e eles discutem ganho real. Tivemos poucas paralisações em comparação a outros anos e este ano deve transcorrer sem nova paralisação. Esperamos que na próxima semana o acordo coletivo seja fechado e isso seja resolvido.

Como vai estar a segurança do sistema de bilhetagem, tendo em vista os flagrantes recentes de fraudes em bilhetes de integração?

Em 2016 foi feito recadastramento dos estudantes. Havia muita fraude documental, como CPF de morto, então resolvemos isso. Depois fizemos parceria importante com a escolas privadas e públicas para que elas enviassem informações para nós. Hoje, não adianta fraudar o certificado, pois a escola manda a lista e saberemos se é verdade ou não. Assim, dos 290 mil cartões no início de 2016, hoje são 190 mil. É um processo que evolui, e agora estamos na segunda etapa, a de biometria facial.

A CPI dos Transportes recomendou a anulação da licitação dos ônibus, mas o governo não acatou. Qual a sua consideração sobre isso?

Temos que tomar muito cuidado num processo desse. São 2,7 mil ônibus funcionando e 12 mil funcionários. Numa crise como esta, imagina desempregar essa gente? Não podemos fazer algo que traga mais caos do que solução.

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