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Brasília

Às vésperas dos Jogos Olímpicos, há elevadores e escadas rolantes parados na Torre de TV

Arquivo Geral

15/07/2016 7h15

elevadores da torre de TV – sem funcionar Data:14-07-2016 Foto: Renato de Oliveira

Eric Zambon
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A Brasília recortada pelas janelas quadradas do mezanino e refletida no painel de Athos Bulcão ainda é uma das versões mais belas da capital. Na Torre de TV analógica, no coração da cidade, turistas e moradores podem contemplar a vastidão de um ponto privilegiado, que está ameaçado por um problema: elevadores parados por falta de pagamento às empresas de manutenção desde o último dia 7.

Conforme um ofício do último dia 12, assinado pelo subsecretário de Infraestrutura de Turismo, Juliano de Freitas Costa, destinado para a Novacap, existem dois elevadores fora de serviço “por problemas mecânicos”. “A empresa responsável pela manutenção informou pendências de pagamento e que não irá mais prestar os serviços enquanto a dívida não for regularizada”, afirma, no documento.

O JBr. foi ao local e constatou que, na verdade, são três cabines com defeito, pois existe outra, também de acesso ao mezanino, que “funciona de vez em quando”, segundo os próprios funcionários no local. Dos dois ascensores na parte externa, utilizados por pessoas com dificuldade de locomoção, apenas um está adequado para uso.
“O negócio é que sábado e domingo forma muita fila e as pessoas têm de esperar no sol”, problematiza o engenheiro químico Ítalo Rafael de Oliveira, 28 anos, morador de Brasília há 15. Ele levou a namorada, natural de Anápolis (GO) e moradora de Valparaíso (GO), para conhecer o monumento e apontou outro inconveniente além dos elevadores: as escadas rolantes.

“Foi a primeira coisa que eu comentei e critiquei”, brinca Thayane Cristina Silva, farmacêutica, 24. Era a primeira vez da moça na Torre. Apesar de ter gostado da grandeza e beleza do lugar, pensou na comodidade dela e de outros turistas. “Se um lugar começa a dar muitos problemas desse tipo e forma muita fila, depois de um tempo as pessoas evitam”.

“Ausência de vontade para preservar”

Para o mestre em Arquitetura e Urbanismo e especialista nos monumentos da cidade Frederico Flósculo, o problema de falta de manutenção não é pontual, pois denota falta de vontade política para preservar a cidade. O que começa pequeno pode desencadear situações piores. “Temos aqui um problema gravíssimo de compreensão da cidade, do ponto de vista da gestão patrimonial e turística”, ataca.

Para quem é de fora deve ser mais fácil imaginar como um ponto turístico se torna pouco atrativo, mas o caráter icônico dos monumentos brasilienses sempre garantirá certo público. Para o especialista Frederico Flósculo, essa era a oportunidade de o governo fazer parcerias com empresas e com a comunidade para resolver os problemas mesmo com dificuldades financeiras.

“Qual o problema de ter os elevadores à exploração privada? Você pode ter uma empresa fazendo operação dos elevadores cobrando uma entrada, ou ela sendo subsidiada pelo governo”, sugere.
Ele cita lugares como o Empire State Building, em Nova York, onde existe também exploração comercial de telescópios, que permitem vista da megalópole. “As prefeituras comunitárias poderiam participar e fazer parcerias”, aponta.

Às vésperas de receber jogos de futebol para a disputa dos Jogos Olímpicos, é certo que a Torre de TV receberá muitos visitantes. Atualmente, são cerca de 60 mil por mês. Em sites de viagem, as avaliações do monumento são, em grande parte, positivas. A sua boa imagem, porém, depende de gestão, e de que as pessoas possam, de fato, subir para ver por si próprias.

Versão oficial

Apesar de o que está escrito no ofício da Subsecretaria de Infraestrutura de Turismo, a Novacap, que admitiu os atrasos nos repasses às empresas de manutenção, informou que os reparos não foram interrompidos.

Segundo a estatal, é preciso aguardar uma peça para colocar os elevadores internos de volta a uso. As escadas rolantes estão paralisadas “devido a atos de vandalismo” e é preciso esperar a compra de peça, sem previsão de data.

O elevador externo fora de uso também teria sido vandalizado. “A Novacap aguarda disponibilidade financeira para comprar as peças necessárias”, disse.

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