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Brasília

Dia Mundial sem Tabaco: Rede pública oferece tratamento para ajudar fumantes a deixar o cigarro

Arquivo Geral

31/05/2017 7h00

Atualizada 30/05/2017 22h05

Pacientes trocam experiências sobre a dificuldade de parar de fumar e recebem medicamentos. Foto: Ariadne Marçal

Daniel Cardozo
Especial para o Jornal de Brasília

Ainda há quem insista, mas são cada vez menos pessoas. O número de fumantes diminuiu na última década, o que também não deixou as autoridades sossegadas. No Dia Mundial sem Tabaco, o Jornal de Brasília mostra que existem possibilidades para quem quer largar o vício. O tratamento na rede pública é gratuito e ajuda pelo menos 60% dos participantes.

Em 2005, 20,3% dos homens fumavam no País. As mulheres fumantes eram 12,8%. Dez anos depois, os percentuais abaixaram para 12% e 8,3%. Ainda assim, ainda são 2 mil mortes anuais causadas pelo cigarro, apenas no Brasil.

O tabagismo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e 80% das doenças pulmonares. São estatísticas que deixam clara a necessidade de políticas públicas e esforços individuais.

A história da cozinheira Alaíde Conceição dos Santos com o cigarro começou há 63 anos. Com apenas oito anos, ela secava folhas de fumo para fazer o próprio cigarro. O vício evoluiu para produtos industrializados quando ela mudou para a cidade. Mas o baque veio nos últimos meses, quando uma irmã teve uma trombose por causa do tabagismo e precisou amputar a perna. “Fumava três carteiras de cigarro por dia. Um dos meus irmãos me pediu para parar de fumar e eu briguei com ele. Já estou conseguindo parar e tenho quero ligar para ele e fazer as pazes”, contou.

Um susto também ajudou o vigilante Cleiton Barbosa Ferreira, 35 anos, a começar o tratamento para largar o cigarro. O ataque cardíaco do irmão, seis anos mais velho, o fez refletir sobre a própria saúde. “Minha mãe me disse para olhar para meu irmão, porque eu passaria por isso se continuasse fumando. A vida sem cigarro já está mudando. Sinto mais disposição, recuperei meu paladar e não ando mais cansado”, comemorou.

Para ele, parar de fumar fará diferença até nas relações familiares. “Não estava mais segurando meu filho, pois ele ficava com cheiro de cigarro. Senti que estava cavando minha própria sepultura”, disse.

Depois de seis anos da primeira tentativa de largar o cigarro, o comerciante Vanderlei Sousa, 50 anos, passou a frequentar de novo o grupo de apoio antitabagismo. Dessa vez, é para valer. “Aqui temos um tratamento mais duro, mas é necessário. Quem quer parar de fumar não precisa de ninguém passando a mão na cabeça”, brincou Vanderlei, fumante há 36 anos.

Apoio do começo ao fim

Há quatro semanas, Alaíde, Cleiton e Vanderlei iniciaram o tratamento contra tabaco oferecido pela Regional de Saúde de Ceilândia. Nesse tempo, os pacientes trocaram experiências sobre a dificuldade de parar de fumar e receberam medicamentos como adesivos de nicotina e, dependendo do caso, antidepressivos.

O coordenador do Programa Antitabagismo da Ceilândia, Gilson Nunes, explica que a primeira etapa do tratamento dá mais ferramentas para que os pacientes sejam curados. “Quando o fumante começa a frequentar o grupo, ele percebe que tudo que está passando é normal. Desde o café que lembra cigarro até hábitos que levam ao fumo. Depois dessa etapa presencial, eles passam a vir aqui quando sentem a necessidade de conversar e tirar dúvidas”, disse o pneumologista.

Desde 2003 atuando na mesma unidade, Nunes se orgulha dos resultados. Pelo menos 60% dos frequentadores do grupo conseguem largar o cigarro. A média do Distrito Federal é de 45%.

Em 2016, as unidades que oferecem o tratamento antitabagismo atenderam 3,6 mil pessoas. São 300 profissionais capacitados para atender a esse tipo de demanda.

O coordenador do Programa de Controle de Tabagismo do DF, o pneumologista Celso Rodrigues da Silva, afirma que a capacitação dos profissionais consiste em convencer os fumantes do esforço necessário. “Maconha e álcool mudam comportamento de quem usa, mas o cigarro não. O usuário muda quando está sem a droga. Esse grau de dificuldade é extremamente importante para o fumante entender. A ausência da nicotina é que faz com que ele tenha medo de parar”, contou.

Pare de fumar

  • O tratamento é realizado em mais de 60 Centros de Referência em Tabagismo, distribuídos nas Unidades de Saúde do DF atendidas pelo SUS.
  • O tratamento é em grupo com quatro encontros semanais acompanhado por médico e equipe de saúde.
  • Trabalha-se o cognitivo-comportamental e medicamentoso, se necessário.
  • O paciente interessado em parar de fumar deverá ligar e fazer sua inscrição nas Unidades mais próximas da sua residência ou trabalho.
  • O paciente pode buscar mais informações nos telefones 3346.5770/3214-3801/3214.3813 e no e-mail [email protected]
  • Por ser gratuito, o tratamento costuma ter listas de espera.

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