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Brasília

Bancada do DF está entre as mais caras do Congresso

Arquivo Geral

17/03/2017 7h00

Atualizada 16/03/2017 22h52

Foto: Divulgação

Eric Zambon
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A austeridade financeira imposta ao cidadão não se reflete nos mandatos dos deputados e senadores brasilienses. As atuais bancadas do DF na Câmara e no Senado aumentaram sua utilização da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) em 13% e em 35%, respectivamente, de 2015 para 2016.

Somados os dois grupos de parlamentares, só no ano passado foram mais de R$ 3 milhões consumidos em água, café, viagens, hospedagem, assessoria e consultoria, dentre outras despesas ligadas ao mandato e manutenção do gabinete.

Os gastos dos oito deputados federais no ano passado totalizaram R$ 2,6 milhões, o equivalente a 90% do valor disponível para a bancada local. Foi o segundo maior percentual do Centro-Oeste e mais expressivo do que São Paulo, detentor de 70 cadeiras no plenário.

Os campeões de gastos nessa Casa foram Alberto Fraga (DEM), Izalci (PSDB) e Laerte Bessa (PR). Os três utilizaram mais do chamado “cotão” do que qualquer colega desde a última eleição. Em 2016, Bessa foi o líder do ranking, tendo gastado R$ 384.967,84. Em seguida, Fraga, com R$ 383.994,78, e Izalci, com R$ 370.163,77. Em 2017, o tucano assumiu a liderança. Até a última quarta-feira, ele já havia utilizado R$ 90.867,04, a maior parte em divulgação própria e consultoria “Ninguém trabalha mais que eu aqui na Câmara”, afirma. “Tem gente que gasta e não faz nada. Eu participo de cinco comissões, no mínimo. Sou vice-líder (do PSDB na Casa) e tenho que entender de tudo”, defende-se.

Torneira aberta

No Senado, Hélio José (PMDB), suplente do governador Rodrigo Rollemberg no Congresso, foi responsável por 70% dos gastos da bancada com a Cota em 2016, tendo utilizado mais de R$ 277 mil.

Há dez anos no cargo, Cristóvam Buarque (PPS) passou três de 2011 a 2013 sem mexer em um real, mas usou R$ 190 mil dessa verba em 2016, sete vezes mais do que ele havia consumido na soma dos seus oito anos anteriores no cargo. Reguffe (sem partido) tirou apenas R$ 3 mil desse recurso desde que assumiu, em 2015.

Hélio José, assim como Izalci, justifica os números elevados, em comparação aos outros dois parlamentares, pela carga de trabalho. Logo ao chegar, em 2015, ele gastou R$ 243,3 mil, mais do que a soma de todos os anos de Cristóvam, Reguffe e até de Rollemberg enquanto senador.

“A demanda é enorme. No Senado, minha agenda começa às 8h e termina meia-noite”, defende-se. “Tenho tanta coisa para analisar e temos tantos problemas no DF, com um governador inoperante, que temos de fazer todo tipo de trabalho para tentar salvaguardar algo para o DF”, aproveita para atacar seu titular do cargo.

Reações políticas elevam as despesas

O senador Cristóvam Buarque reconhece o aumento significativo no seu uso da Cota em 2016. Em relação a 2015, foram 91% a mais. Ele justifica o valor citando os ataques que sofre nas redes sociais desde que votou a favor do impeachment de Dilma Roussef, afastada em 31 de agosto do ano passado.

“Eu precisava organizar minha defesa. Para isso, contratei uma empresa que fez o trabalho. Eu resisti muito”, garante. O parlamentar ainda projeta continuar se valendo da verba para manter a atuação política. “Eu achava que o fato de gastar pouco era um exemplo, mas vi que estava jogando fora a chance de ter instrumentos melhores para resistir aos ataques. E por isso vou continuar investindo nisso”, assegura.

Gasto não nego

Na Câmara, ninguém demonstra constrangimento ao comentar as cifras do cotão. Segundo colocado do ranking parcial de 2017, com R$ 88.072,44 gastos, o deputado Fraga critica a maneira como esse tipo de dado é interpretado e garante gastar apenas o que é legal. “ Uso para informativos, que divulgam minha atividade parlamentar em vários locais, por exemplo. Vocês acham que ser deputado é só ficar no plenário? Nós temos trabalho, eu trabalho até meia-noite, 1h”, diz.

Segundo o democrata, por ser postulante ao cargo de governador do DF em 2018, ele não pode apenas “se esconder no gabinete”. “Eu tenho que ir para a rua e isso custa dinheiro. Não sou hipócrita nem demagogo. Enquanto houver verba prevista em lei vou usar da maneira que for melhor”, esbraveja, acrescentando ainda ser o deputado que “mais apresenta projetos”.

Laerte Bessa, o terceiro maior gastador do ano até a última quarta, com R$ 63.496,20, informou que as movimentações financeiras são controladas por sua assessoria. Por meio de nota, assegurou estar “dentro do limite legal”. “Os gastos referentes ao primeiro trimestre (de 2017) foram para prestar contas aos eleitores de sua atividade parlamentar”, complementa o texto.

Os federais mais econômicos foram Érika Kokay (PT), Rogério Rosso (PSD), e Ronaldo Fonseca (PROS). No entanto, todos tiveram gastos superiores a 2015.

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