Eric Zambon
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No terceiro dia de racionamento de água, o Gama foi a única cidade atingida. Conforme a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), o fornecimento para a região foi cortado às 8h de ontem e só será reativado na manhã de hoje. A empresa pública alerta que a normalização do serviço pode demorar até dois dias para acontecer.
Hoje, Águas Claras (zona baixa), C.A. Iapi, Candangolândia, Ceilândia Leste, Park Way, Núcleo Bandeirante, Samambaia, Setor de Postos e Motéis e Metropolitana, Vargem Bonita e Vila Cauhy terão o fornecimento de água cortado por 24 horas. A normalização do serviço, a exemplo do Gama, acontecerá nos dois próximos dias.
O comerciante Antônio Benvindo, que atua na cidade afetada ontem, reclamou que, sem água, “fica difícil trabalhar”. “Sem isso não tem como produzir muita coisa”, resume. Ele, no entanto, reconhece a importância da medida e garante ter adotado precauções para minimizar os prejuízos ao seu negócio. “Existem duas caixas d’água em cima do prédio. A gente junta também água nos baldes e nos galões para a manutenção do dia a dia”, revela.
De gota em gota
Segundo as informações no site da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), o nível do reservatório do Descoberto aumentou um pouco de terça para quarta-feira, passando de 19,55% para 19,73% da capacidade total. Essa variação, no entanto, está longe de afastar a necessidade de ampliação do racionamento.
Apesar de tanto a Adasa quanto a Caesb terem reforçado a importância do rodízio, o aposentado José Nonato da Silva está desconfiado. Em sua casa no Gama, ele afirma que “até quando vai ao banheiro, evita dar descarga para economizar água”. “Se (o corte) for só na casa dos pobres e dos mais necessitados aí é diferente. Tem que ver se na casa dos deputados e do pessoal da Caesb também está sendo cortado”, alfineta.
Polêmica na abrangência do rodízio
Pelas redes sociais, o Governo de Brasília tem recebido muitos questionamentos. Na página oficial no Facebook, por exemplo, uma postagem relativa ao rodízio recebeu 82 respostas. “Tambem acho injusto os bairros nobres não terem racionamento. Aqui (em Brasília) não era para faltar água, mas, infelizmente, até hoje não tivermos governo para fazer algo para a parte hídrica”, criticou uma usuária.
Na resposta, o governo admite que houve baixo investimento em “obras estruturantes, principalmente as voltadas para novas captações de água”, mas garante que a Caesb vai corrigir isso. “Não houve separação econômica para quem ia passar ou não pelo racionamento. A motivação é apenas técnica. As cidades abastecidas pela barragem que está em situação crítica passarão pelo rodízio”, informou.
O Instituto de Meteorologia (Inmet) afirma que, até ontem, havia chovido o equivalente a 68,2 milímetros por metro quadrado no DF. O órgão espera mais precipitações para chegar a 247 milímetros este mês e alcançar média histórica de janeiro. Mas não é possível precisar onde essas chuvas devem cair.
Chuva artifical descartada
Quando viveu situação parecida, o Governo de São Paulo recorreu a métodos alternativos para captar água. Um deles foi o investimento em tecnologia para criação de chuvas artificiais, que consiste no lançamento de substâncias que ajudam a formar gotas de chuva. A empresa brasileira responsável pelo processo, Modclima, foi contratada pela Sabesp para ajudar a reabastecer o reservatório da Cantareira.
Essa empresa entrou em contato com a Caesb e ofereceu seus serviços, mas teve sua proposta rejeitada. Segundo a companhia, “não houve interesse” na negociação, que poderia custar até R$ 1,3 milhão em três meses.
Programação para os próximos dias
Amanhã
Arniqueiras, Areal, CABS, Guará I e II, Polo de Modas, Lúcio Costa, SQB, CAAC, Taguatinga Sul, e Riacho Fundo I
Sábado (21)
Águas Claras (zona alta), Concessionárias e Taguatinga Norte
Domingo (22)
Ceilândia Oeste, Recanto das Emas e Riacho Fundo II
Segunda (23)
Colônia Agrícola Samambaia, Vila São José, Jóquei, Santa Maria, DVO, Sítio do Gama, Polo JK e Residencial Santa Maria, Vicente Pires,