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Brasília

Casos de doenças de pele indicam chance de novo surto na Papuda

Arquivo Geral

23/01/2019 19h18

Foto: Raphael Ribeiro/Cedoc

João Paulo Mariano
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Inspeção do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, feita na primeira quinzena deste mês, identificou 180 presos do Complexo Penitenciário da Papuda com algum problema de pele. Um possível surto. Dado o histórico das infestações do local e o quadro de superlotação, a situação pode se tornar perigosa para quem está lá dentro – seja para um detido, trabalhador ou visitante.

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) e a Secretaria de Saúde negam que haja qualquer tipo de surto e que estão tratando os apenados, em especial aqueles que estão no Centro de Detenção Provisória (CDP), onde as contaminações estariam concentradas. Os familiares dos presos reclamam que a falta de fornecimento de material e de entrada de remédio facilita a proliferação dos problemas.

Devido à situação, o Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional (Nupri) do MPDFT emitiu um ofício no último dia 15 deste mês para que a Secretaria de Saúde tome providências para evitar novos casos, tais como a realização de um mutirão de atendimento; higienização das celas; e compra emergencial de Permetrina (loção para tratamento).

O Ministério Público também pediu que os visitantes tenham permissão para levar aos presos o medicamento Permetrina loção, que estaria em falta no sistema prisional. Para uma das integrantes da Associação de Presos, Egressos e Familiares (Apef), Darlana Godói, essa última situação vai trazer grandes benefícios para o sistema, já que depois da proibição de entrada de materiais de higiene e medicamentos, os casos de contaminação pioraram.

“A gente já sabia que isso ia ocorrer. Eles proibiram a entrada de remédio da pele. Só restabeleceram há pouco. Eles acabam utilizando os mesmos produtos de limpeza. Sabem o que tem que fazer para impedir esses problemas, mas não tem como. Daqui a pouco tem agente pegando a doença. O que acontece lá não fica restrito”, diz a familiar de um preso.

Sem surto ou epidemia

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe) da SSP informou que os casos de escabiose, tínea, furunculoses, micoses e impetigo diagnosticados no CDP “não caracterizam epidemia e já estão sendo tratados pela equipe médica do Núcleo de Saúde da unidade”. Na última triagem, que começou no dia 14 de janeiro e terminou nesta terça-feira (22), dos 1.502 internos verificados, apenas 55 apresentaram algum problema.

“Quando é identificado caso de doença de pele ou qualquer outro tipo de doença infecciosa, o interno é, imediatamente, separado dos demais para receber tratamento e a cela é higienizada com produtos químicos”, informou a pasta da segurança. No Centro de Detenção Provisória existem 3.587 internos.

Por sua vez, a Secretaria de Saúde assegurou que intensificou sua atuação após o ofício do MPDFT com triagens individuais, palestras e entrega de medicamentos para escabiose. A equipe de saúde do CDP seria composta por 25 servidores entre médicos, enfermeiros, dentistas e outras funções.

Divulgação / Doença pele Papuda – CDP

Histórico complicado

No início do segundo semestre de 2017, o Jornal de Brasília mostrou que as doenças de pele chegaram a contaminar 2,6 presidiários em cinco dos seis prédios – 17% dos internos. Teve até agente que foi infectado e precisou entrar de atestado para se recuperar.

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