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Brasília

Comerciantes reclamam da falta de segurança na Asa Sul

Arquivo Geral

21/02/2017 7h00

Atualizada 20/02/2017 22h12

Comerciantes se protegem como podem, mas reclamam da falta de policiamento constante. Foto: Ariadne Marçal

Daniel Cardozo
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Não é difícil andar pela Quadra 308/309 Sul e perceber os sinais da violência. As grades estão cada vez mais reforçadas e o monitoramento por câmeras é uma constante, independentemente do tipo de estabelecimento. Comerciantes relatam casos quase diários de arrombamentos e a insegurança não dá trégua.

Quem está na quadra há mais tempo acredita que a escalada de violência se intensificou após a remoção do posto da Polícia Militar. Os comerciantes acreditam que apenas a presença do instrumento já intimidava as ações dos bandidos.

Em três dias, a loja Free Corner, de artigos esportivos, sofreu dois arrombamentos. Nessa segunda-feira, a porta da frente foi destruída e foram levadas pelo menos 120 peças. O prejuízo foi diferente na sexta-feira, quando o vidro lateral da loja foi quebrado e os ladrões não conseguiram levar nada. A providência imediata será a instalação de uma porta metálica mais reforçada, que custará R$ 25 mil.

“Se não fôssemos uma rede de lojas, provavelmente teríamos fechado as portas”, disse o gerente Ranílson Barros de Lima, que trabalha no mesmo endereço há cinco anos e, desde sempre, presencia a violência. “Antes, havia pelo menos o posto policial. Sem ele, as ocorrências aumentaram”, relembrou. No ano passado, o comércio também sofreu dois assaltos a mão armada, em momentos de abertura e fechamento da loja.

Saiba mais

  • Um assalto que terminou em assassinato chocou a Asa Sul nesse fim de semana. O corpo de Iago Guedes Gomes, baleado em uma parada de ônibus na 114 Sul, foi enterrado ontem. Ele e outras duas pessoas que aguardavam no ponto foram rendidas por uma dupla, mas Iago foi o único a reagir e ser ferido.
  • Até esta publicação, os assaltantes ainda não haviam sido presos.

Limpa no estoque

Na loja oficial do Flamengo, houve um caso parecido no dia 27 de janeiro. As portas foram arrombadas, e o estoque, levado. A vendedora Jaqueline de Barros afirma que são frequentes os relatos de violência. “Aqui ficamos muito tempo sem nenhuma ocorrência, mas também nos sentimos vulneráveis. Toda semana temos notícia de algum assalto ou roubo nas lojas aqui perto”, reclamou.

As lojas de materiais esportivos parecem ser os alvos preferidos dos ladrões, mas também houve ocorrências recentes em outros segmentos. Uma ótica foi roubada em novembro passado e também teve de recorrer a portas mais reforçadas. Praticamente todo o estoque foi levado. “Chegamos aqui e tomamos um susto. A loja estava toda revirada. Só não levaram dinheiro porque o caixa estava vazio”, disse a vendedora Nathane Duarte.

Com o fim do horário de verão, as funcionárias temem que a falta de luz natural no momento do fechamento traga problemas.

Todo cuidado é pouco

Em outro comércio, as precauções são as mesmas das lojas vizinhas. Portas de aço sobrepõem as vitrines, justamente pelo medo da violência. Uma vendedora que não quis se identificar até brinca com a situação. “Haja braço para fechar esse tanto de porta”, ironizou.

Mas a cautela se justifica, segundo a comerciária, uma vez que a sensação de insegurança se espalhou pela quadra.

Apesar dos relatos de violência, a Secretaria de Segurança Pública divulgou dado que aponta diminuição no número de roubos a comércio. Em 2015, foram registradas 139 ocorrências no Plano Piloto. Os crimes caíram para 105 no ano passado. Houve um total de 2.773 roubos a comércio em todo o Distrito Federal em 2016. Ainda não há estatísticas de 2017.

Em nota, a Polícia Militar afirma que priorizou o policiamento com motos por conta de maiores mobilidade e abrangência. Para a polícia, a reincidência é grande e isso provoca mais ocorrências.

“Temos casos de criminosos com mais de 20 passagens. Isto ocorre por conta de nossa legislação ser muito permissiva, principalmente nos crimes contra o patrimônio, que é o caso dos arrombamentos dos comércios”, diz o texto.

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