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Brasília

Alunos fazem campanha para professor conseguir doações de sangue

Arquivo Geral

23/01/2019 18h47

Professor Carlos França. Foto: Arquivo Pessoal.

Ana Karolline Rodrigues

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Professor conhecido em Brasília, Carlos França, 66 anos, precisa fazer um autotransplante de células-tronco da medula óssea para tratar um câncer descoberto em agosto do ano passado. Para poder ser submetido ao procedimento, o professor de História do Centro Educacional Sigma necessita de doações de sangue. Como forma de ajudá-lo, professores, alunos e ex-alunos fazem uma campanha pelas redes sociais para conseguir as doações necessárias.

Há 36 anos lecionando História e, há 26 no colégio Sigma, França considera que dar aula é atividade que mais gosta de desempenhar. “A coisa que me realiza e me deixa feliz na vida, o que me faz respirar todo dia é dar aula”, afirma. Além da formação em História, ele também é formado em Direito, atuando como advogado da área trabalhista. Dentre diversas formações de França, ele conta que também é pós-graduado em História da América, bacharel em Geologia e mestre em Educação pela UnB.

Em agosto de 2018, o professor do Sigma descobriu que estava com um linfoma de células do manto (LCM) e, no mesmo mês, começou a quimioterapia. Após seis sessões, finalizadas na última sexta-feira (18), ele agora precisa fazer o autotransplante de células-tronco e será internado no próximo dia 2 para começar o tratamento. “Minha coluna não está mais produzindo as células como deveria. Então, vou me internar para retirar célula tronco, que será congelada. Após três a quatro dias de internação, eu saio e depois volto para me internar definitivamente e fazer o autotransplante”, explicou.

O processo chamado de imunoterapia tem como objetivo potencializar o sistema imunológico do paciente, de forma que seu próprio corpo possa combater a doença. Assim, no chamado transplante autólogo, serão retiradas células-tronco da medula óssea do professor, que serão tratadas, congeladas e, em sua seguinte internação, implantadas novamente. “Elas vão ser retiradas e comparadas com os vários exames que já fiz, que identifica as células sadias e as ‘planta’ de volta”, acrescentou.

Carlos França à esquerda e, à direita, o professor de Geografia do colégio Sigma Marcos Bau, em janeiro deste ano. Foto: Reprodução/Facebook.

Campanha

Para realizar o tratamento, o professor, que precisa de doações de sangue O+ ou O-, não pede apenas por pessoas com o sangue compatível com ele, mas sim todos que puderem doar e ajudar outros que passam por situação semelhante. “Além de mim têm todos os pacientes que precisam do mesmo processo. Então eu falo para quem quiser me ajudar, ajudar também outros seres humanos que passam pelo drama que eu, porque esse sangue não vai ser usado só por mim”, afirma.

Segundo Carlos França, apenas nesta semana, já foram mais de 40 pessoas ao Hospital Brasília realizar a doação de segue. Para ele, a gratidão é “extrema” a toda ajuda que está recebendo. “Tem outras duas faculdades em que eu trabalho que não pagaram nada pra mim desse tempo. Eu ligo lá, mas nada. Mas os diretores do Sigma foram extremamente generosos e cumpriram todos os preceitos legais, sempre me assistiram”, contou. “E também deixo meus agradecimentos ao extremo aos mais de 350 alunos e ex-alunos que já se manifestaram e me ajudaram”, comemorou.

Exemplo

Para a estudante de Direito da UnB e ex-aluna do Sigma Gabriela Ozanam, o antigo professor é um exemplo como profissional e como pessoa. “Carlos França foi um professor que inverteu expectativas. Pareceu muito ríspido em um primeiro momento, mas conseguiu deixar claro, nos dois anos em que tive o prazer de assistir às suas aulas, que esse semblante traduzia-se em forte compromisso com a boa formação de seus alunos. Além disso, o professor que deixou diversas mensagens de incentivo e confiança no período em que fui sua aluna e, ainda, depois do meu ingresso na Faculdade de Direito da UnB. Lembro com carinho de suas aulas, tendo sempre admirado a vastidão de seu conhecimento e inteligência, bem como de seus bordões; da magnífica orientação e conforto que recebi quando, insegura, simulei junto ao projeto Sigma Mundi e das visitas ao Superior Tribunal de Justiça, organizadas e conduzidas pelo professor. Episódios esses que, em conjunto, aqueceram meus sonhos, possibilitando minha chegada aos anos finais do curso”, disse em um texto sobre o professor.

Sobre a campanha, a ex-aluna do colégio pede por mobilização para ajudar o professor e também outras pessoas que precisam de doações de sangue no Hospital Brasília. “Com toda minha gratidão e estima, peço, a todas e a todos, que nos mobilizemos numa corrente em prol da saúde de Carlos França e de tantos outros pacientes que necessitam das doações de sangue, ora doando, ora espalhando a mensagem com os conhecidos, no boca a boca, e por meio das redes sociais. Parece pouco significativo, mas não é! Pelo contrário. Assim, conseguimos alertar as pessoas que não têm conhecimento das circunstâncias e chamá-las a exercer essa boa ação”, concluiu Gabriela.

Gabriela Ozanam e o professor Carlos França em evento Sigma Mundi, em 2014. Foto: Arquivo Pessoal.

Otimismo

Apesar dos processos e exames que tem que realizar atualmente, o professor se afirma confiante e otimista com os tratamentos que devem vir. “Agora eu estou fora do hospital fazendo os exames, o que tem me mantido são essas transfusões quase semanais. Saio na rua de máscara, não posso dirigir. Mas dia 30 é o último exame, vou tirar mais material da coluna e comparar com a biópsia de agosto. Então ainda tem duas etapas para eu vencer o câncer, mas eu vou vencer. Tenho certeza que vou vencer”, garante.

Mesmo focado no tratamento, Carlos França já se diz ansioso para voltar a dar aulas. “Meus alunos são excelentes, eu acredito muito nessa juventude. Minha vida é dar aula, eu quero retomar o mais breve possível às minhas muitas atividades. Em março já quero estar em sala de aula de novo”, deseja.

Carlos França e sua neta em 1º de janeiro deste ano. Foto: Arquivo Pessoal.

Serviço:

Para quem puder fazer doações de qualquer tipo sanguíneo e ajudar o professor e outros em situação semelhante, basta procurar o Hospital Brasília.

Local: SHIS QI 15, Bloco O Torre I Térreo, Lago Sul
Contato: (61) 3248-7272
Horário de atendimento: segunda a quinta das 8h às 17h e sexta-feira, das 8h às 16h.

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