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Brasília

Após criança ser espancada, comunidade se revolta e suspeito foge da região

Arquivo Geral

30/08/2016 7h00

Atualizada 29/08/2016 22h45

Não sobrou quase nada do barraco em Samambaia, destruído por populares na noite do último domingo. Foto: Angelo Miguel

Manuela rolim
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O suspeito de ter espancado uma menina de cinco anos no último domingo, em Samambaia, já foi identificado pela Polícia Civil. O homem tem menos de 30 anos, não é nascido no Distrito Federal e, há pouco tempo, seria morador do barraco onde a vítima foi encontrada, ao lado da casa dos pais da criança. Apesar de permanecer foragido até o fechamento desta edição, a corporação garante que ele está perto de ser preso. Houve denúncia de que menina ainda teria sido abusada sexualmente depois das agressões, mas ainda não foram feitos todos os exames que atestem o crime.

Portanto, a investigação descartou que o suposto autor seja morador de rua, como foi informado pela vizinhança. “Sabemos que o pai dele mora no Maranhão e que a mãe já é falecida. Não temos conhecimento se tinha passagem pela polícia antes desta ocorrência. Parece que ele estava aqui (Samambaia) há dois meses. Estamos atrás do paradeiro deste homem”, acrescenta um policial da 26ª DP (Samambaia).

O crime revoltou a população, mas o agente enfatizou que não compete à comunidade fazer justiça com as próprias mãos. “Ontem (domingo), os vizinhos o procuraram na cidade inteira, foram até em um terreiro em Ceilândia. Vale lembrar que, se fizerem justiça, teremos de prendê-los também. Portanto, alertamos os moradores a chamar a polícia caso o encontrem”, afirma.

O policial lembra que a vítima, após receber alta médica, terá de ir ao Instituto Médico Legal (IML) para que seja comprovado, ou não, o estupro. “A médica que a atendeu no Hospital de Samambaia disse que não viu sinais de abuso. Mas só um exame mais detalhado oferecerá um resultado concreto”, conclui.

Saiba mais

Por volta das 18h de domingo, a menina, que estava desaparecida desde o início da tarde, foi encontrada em um barraco na QR 631, Conjunto 6, toda ensanguentada. A residência fica ao lado da casa onde ela mora com os pais e dois irmãos mais novos, de dois e quatro anos. Depois que o socorro chegou, populares atearam fogo no lote.

A criança está no Hospital Regional de Samambaia. Ela chegou a ser transferida para o Hospital de Base, mas já retornou para a unidade. A vítima continua muito machucada e seu estado de saúde exige atenção.

Abusos são frequentes

O Conselho Tutelar também acompanha o caso. Ontem, os servidores estiveram no local do crime para apurar os fatos. “É lamentável quando nos deparamos com uma situação como essa. A menina está cheia de hematomas. Ela está sendo acompanhada por uma assistente social e terá assistência psicológica, assim como o restante da família”, garante o conselheiro Adjanio Francisco dos Santos. Segundo ele, os pais da vítima não têm passagem pelo conselho.

De acordo com Agenildo Neri, outro conselheiro de Samambaia, ocorrências de abuso de menores são recorrentes na cidade. Somente este ano, de janeiro a agosto, foram registrados 1.265 casos no conselho. Destes, de 30 a 35% são referentes a abuso infantil, ressalta Agenildo. “É uma das nossas maiores demandas, além da drogadição nas escolas. Em geral, os parentes estão envolvidos”, finaliza o conselheiro. Por ano, eles atendem uma média de três mil casos.

Situação chocou vizinhança

Um morador da região detalha o momento em que achou a criança. “Fui o primeiro a encontrá-la. Ela estava deitada de barriga para cima, na cozinha do barraco, se contorcendo de dor. Tinha uma enxada ao lado do corpo. Ela estava vestida e com o rosto ensanguentado. Não vi sangue nas partes íntimas. Não sabia se estava morta, fiquei na dúvida. Ela estava completamente muda. Depois, vi que estava respirando com dificuldade e tinha pulso”, afirma o auxiliar de serviços gerais de 38 anos.

O homem relata que é comum vê-la por ali. “A criança ficava muito tempo da rua, solta. Estou indignado com a cena que vi. Os pais ficaram desesperados quando souberam do ocorrido”, completa.

Uma vizinha também presenciou o momento em que a vítima foi encontrada. “Meu cachorro não parava de latir para o barraco onde ela estava, foi quando comecei a desconfiar. A porta estava aberta. Eu não tinha ouvido nada, nenhum grito, nem barulho. Minhas filhas estavam brincando aqui na frente quando vi o homem saindo de casa. Depois, os pais da menina passaram procurando-a. Eles ficaram descontrolados quando a viram naquela situação”, conta.

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