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Brasília

CSI DF: nova máquina da Polícia Civil revela até quatro vezes mais material de perícias

Arquivo Geral

19/11/2018 21h00

Instituto de Identificação da Policia Civil do DF adquire câmara de revelação de impressão digital em veículos. O custo do equipamento foi de R$ 1,4 milhão. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Rafaella Panceri
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) adquiriu, após licitação, uma câmara de revelação de impressões digitais em veículos. Com uma técnica que vaporiza e solidifica cianoacrilato em cima das digitais, ela promete revelar até quatro vezes mais material durante as perícias, em comparação com técnicas mais tradicionais. O investimento foi de R$ 1,4 milhão, com recursos são da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), vinculada ao Ministério da Justiça.

Localizada no Instituto de Identificação da PCDF, a máquina foi idealizada e projetada pelos papiloscopistas do Laboratório de Exames Papiloscópicos e demorou seis anos para ser inaugurada. O pregão eletrônico foi finalizado em setembro e a vencedora, Com Lab Partes e Serviços Ltda., cobrou R$ 1.468.800 pela construção.

Localizada no Instituto de Identificação da PCDF, a câmara custou R$ 1,4 milhão e revela até quatro vezes mais a impressão digital, se comparada a outros métodos.  Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

De acordo com a Polícia Civil, a câmara reveladora é a primeira da América Latina e já realizou seis perícias em um mês. Logo na primeira utilização, a máquina auxiliou os peritos a elaborar um laudo positivo. Eles constataram que as digitais encontradas no veículo periciado coincidiam com um suspeito de latrocínio cometido no DF.

A expectativa da polícia é de que, a cada mês, cerca de 15 carros passem pela máquina. Os automóveis fazem parte de um universo de 2 mil objetos periciados pela PCDF a cada 30 dias. A perícia em automóveis durava, em média, seis horas. Agora, demora apenas duas.

Perito papiloscopista demonstra digitais evidenciadas com uso de cianoacrilato em um saco plástico. O produto químico tem características semelhantes às da super cola. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Dimensão
O diferencial é a dimensão do equipamento. Por ter 3,8 metros de altura por 5 metros de largura e 1,9 metros de profundidade, ele permite a perícia em carros, motocicletas, lonas e outros objetos de grande porte. Antes, a técnica com cianoacrilato era usada apenas no interior do veículo. Na parte de fora, era feito empoamento — método que utiliza pó revelador e tem 25% da eficácia obtida com a nova câmara.

Os papiloscopistas da PCDF já tinham outras câmaras à disposição no laboratório. Menores, elas possibilitavam analisar digitais em objetos com a dimensão de, no máximo, uma bicicleta. Quando um automóvel precisava ser analisado, os policiais dividiam o processo em partes e complementavam técnicas.

Os papiloscopistas fotografam as digitais e procuram por características semelhantes em um banco de digitais. Assim, auxiliam na identificação de suspeitos de crimes no DF. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

A análise
Para que um veículo entre na câmara reveladora, ele precisa ter sido utilizado em algum crime. Via memorando, delegados de polícia solicitam a identificação de digitais nas superfícies do automóvel. Em seguida, elas serão comparadas com as do acervo da PCDF e indicarão a autoria do delito.

No Laboratório de Exames Papiloscópicos, os papiloscopistas posicionam o carro na câmara e iniciam o processo. O primeiro passo é adicionar cianoacrilato, um líquido semelhante à super cola, em pequenos aquecedores localizados nas paredes. O profissional fecha as portas e liga a máquina.

Começa o aquecimento — a 200ºC e com uma umidade relativa do ar de 80%, o cianoacrilato evapora e fica saturado na câmara. Conforme a temperatura fica mais baixa, acontece a solidificação do material em cima do carro. Finalizado o processo, o perito pode entrar no ambiente e fotografar as impressões digitais aparentes.

Se o carro for branco, por exemplo, fica mais difícil. Nesses casos, é adicionado um corante luminescente às digitais e o material é visto com auxílio de luz específica (semelhante a luz negra). Se o carro for preto, as impressões digitais ficam visíveis e o perito pode fotografá-las.

Chefe do laboratório, Marco Antônio Paulino demonstra a técnica. Na foto, ele adiciona cianoacrilato em um recipiente. O líquido é aquecido, vaporizado e solidificado sobre as digitais. Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília.

Benefícios
De acordo com o perito papiloscopista e chefe do Laboratório de Exames Papiloscópicos da PCDF, Marco Antônio Paulino, a construção começou no início do ano. Ele dá mais detalhes sobre a perícia. “Inicialmente, fazemos uma inspeção visual com lanterna para ver se já encontramos alguma impressão digital visível. Não estando, colocamos o veículo dentro da capela. É um grande avanço. A nossa média de identificação de digitais era de 50% até a aquisição da nova capela. Com ela, a taxa passou para 60%”, expõe.

Paulino destaca que, além do benefício da revelação de um número maior de impressões digitais, outro ganho é em segurança para servidor público que opera a máquina. “Ela é totalmente automatizada. Depois que os objetos estão dentro, ela só possibilita a abertura da porta quando está livre de gás”, conta. Nas câmaras menores, era o profissional quem entrava e saía do ambiente para controlar temperatura e umidade.

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