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Brasília

Metroviários acatam decisão do TST e voltam ao trabalho

Arquivo Geral

25/08/2016 7h55

Atualizada 26/08/2016 7h04

Hugo Barreto

Douver Barros e Manuela Rolim
[email protected]

Os serviços do metrô estão restabelecidos a partir de hoje. Em assembleia na manhã dessa quinta-feira (26), os servidores decidiram acatar a determinação do Tribunal Superior do Trabalho e voltar às atividades. A greve foi a maior a história da categoria, com 72 dias. Nesse período, as estações funcionavam em horário reduzido, das 6h às 9h e das 17h às 20h30.

Os metroviários pleiteavam reajuste salarial, a contratação de servidores e melhores condições de trabalho. A categoria lamentou por não ter as demandas atendidas, mas disse que saiu mais forte para reivindicações futuras.“Vamos continuar procurando outras soluções para os nossos pleitos”, disse o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do DF (Sindmetrô), Ronaldo Amorim.

Para ele, o governo utiliza a Lei de Responsabilidade Fiscal para se eximir de atender as propostas. O sindicalista argumenta que a convocação dos concursados é a garantia para conter prejuízos, uma vez que as catracas deixarão de ser liberadas por falta de funcionários. “Nós estamos apontando diversas situações que não impactariam na LRF”, destaca.

Por meio de nota, o presidente do Metrô, Marcelo Dourado, lamentou os transtornos causados à população. Aos metroviários, ficou determinado o abono de um terço dos dias parados e o corte de um terço do salário durante seis meses. O restante será compensado em horas extras e doação de cestas básicas.

Faixas exclusivas

Com o fim da greve, as faixas exclusivas da W3 Sul e Norte e do Setor Policial Sul voltaram a funcionar normalmente à 0h desta sexta (26). Nas estradas parque Núcleo Bandeirante (EPNB) e Taguatinga (EPTG), no entanto, a liberação permanece até segunda-feira, quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) debaterá com a Secretaria de Mobilidade sobre o retorno.

Na manhã de ontem, ainda com o funcionamento limitado, passageiros enfrentaram transtornos para embarcar. Dois trens deixaram de circular depois que um apresentou falha no sistema elétrico e precisou ser rebocado, na estação Shopping. Com longos intervalos, os trens já saíam lotados do Terminal Ceilândia, dificultando o embarque nas estações seguintes.

A população se sentiu prejudicada com a greve. “Sabemos que todos têm os seus direitos, mas foram muitos dias. É sem sentido. Se está ruim, pede pra sair. E olhe que os salários deles não são os piores”, opina a analista de sistemas Clara Brigitte.

A bancária Mônica Lima conta que os amigos foram negativamente impactados: “Aqueles que trabalham em shoppings foram os mais prejudicados. Precisavam pegar ônibus e demoravam tanto na saída de casa quanto no retorno”.

Previsão de dias melhores

No fim da tarde de ontem, o movimento na Estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto, era intenso, porém, otimista. Passageiros comemoravam o fim da greve e se diziam aliviados pelo retorno do funcionamento normal do serviço. É o caso da moradora de Arniqueiras Estefânia Patrícia Moreira Passos, 22 anos.

“Não tem ônibus para o Plano Piloto da minha casa com frequência, o que complicou muito. Além disso, durante a paralisação, os trens ficaram insuportáveis de cheios e eu passo mal nessa situação. Estou feliz de poder voltar a circular com mais tranquilidade”, relata a caixa e técnica de suporte.

Para ela, apesar de justa, a greve atrapalha quem não tem culpa da situação. “Falta conversa, diálogo entre as partes. Enquanto isso, a população paga por esse impasse. Não dá para ficar justificando atraso no trabalho todo dia, chefe nenhum quer saber se o metrô está de greve. Fora isso, eu mesma tive que deixar de ir a muitos eventos aos fins de semana por falta de opção de transporte durante os 72 dias. O metrô faz falta em todos os horários. Sem ele, os brasilienses são obrigados a adaptar a rotina”, conta.

A mesma opinião tem o auxiliar de cartório Lucas da Silva Costa, 18 anos. Ele defende que qualquer prestação de serviço público deve ser impedida de parar. “Isso é um desserviço, sendo que o custo é nosso. Por isso, sou a favor da privatização de muitos serviços, inclusive o metrô”, opina o morador de Ceilândia.

O auxiliar também comemora o retorno dos servidores ao expediente. “O metrô é precário, e a qualidade, baixíssima. Durante o período de paralisação, então, o cenário era assustador quando eu tinha de ir para a faculdade, em Taguatinga”, lembra.

Saiba mais

Questionado pelo Jornal de Brasília sobre a logística para a reposição dos dias parados, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) informou que o “acórdão do julgamento ainda não foi publicado”.

 

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