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Brasília

Com falsa promessa de emprego, homem usava redes sociais para estuprar jovens

Arquivo Geral

11/07/2017 6h30

Data:10-07-2017 Preso suspeito de estupro. Recanto das Emas Foto: Amanda Karolyne

Amanda Karolyne
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Foi apresentado ontem, na 27ª Delegacia de Polícia, o acusado de estuprar uma jovem de 19 anos, no Recanto das Emas. O criminoso dopou a vítima e a estuprou, no dia 12 de abril. A Polícia Civil investigava o caso desde então. O crime, praticado após o golpe “boa noite, Cinderela”, foi qualificado como estupro de vulnerável e o suspeito pode pegar até 15 anos de prisão.

Na última sexta-feira (7), saiu o resultado da perícia de dois copos encontrados no carro de Alex dos Santos Ribeiro, 31, no dia 18 de abril. Foi confirmada uma substância amarelada chamada clonazepam. O dono do veículo negou tudo. “Por isso ele foi apresentado a imprensa hoje, porque acreditamos que possam ter outras vítimas”, afirma o delegado Pablo Aguiar.

Alex usava as redes sociais, onde ele tinha um perfil falso que se chamava Keila, para abordar jovens que estavam em busca de emprego. “Tudo começou com uma mensagem de uma moça, em um aplicativo de bate-papo, me dizendo que havia vaga de recepcionista onde ela trabalhava, um laboratório”, explica a vítima”.

A jovem anotou todos os dados que “Keila” passava, trocou número de Whatsapp e enviou o currículo. “Quando marcamos um ponto de encontro na parada de ônibus de um mercado, ela disse que o supervisor é quem ia me buscar no local”, conta a vítima, que desconfiou disso. Uma amiga da jovem foi até a parada com ela e anotou parte da placa do veículo.

A vítima alega que ao entrar no carro, o supervisor, que se apresentou como “Carlos”, ofereceu um suco. “Ele falou que a ‘Keila’ tinha mandado ele me dar um suco e eu perguntei se tinha leite, porque tenho intolerância a lactose, e tomei”, relatou.

A última coisa de que ela se lembra, é de ter visto o prédio de um laboratório e, logo em seguida, apagou. Quando acordou, estava em um quarto com roupas de mulher jogadas por todas as partes, e estava seminua. “Acordei com muita dor de cabeça e ele me deu dois comprimidos pequenos e eu voltei a apagar”, destaca.

Denúncia
Ao acordar pela segunda vez, a vítima percebeu que estava sendo deixada na esquina da rua de casa. Mais tarde, ao tomar banho, sentiu muitas dores e resolveu ir até a delegacia com a amiga.

Segundo o delegado Pablo Aguiar, a vítima procurou a delegacia ainda sob os efeitos do golpe “boa noite, Cinderela”. “Ela chegou entorpecida pelo medicamento, dizia sentir muita dor nas partes íntimas, e foi encaminhada para o IML”, afirma.

“No dia 18 de abril foi localizado um veículo com as características fornecidas pela vítima e testemunha, e foi concluído que o carro pertencia ao estuprador”.

Saiba mais
Em abril foi criado uma comissão executiva formada pelas SSP/DF, Sedestmidh, e pelas de Saúde (SES) e de Educação e de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude (Secria) para juntas traçarem medidas que coíbam o estupro. Ceilândia é a cidade escolhida para o projeto piloto.
Desde 2009, todo e qualquer ato libidinoso passou a ser considerado estupro. Segundo levantamento da Segurança Pública, seis regiões administrativas concentram 56% dos registros. São elas Ceilândia, Samambaia, Gama, Santa Maria, Sobradinho e Taguatinga.

“Não serei a última”
O delegado Pablo Aguiar confirma que o perfil criado pelo suspeito com o nome de Keila é falso, mas que ele usou nome e fotos de uma pessoa que existe e trabalha em um laboratório junto com a mulher dele. “Ele usava a imagem dela para tentar atrair mulheres com a oferta de emprego e praticar o estupro”, completa. Para o delegado, existem ainda outras vítimas que não chegaram a entrar no carro, mas caíram no golpe.

A jovem de 19 anos diz que não deseja que isso aconteça “nem com o pior inimigo”. “Acredito que tenho que ser forte, porque não fui a primeira e não serei a última”, lamenta a jovem. “Tenham coragem de aparecer porque isso não é vergonha. Vergonha é o que um psicopata faz”, alerta.

O delegado destaca que os flashes que a vítima teve enquanto estava dopada, ajudaram a indicar a residência de Alex. Ele cometeu o abuso dentro da própria casa, e a mulher dele nunca desconfiou de nada. “Eu perguntei para ela se chegou a pensar que era casada com um psicopata, mas ela não imaginava”.

Alex usou de um álibi para tentar se livrar das acusações. Apresentando um atestado, ele alegava estar em uma clínica odontológica no mesmo horário em que o estupro aconteceu. “Mas depois de ouvir funcionários da clínica, e ver que os horários em que ele esteve lá não batiam, o documento foi invalidado”, diz o delegado Aguiar.

Balanço

De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, em junho deste ano, aconteceram 77 casos de abuso sexual, 16,7% a mais se comparado com o mesmo mês de 2016.

Das 77 ocorrências, 35 tem data anterior a junho. Ou seja, 42 ocorreram de fato no último mês. Em 78% dessas ocorrências, os crimes foram cometidos na residência da vítima ou do agressor.

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