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Brasília

Assaltantes lucram com roubo a caixas eletrônicos no DF

Arquivo Geral

08/12/2016 7h00

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Jéssica Antunes e Manuela Rolim
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Bandidos tiveram êxito em 70% dos arrombamentos a caixas eletrônicos registrados neste ano no Distrito Federal. Foi retirado dinheiro em 21 das 30 ocorrências registradas pelos órgãos de segurança, com montantes que variam entre R$ 2 mil e R$ 208 mil. Nesta semana, em três dias, terminais em Sobradinho, no Gama e em Samambaia foram alvo de criminosos. A suspeita é de que duas organizações criminosas estejam agindo na capital.

A região com mais ocorrências é o Plano Piloto, com oito casos. Em seguida está o SIA.

Na madrugada de ontem, moradores da Quadra 7 de Sobradinho foram acordados com o barulho da explosão de quatro caixas eletrônicos de uma agência do Banco do Brasil. Explosivos foram depositados em apenas um terminal, mas o impacto atingiu outros três. Acionado, o esquadrão anti-bombas analisou uma mochila deixada na agência, mas não foram encontrados explosivos não deflagrados. Não foi informada a quantia levada pelos criminosos.

Alavanca

Na terça-feira, o alvo foi um equipamento do Banco 24 horas localizado no supermercado Bella Via, na DF-001, no Gama. Uma alavanca, possivelmente usada para a prática do crime, foi encontrada e apreendida. Na segunda, o ataque foi a uma agência da Caixa Econômica da Quadra 116 de Samambaia Sul.

O crime ocorreu por volta das 4h e o sistema antirroubo do banco teria sido acionado antes mesmo de uma explosão. Não foram identificados suspeitos de nenhum dos casos. Para a Polícia Civil, pode haver uma nova organização criminosa especializada nesse tipo de crime.

Taxa de êxito alta

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social, 30 ocorrências foram registradas até o dia 21 de novembro deste ano. Foram 26 furtos, sendo 19 consumados e sete tentados, e quatro roubos. Em todos os casos, os autores utilizaram explosivos, maçaricos ou outros meios de arrombamentos.

A região com mais ocorrências foi o Plano Piloto, com oito casos no total. Destes, sete foram furtos — sendo cinco consumados e dois tentados — e um de roubo consumado. A segunda região com mais registros é o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), com quatro casos de furto consumado.

Estratégia da polícia

Em todo o ano de 2015, foram registradas 30 ocorrências de furto em caixas eletrônicos, sendo que em 17 foi retirado algum montante dos terminais. De roubo, foram 15 ocorrências: cinco tentados e dez consumados. Em 2014, foram nove furtos consumados e três tentados.

Números

  • Ataques neste ano
  • Ocorrências: 30
  • Furtos: 26
  • Furtos tentados: 7
  • Furtos consumados: 19
  • Roubos: 4
  • Roubos tentados: 2
  • Roubos consumados: 2
  • Total consumados: 21

A Secretaria de Segurança diz elaborar um estudo mensal que indica dias, horários e locais de maior incidência dos crimes. A intenção é “coibir a atuação de criminosos por meio da elaboração de estratégias de atuação: a Polícia Militar, no que diz respeito ao policiamento ostensivo, e a Polícia Civil, na investigação e na tentativa de desarticular quadrilhas especializadas”. A pasta lembra, ainda, que a Operação Redução dos Índices de Criminalidade (RIC) reforça o policiamento em todas as regiões do DF, por meio do remanejamento de policiais das áreas administrativas para as ruas.

A Federação Brasileira de Bancos diz acompanhar os ataques com “extrema preocupação”. “Nesses assaltos e arrombamentos, os criminosos usam força desproporcional, com armamentos pesados, de elevado poder de destruição. A ação de segurança necessária para fazer frente à violência empregada está fora de alcance das instituições privadas”, considera a entidade, que vê como necessidade combater as causas dos crimes impedindo acesso a explosivos, desbaratando as quadrilhas e dificultando o acesso ao produto do crime.

A federação afirma que houve, em 2015, investimento de R$ 9 bilhões no aprimoramento da segurança bancária e cooperação intensa com as autoridades encarregadas da segurança pública. Há parceria com governos, polícias e com o Poder Judiciário no combate à criminalidade. No ano passado, foram 393 assaltos e tentativas de assaltos no Brasil.

“Estamos falando de profissionais”

Atualmente, a Polícia Civil investiga a atuação de duas novas quadrilhas no Distrito Federal. Os grupos, no entanto, também são formados por criminosos de outros estados, conforme ressaltou o titular da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), Fernando César Costa.

Foto: Myke Sena

Foto: Myke Sena

“O fácil acesso a explosivos industrializados e o desenvolvimento de um know-how para a confecção de explosivos artesanais contribuem para que a prática seja cada vez mais recorrente”.
Fernando César Costa, delegado

Relembre

Quadrilha desarticulada

  • Em abril deste ano, a Polícia Civil desarticulou uma quadrilha especializada em furto de caixas eletrônicos. O grupo era suspeito de ter participado de ao menos dez ações e subtraído mais de
    R$ 400 mil de terminais rodoviários.
  • Para ter acesso ao dinheiro, o grupo não utilizava explosivos, mas ferramentas como martelos, alicates, maçarico e ferramentas hidráulicas.
  • Em novembro do ano passado, a PCDF prendeu cinco homens que integrariam outra organização criminosa responsável por 22 explosões no ano passado.

“Estamos falando de profissionais. Desde 2012, trabalhamos para reprimir as explosões de caixas eletrônicos e roubos ou furtos praticados mediante arrombamento e utilização de explosivos. São operações sistemáticas que exigem dos agentes 24 horas de envolvimento com o caso e investigações baseadas no uso eficaz de provas periciais”, relata o delegado. Ele destaca o policiamento ostensivo como uma das formas para combater e evitar as ocorrências.

Expertise

Costa explica o que leva o DF a ser escolhido como base operacional para esse tipo de delito. “O fácil acesso a explosivos industrializados e o desenvolvimento de um know-how por parte dos criminosos para a confecção de explosivos artesanais contribuem para que a prática seja cada vez mais recorrente. Além disso, a posição geográfica do DF é outro fator que favorece o ato. Estamos falando da área central do País, que recebe suspeitos de todos os estados, em especial de Minas Gerais e Goiás”, completa.

O delegado relembra a operação que desarticulou uma grande quadrilha em outubro do ano passado. “No total, 13 pessoas permanecem presas e seis gozam de liberdade provisória porque optaram por fazer delação premiada e ganharam a oportunidade de responder ao processo em liberdade”, afirma. Segundo ele, recentemente, um dos criminosos se envolveu em um confronto com a polícia e morreu.

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