Menu
Brasília

Drones vão flagrar sujões que espalham lixo pelo DF

Arquivo Geral

10/01/2018 7h00

Atualizada 09/01/2018 22h33

São Sebastião lidera a quantidade de lixões a céu aberto no DF. Foto: João Stangherlin

João Paulo Mariano
[email protected]

“Acho que esse lixão é mais velho que a cidade”. É com essa alegação que o pedreiro Airton Lima, 35 anos, tenta explicar quão antigo é o local de descarte irregular de lixo em São Sebastião, perto do ginásio São Francisco. Morador da região há 20 anos, ele convive com o problema desde que chegou à cidade, que completará 25 anos e é a campeã em pontos ilegais de descarte: 126 foram mapeados. O governo planeja usar drones para coibir o problema.

A situação se repete nas mais diversas partes da capital. Levantamento da Agência de Fiscalização (Agefis) mostra que existem 883 pontos críticos que devem receber mais atenção. Ceilândia e Samambaia ficam logo atrás de São Sebastião, com 114 e 109 pontos, respectivamente. Apesar da necessidade de fiscalização, o grande culpado pela sujeira é o próprio cidadão.

Airton Lima lembra que a limpeza do lixão próximo ao ginásio São Francisco foi feita há mais de dez dias, mas os despejos continuaram e, na semana passada, o local estava com tanto entulho como antes. De sofá, passando por restos de construção e cascas de pequi, era possível encontrar de tudo por ali. “Só nunca encontrei gente morta, mas já vi cadáver de cachorro e de boi. Fica um fedor enorme”, afirma.

A aposentada Maria do Carmo, 61, também se incomoda com o cheiro e se queixa da insistência das pessoas em descartar lixo no local errado. Ambos se preocupam com a possibilidade de proliferação de doenças, como leptospirose, causada pelo contato com fezes de ratos. Baratas e mosquitos são presenças certas.

Para complicar a situação, quando chove, a rua alaga e o lixo se espalha por todos os lados. A estrada é o caminho mais fácil para a região de chácaras conhecida como Zumbi dos Palmares.

Levantamento

A reportagem do JBr. encontrou outros pontos de entulho em São Sebastião, Plano Piloto e Ceilândia, entre várias cidades. O governo garante que o número de “lixões” varia com frequência, pois eles mudam de um lugar para outro, mas garante que a fiscalização é feita para combatê-los à medida que aparecem.

A superintendente de Fiscalização de Resíduos da Agefis, Adriana Moreira, afirma que o levantamento é feito tanto pessoalmente quanto com ajuda de georreferenciamento. Depois de identificado o local, a tentativa é saber qual o resíduo predominante e a quantidade despejada.

De acordo com Adriana, muitas pessoas criaram o costume de despejar o lixo em local irregular. Existe até uma tentativa de trabalho educacional, mas que não obtém sucesso total. Em São Sebastião, a Agefis constatou que a presença de carroceiros que abandonam o lixo no lugar errado é grande. E com a intenção de melhorar o espaço, a população coloca fogo nos rejeitos, trazendo o perigo de incêndios. “A gente procura orientar, mas existe uma falta de consciência muito grande”, lamenta.

Infrator pode levar multa salgada

A multa para quem descarta lixo em local irregular varia de R$ 89 a R$ 200 mil, a depender da quantidade e do perigo que o despejo oferece. A superintendente de Fiscalização de Resíduos da Agefis, Adriana Moreira, explica que, mesmo sem o flagrante, se houver a identificação do infrator, ele pode ser multado.

“Neste ano, vamos continuar intensificando a fiscalização. Queremos usar a tecnologia para auxiliar nesse processo. Drones vão identificar não só o descarte, mas de que forma ele ocorre”, comenta Adriana, que alerta que, ao contrário do que muitos pensam, o descarte irregular não é feito só pela população ou por carroceiros, mas por caminhões que deveriam fazer o despejo correto.

O serviço do papa-entulho, lançado com a intenção de incentivar o descarte correto, não existe em todo o DF nem recebe qualquer quantidade. Há sete unidades em Taguatinga, Gama, Planaltina, Brazlândia, Guará e duas em Ceilândia. O local pode receber até 1 m³ de lixo por dia por pessoa – equivale a uma caixa d’água de mil litros – de resíduos da construção civil, móveis, restos de poda, papéis, plásticos e metais que estejam separados e limpos. O material é repassado a catadores.

Versão oficial

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informa que a limpeza de pontos de descarte irregular ocorre semanalmente ou quinzenalmente, a depender da necessidade. A higienização é feita em todo o DF. As pessoas podem pedir o serviço diretamente na administração regional da cidade ou pela Ouvidoria do governo, por meio do telefone 162.

Em São Sebastião, perto do ginásio São Francisco e na quadra 1 do São Bartolomeu, a próxima limpeza ocorreria nesta semana. A pasta informa ainda que também há a opção de contratar empresa de transporte de entulho que dará o destino correto ao material no Aterro Controlado do Jóquei, o Lixão da Estrutural.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado