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Brasília

Bom exemplo: Mais chances de uma nova vida

Arquivo Geral

30/03/2014 8h00

Trilhar os dias na escuridão nunca esteve nos planos de Nailton Nunes Lima, 36 anos. Após o aparecimento de um tumor no cérebro, ele perdeu a visão, a audição e a capacidade de locomoção, aos 22 anos de idade. Com as limitações, o jovem teve que reaprender a viver. Trocou o sentimento de tristeza pelo desejo de superação. Dono de uma alegria contagiante, carrega o brilho nos olhos, típico de quem sabe que dias melhores virão.

Nailton é um dos nove participantes do programa Poeta (Parcerias para Oportunidades Econômicas através da Tecnologia nas Américas), voltado para pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade social. Em Brasília, o centro está sob responsabilidade da entidade filântrópica Obras Sociais Jerônimo Candinho.

Futuro

Para Nailton, estar vivo após três delicadas cirurgias para a  retirada do tumor é uma vitória coletiva. Sua família, especialmente seus pais, foram importantes aliados. “Eu sempre senti muita dor de cabeça e, quando descobriram, o tumor já estava numa fase avançada. Falaram que eu não resistiria, mas estou aqui”, relembra.

Apesar das dificuldades, Nailton conta que foi criado para ser perseverante. “Minha mãe descobriu que estavam oferecendo aulas para deficientes. Aí perguntou se eu podia me matricular e disseram que sim”, conta.  “Eu não escuto, não ando e não enxergo, mas sei que posso aprender muita coisa”. Com a conclusão do curso, seu maior desejo é ingressar no mercado de trabalho. “Quero trabalhar para ter a chance de ajudar meus pais. Eles abandonaram tudo para me ajudar”, diz.

Na nova fase da vida, Nailton conta com aliado especial: o pai Benedito Ferreira. Para estimular e acompanhar o filho, ele resolveu se matricular no mesmo curso. “Meu maior sonho é que ele volte a andar e melhore cada vez mais”, planeja.

Expectativas são as melhores

Nos sonhos de Benedito está o desejo de que a vida seja generosa com Nailton, assim como ele é com todos que vivem ao seu redor. “Ele me ensinou a amar. No nosso cotidiano, não tem espaço para a tristeza”, declara. Ele garante que o futuro profissional do filho é promissor. 

A perspectiva de Benedito vai de encontro ao que pensa a coordenadora Rozemere Oliveira, 46 anos. Segundo ela, a mudança no comportamento dos alunos é visível. “Eles chegam aqui abalados, pois muitas vezes estão mandando currículos e não recebem retorno”, diz.

Segundo a coordenadora, o curso faz com que os alunos vivenciem a experiência de encontrar um trabalho. “A gente explica que o curso tem o objetivo ajudá-los a achar uma vaga.” 

Adaptação

 

De acordo com Rozemere, a adaptação dos alunos no posto de trabalho é acompanhada de perto. “Fazemos uma visita mensal no trabalho por três meses. Caso não haja adaptação, ele volta para o nosso cadastro e procuramos outra oportunidade”, diz. “Estou confiando que a minha vida vai mudar. Nunca tinha conseguido um emprego, mas agora isso vai mudar”, diz o portador de epilepsia Antônio Saulo, 32 anos.

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