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Brasília

Ao fim do semestre, mais de 10 mil livros não foram entregues a estudantes do DF

Arquivo Geral

28/06/2017 7h00

Atualizada 03/07/2017 18h10

Foto: Breno Esaki

Jéssica Antunes e Raphaella Sconetto
[email protected]

Mais de dez mil livros didáticos ainda não foram entregues a estudantes do Distrito Federal. Parte da remessa, que deveria ser entregue antes do início do ano letivo, teve um problema na distribuição e as aulas seguem prejudicadas. No Centro de Ensino Fundamental 12 de Taguatinga (CEF 12), por exemplo, a estimativa é que 140 alunos do 6º e 7º anos estejam sem algum dos sete exemplares que deveriam ter recebido. E o prejuízo é geral, já que os professores precisam usar estratégias para minimizar as perdas do conteúdo. O governo promete resolver o problema nesta semana.

De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), dos 1.794.552 livros encaminhados à capital pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), 10.270 não foram entregues porque “no processo de distribuição pelos Correios ocorreram sinistros de parte dos livros”. A distribuição é feita por meio de um contrato com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que leva os livros diretamente da editora para as escolas com acompanhamento da Secretaria de Educação. Aqui, a pasta não soube dizer quantas unidades foram afetadas com o incidente.

No CEF 12, em Taguatinga, os livros começaram a chegar em outubro e a previsão era que as estantes estivessem abastecidas até fevereiro, para que os materiais fossem distribuídos aos alunos no início das aulas. Em tese, cada estudante levaria para casa um exemplar de cada disciplina. Já no meio do ano letivo, ainda faltam livros de história, matemática, ciências, artes, inglês e, principalmente, português para parte dos alunos.

Saiba mais

  • Nesta semana, o Jornal de Brasília mostrou que o governo Rollemberg (PSB) permitiu a queda de R$ 819 milhões no gasto total em Educação, entre 2015 e 2016.
  • Segundo pesquisa do deputado distrital Wasny de Roure (PT), o Palácio do Buriti empenhou e liquidou R$ 6.8 bilhões para pagamento de pessoal, custeio, manutenção e investimentos na rede pública ao longo de 2015.
  • No ano passado, apesar dos problemas crônicos do ensino brasiliense, o desembolso global foi encolhido para R$ 6 bilhões. A queda percentual é de 11,8%.

Sem notícias

“Não sabemos exatamente se foi roubo, saqueamento ou incêndio, o que sabemos é que não chegou até agora”, reclama a diretora Annesley Montenegro Teixeira. A escola já recebeu três reclamações formais por meio da ouvidoria do GDF em relação a ausência dos livros. São pais inconformados com o prejuízo ao ensino dos filhos. Segundo a diretora, quando o trabalho em sala de aula é mais direcionado ao livro, a coordenação tira cópia das páginas. Não é raro, porém, ter que comprar papel ou pedir doações para que isso aconteça – a unidade recebe resmas de folhas em bimestres alternados.

Situação é uma realidade

Apesar do caso do sinistro ser atípico, o Sindicato dos Professores avisa que a falta de livros nas escolas públicas da capital é uma realidade. “É uma reclamação antiga e constante. Infelizmente não houve um planejamento adequado por parte do governo para resolver essa situação no início do ano letivo, que seria o ideal. Estamos no meio do ano e infelizmente há várias escolas em que faltam livros de algumas disciplinas ou não há livros para todos os alunos”, denuncia Samuel Fernandes, diretor do sindicato.

Com isso, professores usam estratégias de estudo em dupla ou em grupos, imprimem ou tiram cópia de partes dos livros, apelam para o quadro negro e evitam passar atividades para a casa que dependem de livros. As avaliações também precisam ser diferenciadas e pensadas a partir do conteúdo que é possível passar de forma oral em sala de aula.

“Atrapalha o trabalho do professor, até porque muitas escolas não têm laboratórios, não têm bibliotecas e faltam papéis para rodar material. Muitas das vezes o único recurso é o livro didático. Então o professor se desgasta ainda mais e perde tempo da aula copiando no quadro para posteriormente explicar. É muito prejudicial aos alunos”, opina Fernandes.

Versão oficial

A Secretaria de Educação confirmou que a carência de livros didáticos no Centro de Ensino Fundamental 12 de Taguatinga deve-se a um sinistro ocorrido com uma carga.

“O gestor da unidade escolar já solicitou, por meio da Plataforma PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) Interativo, os exemplares para suprir tal carência”, informou a pasta, garantindo que há previsão de entrega de livros didáticos ainda nesta semana.

Conteúdos eventualmente perdidos podem ser repostos, segundo a Educação, se os gestores considerarem que há necessidade.

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