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Brasília

Braço externo do PCC no DF usava tráfico de drogas para se fortalecer

Arquivo Geral

22/03/2019 14h32

Foto: PCDF/Divulgação

Tácio Lorran
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Membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Distrito Federal utilizavam-se de tráfico de drogas e roubos para se fortalecerem em Brasília. O grupo funcionava como braço externo da facção criminosa em São Paulo e recebia ordens de dentro dos presídios. Oito pessoas foram presas na manhã desta sexta-feira (22) no DF e em SP, em uma ação integrada da Polícia Civil. Segundo a corporação, o bando atuava ainda no aliciamento de menores.

A operação, batizada de Continuum, teve como alvo lideranças que ainda não tinham sido presas durante a Operação Fora do Ar, deflagrada em dezembro do ano passado pela PCDF. À ocasião, 17 pessoas foram presas.

Leonardo de Castro, delegado responsável pelas investigações, diz que todos os presos contribuíam de alguma forma para a facção. “A maioria contribuía com tráfico de drogas e outros com roubos. Entre eles, alguns eram responsáveis pelo alistamento de novos membros, incluindo menores e pessoas sem passagem pela polícia”.

A quadrilha estava tentando se enraizar no DF. Uma das estratégias utilizadas pelo PCC para aumentar o número integrantes e fortalecer a célula na capital federal era isentá-los do pagamento de uma taxa mensal, chamada ‘cebola’. Os valores são pagos por integrantes de todo o Brasil. Ao todo, oito pessoas foram presas, entre eles uma mulher. No DF, quatro prisões foram realizadas em Santa Maria. Outra no Sol Nascente e uma em Sobradinho II. Uma mulher permanece foragida.

Em São Paulo, os investigadores prenderam Marco Antônio, vulgo Sem-Juízo, que estava em uma favela de Osasco, no interior do estado. Ele era responsável pela organização da facção no DF, transferindo drogas e fazendo o cadastro de novos membros. Na casa dele foram encontradas anotações sobre o grupo de Brasília, com dados de todos os membros.

“Ele enviava drogas ao DF para que os faccionados as vendessem e obtivessem mais recursos”, explica o diretor da Divisão de Repressão a Facções Criminosas (Difac), Maurílio Coelho.

Durante as buscas, a polícia encontrou documentos relacionados à facção criminosa, como um certificado de batismo. Também foram apreendidos dois quilos de insumos para misturas de cocaína, algumas porções de maconha e aparelhos eletrônicos.

Foto: PCDF/Divulgação

De outros lugares

O diretor da Difac diz que o grupo tem buscado ‘se esconder’ em outros estados para tentar fugir das buscas no Distrito Federal. Ainda assim, ele garante que a polícia consegue encontra-los. “A gente tem percebido esse hábito de levar a outros estados as lideranças, com o intuito de fugir da polícia, mas isso não tem surtido efeito, tanto que hoje, numa favela em Osasco, foi efetuado essa prisão”, afirma Maurílio Coelho

Em outras operações, a PCDF buscou integrantes nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso. Desde 2014, cerca de 300 faccionados já foram presos.

O regulamento da facção oferece alguns benefícios aos criminosos, como advogados e cestas básicas para a família. Em contrapartida, os membros devem respeitar várias regras. Porém, a polícia identificou que essa troca acaba sendo mais um ônus do que um bônus para os novos integrantes.

Novas células

Mesmo com a prisão quase que total da célula do PCC no Distrito Federal, é provável que surjam novos membros, principalmente se tratando de menores de idade e pessoas sem antecedentes criminais. O delegado compara a situação com um câncer, “crescendo cada vez pior”.

O delegado Leonardo de Castro alerta sobre a transferência dos líderes de facção para o Distrito Federal, pois traz a possibilidade de um fortalecimento dos membros já existentes nos presídios, além de facilitar a vinda de membros de outros estados. A ação desta sexta-feira contou com o apoio do Ministério Público do DF (MPDFT) e da Polícia Civil de São Paulo (PCSP).

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