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Brasília

Desemprego atinge recorde no DF e em 14 estados

Arquivo Geral

24/02/2017 7h00

Atualizada 23/02/2017 22h09

Foto: Kleber Lima

Eric Zambon, com agências
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A taxa de desemprego atingiu patamar recorde no Distrito Federal e em 14 estados no quarto trimestre de 2016, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBGE também calculou que o número de pessoas sem trabalho e subocupados atingiu 24,3 milhões no último ano. Dessa forma, a taxa de subutilização no País alcançou 20,6% da sua força de trabalho em 2016.

A quantidade de trabalhadores nessa condição — que reúne empregos precários e sem direitos trabalhistas — indica um aumento de 6% em relação ao terceiro trimestre de 2016 e de 31,4% frente ao quarto trimestre de 2015.

“O último trimestre do ano deveria ser de recuo na taxa de desocupação. O mercado de trabalho está mais favorável? Não. Se estivesse, não teria recorde em 15 unidades da federação”, ressaltou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Doméstica sofre

Só 32% têm carteira

  • A proporção de empregados domésticos com carteira assinada caiu para 31,9% no quarto trimestre de 2016, mostra a Pnad.
  • Um ano antes, no quarto trimestre de 2015, o total de domésticos com carteira assinada era de 33,3%.
  • “A crise também afetou a patroa. Você está com renda mais baixa e, se tiver empregado cinco vezes na semana vai ter que pagar todos os direitos, um custo maior. Você entra em acordo, vai ter a empregada só duas vezes na semana e aí não cria vínculo. Então ela trabalha como diarista”, disse Cimar Azeredo.

Alta de quase 2% na capital

Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal tiveram as taxas mais elevadas da série histórica.

Com aumento de quase 2% de desocupados entre o terceiro e quatro trimestre do ano passado, o DF foi a terceira unidade da federação que mais sofreu variação nesse período, igualada com o Amapá e atrás apenas de Tocantins (2,3%) e Maranhão (2,5%). No total de desempregados, a capital foi a nona colocada no Brasil, com taxa de 13,9%.

Assim, o DF contribuiu para que o Centro-Oeste atingisse a maior taxa de desocupação desde o início da série histórica, em 2012, pelo segundo ano consecutivo, com 11% no ano passado. O melhor resultado da região foi em 2013, quando, no quarto trimestre, o índice foi próximo de 4%.

Para o economista Roberto Piscitelli, o cenário ruim é resultado do enfraquecimento financeiro dos servidores públicos em Brasília. Essa classe seria a responsável por movimentar a economia local, carente de representatividade na iniciativa privada e na indústria, e estaria pouco confiante para investir. Sem esse dinheiro no comércio e no setor de serviços, a quantidade de empregos diminui.

“A política salarial do setor público está mais restritiva, com um quase congelamento de salários ou aumentos abaixo da inflação, e isso vem há alguns anos”, reforça o especialista. Ele analisa que a expectativa do cidadão precisa aumentar para turbinar a economia local e nacional, mas não vê solução a curto e médio prazo.

O economista ainda critica a estratégia do governo federal, de permitir o saque no dinheiro do FGTS. “O governo faz grande esforço de marketing para dizer que o País voltou a crescer, mas, na realidade, isso é parte de uma tentativa de induzir as pessoas a acreditar que a situação está melhor”, condena. “Eles querem que as pessoas comprem, tomem empréstimos e a gente sabe que isso aí é perigoso. A taxa Selic caiu, mas as taxas de juros do cartão aumentaram. São movimentos opostos”, resume.

Mulheres mais atingidas

O desemprego atingiu mais as mulheres do que homens. Segundo a Pnad, a taxa de desocupação entre mulheres no país foi de 13,8%, enquanto de homens foi de 10,7%. Em todas as cinco grandes regiões investigadas, a situação se repete.
No total de pessoas desocupadas no país — desempregados em busca de oportunidade — a maioria é de mulheres (50,3%).
A população negra e parda também tem mais dificuldade de conseguir emprego e, quando consegue, ganha salários mais baixos do que a população branca, segundo os dados da Pnad.

Desigualdade de renda

Também os mais jovens foram os mais afetados pelo desemprego. A desocupação entre jovens de 18 a 24 anos foi de 25,9%. No grupo de pessoas de 25 a 39 anos, a taxa foi de 11,2%. Já entre a população de 40 a 59 anos, o desemprego foi de 6,9%.

A renda média real recebida pelas pessoas ocupadas no País foi estimada em R$ 2.043 no quarto trimestre de 2016. O rendimento dos brancos era de R$ 2.660 (acima da média nacional), enquanto o dos pardos ficou em apenas R$ 1.480 e o dos trabalhadores que se declaram pretos esteve em R$ 1.461.

“É por isso que a gente precisa de políticas diferenciadas de inserção no mercado de trabalho para essa população. É uma população que tem dificuldade de entrar no mercado de trabalho e, quando se insere, tem condição mais precária”, afirmou Cimar Azeredo, do IBGE.

A taxa de desemprego das pessoas que se declararam de cor preta ficou em 14,4% no quarto trimestre de 2016, enquanto a taxa entre a população parda foi de 14,1%. Os resultados são maiores que o da média nacional, de 12%.

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