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Brasília

Bicicleta elétrica é alternativa para circulação no DF

Arquivo Geral

24/09/2018 7h00

Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Lígia Vieira
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A tendência do uso de bicicletas elétricas, ou e-bikes, é observada no mundo inteiro graças ao aumento das ciclovias e ciclofaixas nas grandes cidades e à conscientização da população sobre o meio ambiente. O Distrito Federal, atualmente, tem 420 quilômetros construídos de vias destinadas aos ciclistas. Com isso, marcas brasileiras desse tipo de transporte alternativo estão se instalando na cidade.

Com protótipo desenvolvido no Brasil e produção em São Paulo, a startup Vela Bikes, criada em 2012, começou este mês uma expansão da marca com a instalação da primeira loja na capital . Segundo o fundador e CEO Victor Cruz, “é importante o consumidor testar o produto, poder dar uma volta, sentir a bicicleta e conhecer como funcionam os modelos”.

A empresa Lev também revende os modelos da marca na cidade. Há quase dez anos no mercado, a Lev surgiu após um de seus fundadores visitar a China. Foi lá que Bruno Affonso entrou em contato com essa tecnologia. Pensada para quem percorre médias e curtas distâncias, a bicicleta elétrica pode ser utilizada como “forma de se locomover de casa para o trabalho, por exemplo, ou então como complemento de modal, para aqueles que moram longe de paradas de ônibus ou de estações de metrô, e querem chegar aos transportes públicos”, explica Louise Alves, coordenadora de marketing da Lev.

O sociólogo e economista Jonas Bertucci tem cinco bicicletas em casa e há um ano utiliza a e-bike para percorrer pequenos trajetos. A ideia veio quando ele trabalhava no Setor Comercial Norte e, na hora do almoço, ao voltar para casa, necessitava fazer o trajeto sem transpirar. Além disso, na mesma época, Jonas precisou fazer uma cirurgia no joelho. A bicicleta elétrica ajuda, pois até hoje o economista não pode fazer muito esforço.

Apesar de ter que agora trabalhar em um empregão mais longe de casa, ele leva o filho de um ano e nove meses para a creche na bicicleta. Segundo Jonas, isso tem mudado a percepção do pequeno sobre a cidade. “Ele vai olhando os bichos, conversando e interagindo com as pessoas. É ótimo, porque no carro ele fica entediado facilmente”, conta o pai.

“Mão amiga”
coordenadora de comunicação da GIZ, Catharina Vale trabalha com mobilidade elétrica e, apesar de ainda não ter conseguido deixar o automóvel sempre em casa, vai e volta do trabalho de e-bike em alguns dias. Ela nunca tinha usado bicicleta como meio de transporte em Brasília e enxergava os modelos elétricos como uma prática para preguiçosos, porém se apaixonou e atualmente vê a alternativa como uma “mão amiga”.

Para Catharina, são muitas as vantagens do meio de transporte. “É um carro a menos na rua, gera menos gastos, é limpo e você passa a ter um olhar diferente da cidade, já que os veículos distanciam a pessoa da rua, do mercado local”. Mas, segundo ela, o sistema de ciclovias da cidade ainda precisa ser revisado. “Moro a 4 quilômetros da escola da minha filha, porém não consigo achar uma rota para fazer isso com ela na bicicleta de forma segura”, lamenta.

Fabiana Fedelis e o marido também utilizam as e-bikes para saídas, principalmente, com o filho. “Conseguimos levá-lo, carregar as coisas dele, as nossas, e a bicicleta permite transportar mais peso, sem afetar a performance”, conta ela. . Há quatro anos, o casal lançou a agência de cicloturismo urbano Camelo Bike Tour, que realiza três tipos de passeios ciclísticos para conhecer os pontos turísticos do DF.

Como 90% das pessoas que procuram o tour são turistas estrangeiros, os donos deram um novo uso para a bicicleta elétrica. “Os estrangeiros estão muito acostumados a utilizar a bicicleta no dia a dia. É muito comum, num grupo de turistas, ter alguns mais idosos e que possuem modelos elétricos para o seu uso cotidiano. Hoje, nossa e-bike é inteiramente dedicada aos turistas, e a um ou outro guia que necessite”, revela Fabiana.

“Conseguimos levar nosso filho, carregar as coisas dele, as nossas, e a bicicleta permite transportar mais peso, sem afetar a performance”
Fabiana Fedelis, dona da agência de cicloturismo urbano Camelo Bike Tour. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Incentivo para baratear os custos

De acordo com a professora Maria Rosa Abreu, do Departamento de Métodos e Técnicas da UnB, não há previsão para o governo brasileiro incentivar a transição de veículos que precisam de combustíveis fósseis para transportes elétricos.

“No grupo de estudos do qual faço parte, fizemos uma avaliação das propostas de candidatos à presidência sobre mobilidade urbana e vimos que não há inovação nas ideias”, observa. Ela destaca, no entanto, que mudar a forma de locomoção nas metrópoles é necessário, pois “tudo o que vem para ajudar a viver melhor é válido”.

Victor Cruz, da Vela Bikes reforça que, apesar do crescimento na procura pelo meio alternativo, ainda “falta incentivo fiscal para que haja uma maior redução de preços das bicicletas elétricas e fique mais fácil de as pessoas adquirirem”.

Ao fim, todos os entrevistados concordam em um ponto: é necessário começar a estimular novos meios de locomoção, para que outros sigam o exemplo e a cidade se adapte às novidades.

O economista Jonas Bertucci utiliza e-bike desde 2017. Ele leva o filho de um ano e nove meses para a creche na bicicleta. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Curiosidades

Atenção: é necessário pedalar! O motor das e-bikes é um auxílio para o ciclista fazer menos esforço no trajeto.

É preciso atingir no máximo 25 km/h para ser considerada bicicleta.

Em média, as baterias têm autonomia de 30 km.

Todos os cuidados de segurança de uma bicicleta normal valem para as versões elétricas. Então, é necessário o uso de capacetes, roupas chamativas e luzes para quem anda à noite.

As e-bikes não dão choque em contato com a água e podem ser usadas até na chuva.

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