Menu
Brasília

Chegar em casa é desafio diário para moradores do Taquari

Arquivo Geral

17/08/2018 7h00

Atualizada 16/08/2018 21h31

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
[email protected]

Poeira na seca e lama na chuva. Os opostos fazem parte da vida dos moradores do Setor Habitacional Taquari, no Lago Norte, que passam diariamente por cerca de um quilômetro de estrada sem asfalto. Nessa época de seca, eles reclamam da terra que invade as casas e carros e causa doenças respiratórias. Governo diz que um projeto está em fase de análise, mas não há qualquer previsão de quando as vias serão asfaltadas.

Segundo Rolant Vieira Júnior, prefeito comunitário da região, as reivindicações são feitas há pelo menos seis anos. “Desde 2012 está parado. Foi enviado um projeto por meio do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para a Administração do Lago Norte. De lá foi enviado ao Ibram (Instituto Brasília Ambiental) e ali parou. Fizeram exigências, que foram adequadas, mas depois não informaram mais nada”, relata.

Com a falta de resultados e as pistas se deteriorando cada vez mais, os moradores protestaram. Na estrada de terra, colocaram faixas chamando atenção da vizinhança. Uma delas diz que é um “descaso das autoridades com a comunidade”. Outra pede solução definitiva e ainda indica que a poeira tem causado doenças respiratórias.

“Precisamos que essa estrada tenha melhores condições. É uma via isolada. Os moradores evitam passar pelas próprias condições. Teria de pavimentar, estruturar, porque ou é poeira ou é lama. A pista é nossa ligação direta ao Lago Norte e facilitaria o acesso a mercados, comércio e lazer”, afirma o prefeito comunitário.

Durante esse tempo, todo recurso para realizar benfeitorias na via saiu do bolso dos moradores. “Nos juntamos para dar R$ 50 ou R$ 100. Melhoramos a estradinha para todo mundo usar, mas na hora de contribuir o governo não vem”, ironiza a moradora Jussara Gonçalves, 54 anos. “Tenho uma vizinha que anda com pano no rosto para aguentar a poeira enquanto caminha. Não dá para enxergar quando tem carro na frente”, completa.

“Melhoramos a estradinha, mas na hora de contribuir o governo não vem”, diz Jussara Gonçalves, 54 anos. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Venda complicada

Gustavo Silva Ramalho, 25, trabalha para uma imobiliária da região. Quando a reportagem esteve no local, ele fixava uma faixa de venda. “Estão vendendo uma chácara. Para ser bem sincero, a dona me disse que não aguenta mais a poeira. A casa é ótima, mas, infelizmente, a estrada para chegar é uma lástima”, confidencia.

O prejuízo vai além. “Meu carro está com amortecedor, suspensão e balança estragados. Não tem carro que aguente essa pista”, reclama. Morador de Sobradinho, ele tem o costume de usar a rota para cortar caminho. “Assim evito pegar a Epia (Estrada Parque Indústria e Abastecimento), que sempre está engarrafada”, destaca.

Para ele, a solução pode ser paralela a um asfalto. “Se o governo vier com a máquina, jogar um cascalho, e depois colocar só uma manta de brita e pó de cimento por cima, já melhoraria. É só compactar um pouco mais o solo”, sugere.

Ônus e bônus

A engenheira química Amanda Ohara, 36, procurava um local onde pudesse ter um contato maior com a natureza. Encontrou, mas não sabia que essa escolha traria prejuízos em menos de dois meses. “Rinite alérgica”, resume.

Ela conta que as crises pioraram quando se mudou. Além disso, aponta problemas nos automóveis. “Fica tudo destruído e sujo. A pista é irregular, tem aquelas ‘costelas de vaca’ que pulamos”.

Versão Oficial

Em nota, a Administração Regional do Lago Norte informou que realiza manutenções preventivas na estrada e que retornará ao local para verificar se há medidas urgentes a serem tomadas. No entanto, alega que o asfaltamento depende de licença ambiental, pois a via fica em uma Área de Proteção Ambiental (APA).

Por outro lado, o Ibram esclareceu que o licenciamento está em fase final de análises. “A licença é fundamental para prever os riscos e impactos ambientais e estabelecer as condicionantes”, argumentou. O instituto, porém, não deu prazos referentes a obras na estrada.

A reportagem procurou o DER, mas o órgão afirmou que a via não é de sua responsabilidade.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado