Menu
Brasília

Alunos buscam apoio para desocupar escola invadida em Ceilândia

Arquivo Geral

10/11/2016 7h00

Atualizada 09/11/2016 22h14

Estudantes do CED 6 estavam na porta da escola querendo entrar para propor nova votação sobre ocupação. Foto: Angelo Miguel

Raphaella Sconetto
[email protected]

Subiu para quatro o número de escolas públicas tomadas pelos secundaristas. A reivindicação é a mesma: os alunos são contrários à medida provisória que trata da reforma do Ensino Médio e à PEC 55 – antiga PEC 241 -, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos. Mas nem todos concordam com a forma escolhida para protestar. Tanto que um grupo de estudantes do Centro Educacional (CED) 6 de Ceilândia decidiu recorrer ao fórum da região para tentar um mandado de reintegração de posse.

Versão oficial

Em nota, a Secretaria de Educação do DF (SEDF) informou que está mantendo constante diálogo com os estudantes, de modo que eles desocupem as escolas de maneira pacífica. Além disso, garantiu que as discussões que envolvem o Ensino Médio não ocorrerá sem a participação dos secundaristas.
“A pasta vai realizar, a partir de 24 de novembro, um fórum de discussão sobre as propostas para reformulação do Ensino Médio com a participação da comunidade escolar em todas as Coordenações Regionais de Ensino do DF (CREs)”, esclarece, em nota.

O Centro de Ensino Médio (CEM) 1, de São Sebastião, e o CED 1, do Guará II, estão ocupados desde o início da semana. Em seguida, segundo a Secretaria de Educação, foram os CEDs 6, em Ceilândia, e 3, em Brazlândia.

Como já havia sido anunciado pelos manifestantes, a intenção era esperar passar a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para retomar as invasões.

Insatisfeitos com a interrupção das aulas, um grupo de quatro alunos foi até o Fórum da Ceilândia pedir ajuda. O estudante Lincoln Abraão dos Santos, 15 anos, alega que está sendo afetado pela invasão. “A maioria aqui é contra a PEC, mas não concordamos com a ocupação da escola. Estamos sendo prejudicados”, critica.

Legitimidade

De acordo com o estudante Hudson Vieira de Sousa, de 15 anos, a votação para decidir sobre as ocupações não foi legítima. “Fizeram a votação, só que ninguém viu nem ficou sabendo direito o que ocorria. Não agendaram, só um pequeno grupo decidiu”, conta. A votação foi feita na segunda-feira e a ocupação ocorreu na terça-feira.

Hudson acredita que o movimento seja partidário. “Ontem vi uma pessoa com uma blusa de um partido”, diz. Segundo o estudante, há pessoas que não são da instituição ocupando o local. “Eu entrei duas vezes, está em torno de 30 pessoas, só que a maioria não é de alunos da escola. Me falaram que tem um pessoal da Universidade de Brasília (UnB)”, relata.

A reclamação não parte só dele. Outros alunos estavam na porta da escola querendo entrar para conversar e propor uma nova votação – o que não foi feito. “Se querem chamar a atenção, eles tinham que ir protestar lá no Plano”, sugere Evelyn Ribeiro, de 17 anos.

No entanto, o intuito do movimento que deseja a desocupação é apenas o diálogo. “Não queremos briga. O nosso objetivo é tentar resolver da melhor forma possível para os dois lados”, destaca Maria Vitória Galeno, de 16 anos.

A liderança do movimento estudantil que ocupou a escola não quis se pronunciar sobre o assunto.

Saiba mais

Os campi Samambaia, Riacho Fundo e Reitoria do Instituto Federal de Brasília (IFB) ainda permanecem ocupados. Em nota, o IFB esclareceu que   não foi feita uma solicitação de reintegração de posse das unidades pois as atividades seguem com o funcionamento regular e os servidores estão trabalhando normalmente.

Apesar de tudo, ideal é o mesmo

Apesar das divergências sobre a forma de protesto, a comunidade escolar compartilha os mesmos ideais. “Nós somos contra a ocupação, mas concordamos que a PEC e a medida provisória serão ruins para nós. A gente também é contra essas medidas”, frisa Lorrane Rosa Silva, de 17 anos.

Os estudantes do CED 6 – ocupantes ou não – marcaram para a próxima segunda-feira uma manifestação no Senado contra a PEC 55. Os alunos se reunirão a partir das 7h e partirão juntos até o local.

Adiamento do Enem

A ocupação das escolas pouco antes do Exame Nacional do Ensino Médio – aplicado no último fim de semana – fez com que parte dos candidatos tivesse as provas adiadas. A medida afetou 3.178 alunos dos 167.821 inscritos no Distrito Federal. São aqueles que fariam o exame em cinco escolas que estavam ocupadas até a data limite estabelecida pelo MEC. Os estudantes farão a prova no primeiro fim de semana de dezembro. Os avisos foram enviados por mensagem de texto.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado