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Brasília

Eleitores de Bolsonaro se organizam para a posse presidencial

Arquivo Geral

14/11/2018 7h00

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Raphaella Sconetto
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Faltam 48 dias para o fim de ano e, consequentemente, para a troca dos governantes. No dia 1º de janeiro, Jair Bolsonaro tomará posse como o 38º presidente da República. Embora ainda não haja estimativas oficiais, admiradores do político se mobilizam e ousam dizer que a capital reunirá um milhão de pessoas para acompanhar a troca de faixa presidencial. Excursões e caravanas de todo o País se organizam para ver o novo presidente de perto.

Se depender do promotor de eventos Felipe Porto, 58 anos, a Esplanada dos Ministérios estará coberta de pessoas desde as 7 horas do primeiro dia do ano. Muitas, inclusive, aproveitarão a festa de Réveillon e ficarão pela área central de Brasília. Ele é o organizador do evento “Festa da Posse”, no Facebook, entre tantos outros encontrados na rede, que tem a confirmação de mais de 1,3 mil pessoas e 3 mil interessadas.

Para Porto, o número baixo pouco tem a ver com o alcance real. “O que percebi, ao longo dos eventos que organizamos em Brasília para Bolsonaro, é que a confirmação é baixa, mas o público que vai é grande. Isso mostra que nosso ativismo não é nas redes sociais, mas, principalmente, nas ruas. Faço questão de ir às ruas”, aponta. Ao falar da mobilização, ele emenda alguns dados que colecionou no período eleitoral. Foram 25 buzinaços, 12 manifestações e sete carretas que organizou e apoiou, além de duas festas nos dois turnos.

O apoiador, porém, admite que a divulgação está acontecendo nas redes sociais e, principalmente, nas 40 páginas que ele administra no Facebook, entre eles a “Fora Comunismo”, “Quem mandou matar Bolsonaro?” e “Abaixo a corrupção”. “Vai vir gente do Brasil inteiro. Só na minha casa vou receber 15 pessoas que vão acampar. Vêm parentes do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul. Como tem o réveillon, vamos emendar uma festa com a outra”, conta. “Como não vai ter hotel para todo mundo, estamos organizando acampamentos no Jockey Clube e em outros campings”, completa.

Plano ousado

No dia da posse, o promotor de eventos conta que providenciará carros de som, telões e tendas. A organização também pretende fazer arrecadação de alimentos não perecíveis para serem distribuídos a comunidades carentes do Nordeste. “Além da manifestação, vamos ajudar outras pessoas. O intuito é entregar nas cidades onde o PT mais teve votos. Para não ter nenhum problema, como suspeita de alimento contaminado, vamos pedir um documento de identificação e listar quem está entregando”, afirma.

Porto explica que já comunicou ao governo a respeito da manifestação. “Sei que é importante para prepararem o policiamento”, acrescenta.

Excursão para Brasília

O agente de viagens Edilson Pereira do Nascimento, 39 anos, está organizando uma excursão para Brasília para que admiradores do novo presidente possam acompanhar a posse de perto. O grupo sairá de Teófilo Otoni, município de Minas Gerais, que fica cerca de 1.100 quilômetros da capital. São quase 21 horas de viagem. “Vamos sair no dia 31 e voltar no dia 1º. É só para acompanhar a posse”, comenta.
O agente de viagens conta que passou a oferecer o passeio após a procura de pessoas interessadas. “Muitas pessoas vieram me perguntar se eu não tinha excursão para ir para Brasília. Resolvi montar a viagem por R$ 200 ida e volta e já tenho 37 pessoas interessadas daqui de Teófilo Otoni e cidades vizinhas”, afirma.

Além da posse de Jair Bolsonaro, o grupo aproveitará para conhecer pontos turísticos da capital, como os ministérios e monumentos da Esplanada.

Longas distâncias percorridas

De Niterói (RJ), 1,2 mil quilômetros de distância, o mecânico Arthur Castro, 36 anos, faz questão de presenciar a posse do presidente. “Já estive em Brasília duas vezes, mas nunca pude acompanhar uma posse. O Rio de Janeiro passa por uma situação difícil, criminalidade, desemprego. Poder estar em Brasília é comemorar uma vitória que ninguém acreditava. Bolsonaro foi eleito sem dinheiro, sem tempo de televisão”, alega.

Castro conta que a ideia de vir à capital surgiu em um churrasco na comemoração da vitória do segundo turno. “Começou com uma brincadeira de um amigo de São Gonçalo, mas já estamos fechando o segundo ônibus. Vamos em um grupo de mais de 110 pessoas. É bom porque reunimos as pessoas que trabalharam de forma voluntária na campanha e vamos nos unificar ainda mais”. O grupo sai às 23h do dia 30 de dezembro, chega a Brasília no final da tarde do dia 31 e retorna ao Rio às 16h do dia 1º.

Setor hoteleiro
A expectativa dos eleitores de Bolsonaro reflete na procura por hotéis em Brasília. Segundo Adriana Pinto, presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Hotéis (Abih), há hotéis com cerca de 40% da capacidade reservada – numa época em que a cidade costuma esvaziar. “Isso é muito bom. Nossas expectativas são boas e acreditamos que até o final do ano vai aumentar ainda mais”, aponta.
Para ela, a posse foi determinante na procura. “As reservas estão bem diferentes dos anos anteriores. Não tínhamos essa procura e saber que já estamos bem na primeira quinzena de novembro é um bom resultado”, completa.

Apartamento funcional
Na 202 Norte, onde Bolsonaro fica durante a estadia em Brasília, o clima é de normalidade. Porteiros e seguranças afirmam que a movimentação não mudou após a eleição. A psicopedagoga Carolina Cavalcante, 58 anos, sempre visita a mãe, que mora em um bloco em frente ao apartamento funcional de Bolsonaro. Ela considera que o novo presidente é discreto e que não dá para saber quando ele está ali. “É uma quadra muito tranquila. Até na época do Clodovil (ex-deputado federal) era mais movimentado”, brinca.


Programação

Embora o Planalto não tenha confirmado como será a posse de Bolsonaro, a Câmara dos Deputados publicou notícia na qual detalha o cronograma de praxe, com diversas cerimônias. A primeira delas é uma missa na Catedral de Brasília, pela manhã. O percurso até a igreja será acompanhado por batedores da Polícia do Exército e fuzileiros navais. Após a missa, o novo presidente desfila em carro aberto pela Esplanada até o Palácio do Itamaraty. O carro será o tradicional Rolls Royce, presente do governo britânico que recebeu em 1953.

No Itamaraty haverá um almoço às autoridades estrangeiras. Depois, também em carro aberto, o presidente e o vice-presidente se dirigem ao Congresso Nacional para sessão solene de posse. Empossado, Bolsonaro fará seu discurso e, na sequência, seguirá ao Palácio do Planalto, onde Michel Temer passará a ele a faixa presidencial.

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