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Brasília

Brasília se candidata a título da Unesco na categoria Design

Arquivo Geral

07/06/2017 7h00

Atualizada 06/06/2017 22h44

Foto: Divulgação

João Paulo Mariano
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Com seu horizonte a perder de vista e uma arquitetura de fazer inveja até a localidades mais antigas que ela, Brasília pode entrar no seleto grupo de cidades criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O GDF anunciou a candidatura na área do Design, ontem, e garante que se organizou para conseguir a façanha em outubro, quando o resultado será revelado. Os designers da capital estão animados com a possibilidade e acreditam que Brasília só tem a ganhar com o projeto.

Atualmente, 116 cidades em 54 países fazem parte da Rede de Cidades Criativas da Unesco (UCCN, na sigla em inglês) criada em 2004. Elas são divididas em sete categorias: artesanato e artes folclóricas, design, filme, gastronomia, literatura, artes midiáticas e música. A rede busca promover a cooperação internacional entre as participantes, trabalhar na colocação das indústrias criativas e culturais em foco no desenvolvimento local e firmar cooperações. Tudo deve ser planejado e pensado levando em consideração o desenvolvimento urbano sustentável.

O designer de móveis Aciole Félix é um dos muitos que trabalham pra levar seu ofício a outros países, tanto que já expôs em Milão e Paris, além de vários estados do Brasil. Admirador da arquitetura de Brasília desde criança, ele se inspirou nos prédios da capital e construiu uma linha de mobiliário que apresenta as formas das colunas do Palácio da Alvorada.

“Quem conhece outras cidades no mundo percebe que Brasília consegue respirar criatividade. Há preocupação com a arquitetura, com os espaços. De alguns anos para cá, vem crescendo um movimento de gente criando coisas novas aqui. Mesmo que ainda seja pouco explorado”, afirma. Para ele, a candidatura vai dar à cidade mais visibilidade e, consequentemente, mais possibilidades de negócios.

Félix está no mercado há dez anos e se formou em um celeiro de criatividade na arquitetura: a Universidade de Brasília. “Sempre levo para as exposições algumas peças que são relacionadas de forma direta ou indireta a Brasília”, diz.

Projeto

Se ganhar, Brasília deve ser a segunda cidade do Brasil a ter a titulação da Unesco na área do design. A primeira foi Curitiba, em 2014. Na América do Sul, junta-se apenas Buenos Aires, na Argentina. Em relação a outras categorias, Florianópolis (SC) e Belém (PA) são consideradas cidades criativas pela gastronomia, Santos (SP) pelo cinema, e Salvador (BA) pela música.

O secretário-adjunto do Turismo, Jaime Recena, destaca a importância do título, pois o marco pode ocorrer no mesmo ano em que Brasília comemora 30 anos como patrimônio cultural da humanidade, também referente à Unesco. Para Recena, a candidatura “reforça o caráter cosmopolita e internacional” da cidade. “Ela pertencerá a um grupo seleto de 30 cidades. Isso facilita a troca de experiências com outras iniciativas”, reforça.

Saiba mais

  • Em 2015, o GDF lançou a candidatura de Brasília como cidade criativa na área da música, mas a premiação não veio. Jaime Recena assegura que a preparação para a nova inscrição da capital no projeto da Unesco começou também em 2015. “Houve um dever de casa maior para essa investida. Estamos otimistas. O material apresentado é muito mais robusto e houve mais envolvimento”, alega o secretário-adjunto do Turismo.

Arquitetura compõe a identidade

A arquitetura marcante foi a primeira característica levada em consideração para a inscrição no projeto. Para o secretário Jaime Recena, essa faceta está presente na moda e até nos pratos apresentados pelos chefs de cozinha daqui.

Cristina Malheiros é uma das integrantes dessa área de conhecimento e tem orgulho do que se faz na capital. Ela tenta levar o nome de Brasília para todos os lugares que vai. A paixão é tão grande que, junto à Tatiana Petra e outros designers, criou a iniciativa Natural de Brasília, que inclui um selo voltado a produtos “genuinamente” da capital. A loja é uma pop up store – empreendimento que funciona de forma itinerante – que já passou pelo Liberty Mall em agosto e deve seguir para outro lugar.

A ideia surgiu em 2015 no Salão Brasil Criativo, evento que reúne a comunidade do design de todo o Brasil. Para ter o selo da loja, é preciso ter “Brasília no DNA”. Portanto, para Cristina, carregar o título de cidade criativa seria referendar que Brasília tem essa importante produção. “Brasília foi concebida com o design e carrega isso. É uma validação para o museu a céu aberto”, reforça.

Para ter a marca da Natural de Brasília, é necessário ainda produzir da forma mais consciente possível. Porém, a atenção não fica só no produto: “Tudo é pensado de forma bem humana, porque é preciso humanizar a cidade. Não é só política”.

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