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Brasília

Aeroporto JK é avaliado como o melhor do País, mas usuários reclamam

Arquivo Geral

26/04/2018 7h00

Atualizada 25/04/2018 21h28

Foto: Myke Sena

Rafaella Panceri
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Os usuários do Aeroporto de Brasília estão sensíveis a preços — tanto no estacionamento quanto nas lanchonetes. Para eles, o custo-benefício dos serviços está abaixo do desejável. Em uma escala de zero a cinco, o estacionamento recebeu nota 2,82, enquanto a categoria alimentação recebeu 2,84. A insatisfação pode ser vista no último levantamento trimestral da Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério dos Transportes, divulgado ontem. A pesquisa entrevistou 1.121 pessoas entre janeiro e março de 2018.

Apesar das ressalvas, o Aeroporto JK foi eleito o melhor do País em um páreo com outros 19 terminais — os maiores do Brasil. Os parâmetros foram infraestrutura, facilidades ao passageiro, companhias aéreas e transporte público. O tempo de espera nas filas da imigração e do raio-X foi campeão de elogios em Brasília. Na imigração, os passageiros aguardam, em média, nove minutos. Para ter as bagagens analisadas, esperam por dois minutos. Os serviços são os mais rápidos de todo o País, segundo a pesquisa.

Retomada da satisfação

Em comparação com os mesmos estudos em 2017, o terminal de Brasília melhorou o desempenho. No ano passado, houve queda na nota, entre o segundo e o terceiro trimestres. Os números regrediram de 4,58 para 4,35. No quarto trimestre, não mudou muita coisa: 4,34. Já em 2018, subiu para 4,40.

O resultado pode ter sido influenciado pelas novas regras de transporte aéreo, elaboradas pela Agência Nacional de Aviação Civil no ano passado, conforme a diretora de Planejamento e Gestão Aeroportuária da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Fabiana Todesco.

“Se houve pessimismo do passageiro em 2017, foi em um primeiro momento. Houve clara retomada na satisfação. Quando as regras mudaram, vimos que o passageiro ficava mais desconfortável com todos os serviços, mas agora a satisfação atingiu 90%”, salienta.

Sobre a insatisfação com o preço dos alimentos e do estacionamento, identificada neste último trimestre, a Inframerica informou, em nota, que acompanha e registra os feedbacks dos passageiros e os resultados da pesquisa. “A concessionária trabalha em conjunto com o Governo do Distrito Federal e com as empresas parceiras presentes no sítio aeroportuário para oferecer uma experiência de qualidade”, informou a empresa.

Coxinha de ouro e vaga milionária

Na praça de alimentação, a opinião dos usuários é unânime: tudo é muito caro. O músico Thalisson Rufino, 31, comprou uma coxinha por R$ 9,50. Para ele, que voltava para Santa Luzia do Norte (AL) ontem, os preços passam do limite. “Além de cara, não é de boa qualidade. Já comprei coxinhas maiores e mais gostosas por R$ 2,50”, conta. Colega de banda e de voo, o músico Isaac Melo de Oliveira, 22, nomeou o salgado como “coxinha de ouro”. “No aeroporto de Maceió, não é muito diferente”, compara.

Thalisson, acompanhado de Isaac, comprou uma coxinha por R$ 9,50/ Foto: Myke Sena

Na opinião da engenheira agrônoma Jucéia Camilo, 41, que acabava de chegar de São Paulo (SP), “mais caro que o aeroporto de Brasília, só o aeroporto de Brasília”. Ela pagou R$ 30 por uma salada com frango. “São vegetais e carne de baixa qualidade”, descreve, inconformada. “Para melhorar isso, a concorrência é fundamental, mas existe o fato de ser aeroporto. Por isso, parece que temos de pagar quase o dobro pela mesma coisa”, opina.

Para estacionar no aeroporto, os motoristas têm de desembolsar o valor mínimo de R$ 15, que cobre o período de uma hora. Quem fica por menos tempo reclama. A analista financeira Aline Bitencourt, 33, deixou o carro na vaga descoberta por 45 minutos, enquanto esperava pelos pais. “É muito caro. Em 2017, paguei metade do preço pelo mesmo tempo. Não temos alternativas, porque parar em outros locais pode gerar multa”, lamenta.
Para o professor Vander Lucas, 53, o preço, nos aeroportos, foge da média de estacionamentos comuns. “O ponto que justifica isso é o monopólio. Tem uma esteira que nos leva ao estacionamento, que é um só”, avalia.

Para buscar a família, Aline (entre os dois homens) deixou o carro na vaga descoberta por 45 minutos e pagou R$ 15/ Foto: Myke Sena

Ponto de Vista

A diretora de Planejamento e Gestão Aeroportuária da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Fabiana Todesco, crê que a pesquisa de satisfação gera uma concorrência benéfica entre os aeroportos. “Estimula a prestação de serviços de qualidade, ao tornar esses indicadores públicos”, completa. No entanto, a pasta não tem o dever de fiscalizar os terminais, mesmo quando os indicadores são ruins. “As empresas operadoras devem atender aos parâmetros mínimos determinados nos contratos”, aponta.

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