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Brasília

Briga de gangues matou criança e jogador de futebol em Ceilândia, diz polícia

Arquivo Geral

29/05/2018 10h55

Reprodução

Jéssica Antunes
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As mortes da criança Maria Eduarda Rodrigues de Amorim e do jogador de futebol Cristian Henrique Nogueira de Lima estão vinculadas. Os dois foram vítimas de uma briga de gangues do Setor O, em Ceilândia, inflamada pela fuga de dois adolescentes de unidades de internação do Distrito Federal neste mês. De acordo com a Polícia Civil, menores tentam ocupar os cargos deixadas por adultos presos nos grupos conhecidos como Expresso 18 e 17 Terror.

“Atribuo as vidas perdidas às fugas do sistema socioeducativo. A situação das organizações criminosas estava fria, tínhamos controlado com a prisão dos maiores. A origem dos grupos foi por tráfico de drogas, mas hoje a questão é territorial. Quem mora em um lado pensa que tem que matar quem vive do ouro lado. Fazemos acompanhamento sistemático nas redes sociais, onde se vangloriam dos atos, para antever ações”, conta o delegado Ricardo Viana, chefe da 24ª Delegacia de Polícia.

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Segundo as investigações, no dia 9 de maio, um dos adolescentes, de 16 anos, fugiu da Unidade de Internação de Santa Maria e começou as provocações nas redes sociais. No dia 18, ele se juntou com um colega e entrou na QNO 18, onde pegaram um adolescente, colocaram dentro de um carro e deram várias coronhadas. Depois, o soltaram e ameaçaram dizendo que “o terror voltou”.

O recado foi encarado pelo grupo da QNO 18 como ameaça. Como revanche, eles foram até a QNO 17, onde cometeram o crime contra o jogador de futebol. “Ele não tinha nada a ver com o assunto”, garante o chefe da 24ª DP. Era 20 de maio, domingo, quando o rapaz de 17 anos foi atingido com um tiro na cabeça.

A vítima era o jogador de futebol amador Cristian Henrique Nogueira de Lima, que esperava um ônibus na parada, em companhia da irmã, quando foi abordado por dois homens de bicicleta. Os suspeitos teriam perguntado ao rapaz se ele estava envolvido na guerra existente entre os grupos. Um irmão de 15 anos de Maria Eduarda é suspeito de ter participado desse ato.

Delegado atribui crimes a fugas do sistema socioeducativo. Foto: João Stagherlin/Jornal de Brasília

Revanche

Na segunda-feira (21), mais um menor de 17 anos fugiu do sistema socioeducativo. Tido como adolescente de maior periculosidade do grupo, ele deixou a Unidade de Internação de Santa Maria às 11h. Mais tarde, o grupo roubou um carro e foram rumo à casa do suspeito de matar o Cristian.

Quatro chegaram no carro, munidos de três armas, no conjunto 30 da QNO 18. Os dois adolescentes, sentados no banco traseiro, efetuaram oito disparos contra a casa. “No local, viram o irmão do suspeito na porta da residência. Ele correu para dentro de casa, mas a criança estava brincando”, conta o delegado.

Caçula de cinco irmãos, Maria Eduarda foi morta com dois tiros. Ela passava o dia na casa do tio, Gerson Barbosa Lins, 39 anos, técnico de ar condicionado, e foi encontrada por ele no corredor da casa, ferida na cabeça e no tórax. Um irmão de 17 anos também foi atingido na perna. Ele também teria envolvimento com organizações criminosas, mas, naquele momento, não era alvo.

Periculosidade

Os suspeito chegaram a deixar a Distrito Federal. A PCDF foi ao interior de Minas Gerais em busca dos envolvidos, mas não localizou ninguém. No sábado, todos foram surpreendidos pela polícia em um carro de transporte por aplicativo que tentava sair novamente da capital.

Os dois adolescentes já haviam sido presos na 24ª DP. O mais perigoso deles, segundo a PCDF, foi apreendido em dezembro do ano passado e sentenciado por ato análogo ao crime tentativa de latrocínio contra um comerciante. O outro, estava cumprindo internação por tentativa de homicídio e roubo. Ambos tinham diversas passagens pela polícia.

A dupla foi recolhida mais uma vez ao sistema socioeducativo. Um terceiro adolescente foi apreendido e levado à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Os policiais ainda procuram Walisson Ferrerira da Silva, 21 anos. Ele é conhecido como Dedé e está foragido, com mandado de prisão preventiva em aberto.

De acordo com a Polícia Civil, o suspeito estava dentro do veículo no momento do crime. Ele é velho conhecido da corporação, com passagens por roubo e tráfico. “Nem de longe a periculosidade dele ele se compara a dos dois adolescentes”, informou o delegado.

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