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Brasília

A caminho de Brasília, Wesley Murakami ficará preso por 30 dias

Arquivo Geral

21/12/2018 11h54

Wesley Murakami é acusado de deformar o rosto de seus paciente em procedimento de bioplastia. Foto: Reprodução

Raphaella Sconetto
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Wesley Murakami, médico acusado de deformar rostos de pacientes em Brasília e em Goiânia, foi preso temporariamente pela Polícia Civil do Distrito Federal na manhã desta sexta-feira (21), na capital de Goiás. Além dele, a mãe e uma funcionária foram presas. A qualquer momento, o médico pode chegar no Complexo da Polícia Civil no DF.

Durante a série de denúncias, veiculadas também pelo Jornal de Brasília, funcionárias da clínica entraram em contato com vítimas para que fossem submetidas a novos procedimentos para reparar as deformidades. Por isso e visando preservar as provas, três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão foram cumpridos em Brasília e em Goiânia.

No DF, as investigações tiveram início no dia 4 de dezembro, quando um grupo de vítimas registrou boletim de ocorrência na Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf). Ao todo, foram 15 denúncias. Já em Goiânia, 14 pacientes registraram o boletim de ocorrência.

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“Todas as vítimas já foram ouvidas e encaminhadas ao IML. Aguardamos o resultado dos laudos. Mas, pelo PMMA (polimetilmetacrilato) ser um produto permanente, as provas estão ali. Mesmo os pacientes que fizeram outros procedimentos para minimizar as deformidades”, aponta o delegado-chefe da Corf, Wisllei Salomão.

Por 30 dias, Murakami ficará preso no complexo do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade. A expectativa é justamente que esse seja o prazo pra a conclusão das apurações. “Apreendemos o material usado para confirmar se o produto era realmente o PMMA. Vamos investigar se o laboratório que fabrica está regular, se é autorizado e se esse era realmente o produto aplicado. Pode ser que ele usada um produto adulterado”, afirma Salomão.

Materiais apreendidos. Fotos: PCDF/Divulgação

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Além dos danos físicos, o médico ainda será investigado por deixar danos psicológicos aos pacientes. “Muitos pacientes relatam que sentiam vontade de cometer suicídio por causa das deformidades. Alguns ficaram sem trabalhar por muito tempo”, comenta o delegado.

Murakami pode ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, lesão corporal grave e pelo crime de ministrar produtos adulterados. “Erros podem acontecer em qualquer profissão ou atividade. O problema foi a conduta reiterada. Não é só imperícia. Quando o resultado é repetido diversas vezes em pacientes, ele assume o erro”, aponta.

Em nota, a defesa do médico disse que está a caminho da delegacia em Brasília “para tomar conhecimento das razões dos pedidos de prisão”. Segundo informou, uma nova nota será emitida logo depois para esclarecimento dos fatos.

JBr denunciou 

O Jornal de Brasília fez uma série de reportagens a partir de queixas de pelo menos 40 pacientes, que se uniram para compartilhar as experiências ruins e buscar soluções. Depois de receber e relatar as reclamações, a reportagem marcou uma consulta com o médico. A intenção era conhecer a forma de atuação do profissional, uma vez que muitos pacientes relataram tê-lo procurado para procedimentos simples, mas ele acabava os convencendo de fazer a bioplastia. Em uma sala do Taguatinga Shopping, o médico cobra entre R$ 80 e R$ 130, em espécie, para avaliar cada paciente.

JBr. marca consulta

Depois de receber as reclamações, a reportagem marcou uma consulta com o médico Wesley Murakami. A intenção era conhecer a forma de atuação do profissional, uma vez que muitos pacientes relataram tê-lo procurado para procedimentos simples, mas ele acabava os convencendo de fazer a bioplastia.

Em uma sala do Taguatinga Shopping, o médico cobra entre R$ 80 e R$ 130, em espécie, para avaliar cada paciente. Dentro do consultório, Murakami recebeu a repórter com música. Ela disse que sua intenção era fazer limpeza de pele e tratar marcas de espinha.

Na primeira conversa, porém, o médico logo disse que o que mais lhe incomodava eram os lábios dela, e não pele. Por isso, indicou a aplicação do PMMA (usado na bioplastia). Para atestar os bons resultados, ele mostrava fotos comparativas de antes e depois de pacientes. Em um caso, ele citou que trabalhou apenas o preenchimento para solucionar marcas de espinha de um homem.

Durante a consulta, Murakami pediu que a repórter ficasse de pé e segurasse um espelho na sua frente. Olhando para o objeto, ele citava imperfeições e como poderia melhorá-las. Em outros momentos, o médico disparava frases sobre a aparência da repórter, como “você é bonita, mas vai ficar ainda mais perfeita” e “seu rosto não é gordo, só precisa de harmonização”.

Ao final da consulta, ele apresentou o orçamento: R$ 4,5 mil para fazer a aplicação do PMMA nos lábios e no nariz, indicados como prioridade. Porém, o motivo inicial da consulta – a limpeza de pele – ele só orçou após insistência da reportagem. Para esse último tratamento, ele recomendou peeling e sessões de laser, além de prescrever medicação: ômega 3, antioxidante e lactobacilos. Sobre as formas de pagamento, foi proposto o parcelamento em até 4 vezes.

 

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