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Brasília

Apoio a Temer expõe racha dentro do PSDB

Arquivo Geral

22/05/2017 6h00

Atualizada 21/05/2017 23h12

Foto:Divulgação/PSDB

Francisco Dutra
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Os tucanos ensaiam a revoada do governo de Michel Temer. PSDB está dividido ao meio. Parte da legenda, principal avalista do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), defende a continuidade da aliança. A outra banda do tucanato prega o voo imediato para a oposição. A decisão do partido será decisiva para o futuro da gestão tampão de Temer. O fracasso na tentativa de reunir lideres da base para um jantar ontem é um sinal inconteste do enfraquecimento do Palácio do Planalto, gerado pelos desdobramentos da delação do dono JBS, Joesley Batista.

“O partido está dividido. Nossa preocupação é chegar a um consenso. Ou fica todo mundo junto ou saímos todos juntos”, resume o presidente regional do PSDB, deputado federal Izalci Lucas. Ficar no governo representaria um esforço para retomar e concluir as reformas nacionais em votação no Congresso Nacional e reequilibrar a economia. O sacrifício também seria um movimento contra uma eventual volta do PT ao poder em eleições diretas.
Por outro lado, o voo para a oposição permite ao partido tempo para se reorganizar politicamente para as eleições de 2018. Afinal, a sigla amarga a desconstrução da imagem de um de seu principais lideres e potenciais candidatos à Presidência da Republica, o senador afastado Aécio Neves, também denunciado Joesley e apeado da presidência do partido.

“Tudo vai depender do que vai acontecer daqui para frente. Estamos organizando uma reunião da bancada para esta semana. A questão é a governabilidade do país. As prioridades do PSDB são as reformas e a economia”, explica Izalci.

A governabilidade não depende necessariamente da continuidade da gestão Temer. Segundo Izalci, a preocupação da sigla é apoiar um projeto com força para continuar com as reformas e o rearranjo da economia, com ou sem o PMDB. No caso de renúncia ou queda do presidente, o tucano é categórico: “Vamos exigir o cumprimento da Constituição. Apesar de tudo, as instituições estão funcionando”. Para o tucanato, a defesa das Diretas Já serve apenas reencaminhar Luiz “Lula” da Silva (PT) ao Planalto.

Saiba mais

  • Apesar do PSB ter anunciado a ida para a oposição, parlamentares governistas calculam que Temer ainda tem, aproximadamente, 15 votos dos socialistas.
    – Além disso, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, filiado da sigla, não anunciou a entrega do cargo junto com o partido.
    – Pelo Facebook, o ministro das Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes (PSDB), criticou a inclusão das investigações sobre a JBS na Operação Lava Jato, cujo foco inicial era a Petrobras. “Tudo isso é ilegal e não pode subsistir”, brada.
    – Caso do PSDB saia do governo, o DEM também deverá abandonar a base.

No Rio, nota pede saída

O diretório tucano do Rio de Janeiro não esperou o final da discussão cúpula nacional e voou do governo. Em nota oficial, assinada pelo presidente regional do PSDB, deputado federal Otavio Leite, a executiva fluminense declarou que a gestão Temer não tem mais condições de comandar o país. O manifesto pede a renúncia do presidente e o desembarque de todos os ministros do PSDB.

“Embora importantes avanços tenham sido alcançados (como a PEC do teto, controle da inflação, busca dos princípios da responsabilidade fiscal e retomada do crescimento econômico), o fato é que, diante das revelações provenientes da delação da JBS, entendemos que o presidente da República não dispõe de condições políticas e éticas para dissipar a grave instabilidade que impera no país e prosseguir liderando o processo de reformas que tanto necessitamos”, diz a nota da legenda.

O texto ainda propõe uma ação enérgica, caso Temer não renuncie. “E, que, na hipótese, de não se efetivar, requerer oficialmente o impedimento do presidente Temer no Congresso Nacional. São essas as providências que julgamos urgentes e necessárias”, crava o diretório fluminense.

Na leitura do cientista político Valdir Pucci, a preocupação central do partido é na reconstrução do ninho para as eleições de 2018. A morte política de Aécio Neves sepultou estratégias e contaminou profudamente a imagem da legenda.

Sobre a gestão Temer, Pucci lembra uma expressão da política norte-americana. “Se tiver uma sobrevida política será um governo capenga. Será o governo pato manco”. Sem musculatura, o Planalto não conseguirá votar as reformas.

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