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Brasília

Brasília rumo à casa do 3 milhões de habitantes

Arquivo Geral

02/12/2016 7h00

Ingrid e Guilherme aguardam ansiosamente a chegada do filho, que pode nascer neste fim de semana. Foto: Myke Sena

Manuela Rolim
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Aos nove meses de gestação, a recepcionista Ingrid Ohara de Almeida carrega em seu ventre um forte candidato a ser o brasiliense que vai superar o número de três milhões de habitantes da capital do País. Isso porque, no próximo domingo, a população do Distrito Federal vai ultrapassar essa marca, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e a previsão de nascimento de Bryan é no mesmo fim de semana.

Ainda que em processo de desaceleração, como no restante do Brasil, a população do DF cresce cerca de 60 mil pessoas a cada ano, taxa média de 2% anuais, exatamente o dobro da taxa de crescimento da população brasileira, de 1% ao ano (2 milhões de pessoas/ano). Em 2036, a expectativa é de que o número alcance a marca de 4 milhões. Já a Região Metropolitana, formada por 12 municípios goianos, está alcançando a marca de 1,2 milhão de habitantes. Seu ritmo de crescimento é ainda mais acelerado, perto de 3% ao ano, ou o triplo da média nacional.

Saiba mais

  • Com 4,2 milhões de habitantes, a Área Metropolitana do DF disputa a condição de quarta mais populosa com Porto Alegre e Recife, só superadas pelas regiões metropolitanas de São Paulo (21 milhões de habitantes), Rio de Janeiro (12,5 milhões) e Belo Horizonte (5,5 milhões).
  • Em 1957, o DF tinha 12.283 habitantes, segundo censo específico realizado pelo IBGE, e levou 22 anos para chegar à marca de 1 milhão, em 1978.
  • Já o número de 2 milhões de pessoas residindo no quadrilátero demorou 21 anos e foi alcançado em 1999.

Segundo a Secretaria de Saúde, no geral, são feitos cerca de 600 partos por mês. O Hospital Regional de Ceilândia (HRC) é a unidade que mais realiza o procedimento no DF. No entanto, nem todos os nascimentos são de moradores do DF. O HRC atende, também, pacientes de Goiás.

Orgulho

Aos 24 anos, a mãe do bebê citado acima está lisonjeada. “Isso torna a ocasião ainda mais especial. Assim como eu, meu filho será filho de Brasília e ainda pode representar um momento importante para a cidade que eu gosto tanto”, declara.

Emocionada, a moradora de Ceilândia e filha de pais nordestinos relata o orgulho que sente pela capital. “Nasci aqui, em Taguatinga, e toda a minha família foi muito bem acolhida. A geração mais recente tem orgulho de ser brasiliense e acredito que a honra do Bryan será ainda maior”, completa.

Na reta final da gravidez, Ingrid já sente fortes cólicas e ressaltou, agora mais do que nunca, o desejo de dar à luz no domingo. “Quero contar para ele. Sua infância será bem diferente da minha. Agora, de fato, temos uma metrópole”, afirma a recepcionista, que, com o companheiro Guilherme Ítalo de Castro, 22, já está com tudo pronto para a chegada do primeiro filho. “O quartinho está todo azul. O pai está mais ansioso do que eu”, acrescenta.

A expectativa é de que o parto seja normal. “Os médicos nos deram até, no máximo, segunda-feira, mas tenho fé de que ele virá antes. Minha gestação foi maravilhosa. Estou confiante”, explica Ingrid. Ela conta que a gravidez não foi planejada, mas recebida com empolgação em março. “Meu esposo queria muito ser pai. Durante o namoro, tive que parar de tomar remédio e aconteceu. É uma mistura de sentimentos, mas estou muito feliz. Agora, é só esperar a hora”.

Planejar o futuro é necessário

Para o presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya, o número é digno de comemoração. No entanto, o governo precisa utillizá-lo a favor dos moradores. “Temos uma cidade dinâmica e essa marca deve ser usada para impulsionar Brasília. Não é segredo que temos um mercado de consumo importante, mas falta política de industrialização. É hora de aproveitar para desenvolver ainda mais. Falta estratégia”, opina.

Miragaya explica que o crescimento acelerado coleciona motivos bem definidos, sempre relacionados ao elevado poder aquisitivo da capital. “Independentemente dos cargos e, principalmente nas funções mais simples, temos remunerações mais altas do que no restante do País. Além disso, temos um ensino de qualidade. Ou seja, é a qualidade de vida em Brasília que atrai tanta gente. São pessoas que chegam para ficar e constituir família”, completa.

Por outro lado, o presidente do Cofecon alerta para a preocupação com o aumento da demanda por serviços e geração de emprego. “A pressão sobre o equipamento público cresce junto com a população. Temos que gerar receita para atender as demandas por saúde, educação, saneamento, habitação e urbanização, que crescerão de forma acentuada”, ressalta.

De acordo com Miragaya, em 2025 a área metropolitana vai se juntar ao clube das cem metrópoles mundiais com população acima de 5 milhões de habitantes, sendo 3,5 milhões no DF e 1,5 milhão na Região Metropolitana.

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