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Brasília

Bolsa para catadores do lixão da Estrutural é considerada muito baixa

Arquivo Geral

21/06/2017 7h00

Atualizada 20/06/2017 23h18

Foto: Myke Sena

Manuela Rolim
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Catadores do aterro do Jóquei, o polêmico lixão da Estrutural, ganharão ajuda de custo no valor de R$ 360,75 por até seis meses. A lei que cria a compensação financeira temporária até a implementação e o funcionamento dos centros de triagem foi sancionada ontem pelo governador Rodrigo Rollemberg. Os principais interessados, no entanto, não se sentem beneficiados pelo projeto. Pelo contrário. Para os catadores, o dinheiro é irrisório diante da perda na renda mensal das famílias.

Os 1,2 mil trabalhadores somente serão agraciados com a bolsa se saírem do aterro para os galpões, lembra o Serviço de Limpeza Urbana (SLU). De acordo com a diretora do órgão, Kátia Campos, o benefício deverá ser concedido a partir de agosto, quando os galpões estiverem prontos. “Até o momento, quatro estão praticamente finalizados. A bolsa é para incentivá-los a sair do lixão”, afirma. O projeto foi proposto pelo Executivo e aprovado em maio pela Câmara Legislativa.

Segundo o governo, a bolsa tem como propósito reparar os catadores pela redução da demanda de resíduos em função da desativação gradual do aterro. “Estamos fazendo um trabalho gradativo de desativação do lixão e queremos incorporar os trabalhadores de forma produtiva. Sonho com o dia em que as cooperativas de catadores vão poder fazer todo o processo de coleta, triagem e destinação dos resíduos. Queremos que essa separação seja feita em local adequado e digno”, declarou Rollemberg ao sancionar a lei.

Saiba mais

  • O governador Rodrigo Rollemberg também assinou contratos com 9 cooperativas e associações para os serviços de recuperação de resíduos sólidos. Os catadores, portanto, ainda terão direito a R$ 92 por tonelada comercializada. Essa é a primeira vez que o GDF paga pela tonelada de material reciclável separado por trabalhadores filiados às entidades.
  • Além disso, 1.450 vagas foram abertas na Fábrica Social, com bolsa de R$ 330. Para isso, os catadores precisam se dedicar a quatro horas diárias em algum curso oferecido pela instituição. Em janeiro de 2017, foi liberada outra bolsa de R$ 300 para quem tivesse 12 horas mensais de capacitação.

Na ocasião, o governador ressaltou ainda que vai reforçar a fiscalização. “Vamos monitorar para que o benefício seja recebido por quem efetivamente merece e tem direito”, completou. Para garantir a ajuda de custo, o catador precisa comprovar como fonte de renda principal a triagem dos resíduos, assim como se inscrever no cadastro único para programas sociais do governo federal (CadÚnico) e participar do processo de capacitação.

Há dez anos na profissão, o catador Edvaldo Espínola da Silva, 31, lamenta o cenário atual. “Hoje, eu recebo cerca de 50% a menos, ainda que trabalhando o dobro. Sei que essa ajuda do governo é um complemento, mas, de verdade, como sustentar uma família com esse valor?”, afirma. Ele garante que não quer sair do lixão. “Esse é meu emprego, é tudo o que eu tenho”.

A catadora Maria do Amparo Barcelar, 44 anos, compartilha da mesma opinião. “Antes, recebia R$ 300 por semana. Atualmente, comemoro quando o valor chega a R$ 100. Nossa renda despencou. Não acredito que R$ 360 seja uma ajuda digna”, finaliza.

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