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Brasília

Caso Natália: acusação desacredita que jovem tenha se afogado sozinha

Arquivo Geral

11/04/2019 21h07

Atualizada 30/04/2019 17h18

Natália Ribeiro. Foto: Reprodução.

Ana Karolline Rodrigues
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Mesmo após a Polícia Civil do DF confirmar a causa da morte de Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, como asfixia por afogamento, a defesa da família da jovem ainda acredita na possibilidade de um crime. Segundo nota emitida pela advogada Juliana Zappalá Porcaro Bisol, ainda que as escoriações e os arranhões no corpo de Natália tenham ocorrido após a morte da estudante, a possibilidade de homicídio não deve ser descartada, uma vez que, neste caso, poderia ou não haver ferimentos no corpo da menina. Além disso, para Juliana, o rapaz de 19 anos também deve responder pelo crime de omissão de socorro.

“Basta, por exemplo, que se “segure” a vítima até que se asfixie e se afogue. Basta essa ação e/ou uma omissão para se caracterizar um crime doloso, ou culposo, ou até mesmo uma omissão de socorro”, escreveu a advogada. De acordo com Juliana, muitos fatos envolvendo a morte de Natália ainda devem ser esclarecidos.

Para ela, é “estranho que os legistas não tenham realizado um exame toxicológico para outras drogas e apenas para álcool”, uma vez que tal exame poderia esclarecer se a jovem se afogou sozinha. “Parece que a investigação não está sendo feita de todas as hipóteses, pois, levantou-se no laudo a hipótese de estrangulamento, quando ninguém a cogitou, mas, até onde tenho conhecimento não foi requerido oficialmente o exame toxicológico para outras drogas (apenas álcool) tanto da vítima como do investigado”, disse.

Quanto à questão da embriaguez, a advogada ainda aponta estranheza com a “repentina recuperação de memória” do rapaz após saber da existência do vídeo em que é possível ver ambos dentro do Lago Paranoá. “Após tomar conhecimento de que existia um vídeo mostrando ele e a vítima no lago, imediatamente “se lembrou” de muitos fatos e detalhes”, considerou.

Ainda de acordo com Juliana, a questão de a jovem saber ou não nadar pode ser comprovada por fotos e vídeos que a mostram praticando mergulho. Veja, a seguir, as imagens citadas pela advogada:

Natália praticando mergulho em mar de Pernambuco. Foto: Reprodução.

Mergulho teria durado 45 minutos segundo assessoria da advogada Juliana Porcaro. Foto: Reprodução.

Família acredita em crime

Para o tio de Natália, Célio Ribeiro dos Santos, “não restam dúvidas” de que a jovem não se afogaria sozinha. Segundo informou ao Jornal de Brasília, a família da menina não concorda com resultado de afogamento apontado pelo laudo. “Nós nos sentimos muito abalados, porque esperávamos receber uma informação diferente, que ele seria culpado, e até agora não foi constatada essa culpa”, disse.

“Quando vimos o corpo dela no IML, vimos o rosto, a boca, o nariz com marcas pretas, a boca toda preta, lábios cortados. Até agora não tivemos acesso a filmagem, o delegado não apareceu para falar. Então, estamos muito preocupados, porque até pode ter sido afogamento, mas ele também pode ter segurado ela, ele pode ter afogado ela. A força de um homem com uma mulher é diferente. Nesse caso não ficam marcas. Ela não iria se afogar sozinha, quanto a isso não restam dúvidas”, considerou.

De acordo com Célio, os familiares da menina esperam agora que o jovem investigado responda por omissão de socorro. “Se eu vejo um cachorro no lago morrendo, eu iria lá para tirar, imagina um ser humano. Com certeza tem que ter algo de diferente aí, porque não tem lógica isso. Ele sai com uma pessoa e volta sozinho? Tem que responder pelo menos por omissão, porque deixou de socorrer ela e não chamou nem polícia, nem bombeiro, ninguém”, afirmou.

Quanto à mãe de Natália, o homem ainda relatou que a mesma não estava em condições de falar sobre o caso. “Minha irmã está sofrendo muito. Ela não está comendo, está chorando direto, muito abalada. Algo não está sendo esclarecido e ela está esperando o resultado final para ver o que vai constatar. Eu creio que Deus vai mostrar ainda a a resposta”, disse.

Em vídeo, a advogada Juliana Porcaro afirmou ainda que a família de Natália “não quer perseguir ninguém”, mas que deseja que sejam abordadas todas as hipóteses por parte das investigações. Veja:

Laudo

O Laudo Cadavérico foi divulgado pela Polícia Civil do DF, por meio da 5ª DP, nessa quarta-feira (10). Segundo os legistas, a causa da morte foi confirmada como asfixia por afogamento. Os exames demonstraram que as escoriações existentes no corpo da jovem ocorreram após a sua morte. Exames de tomografia não indicaram traumatismos. No entanto, a Polícia Civil ainda segue com as investigações e aguarda a complementação do laudo (exame toxicológico), bem como a juntada do laudo de local.??

Procurado, o delegado Alexandre Godinho, responsável pelo caso, informou que não iria atender a imprensa até a conclusão das informações restantes.

O Jornal de Brasília ainda procurou o defensor público do jovem investigado, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

 

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