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Brasília

A cada hora, duas empresas são fechadas no DF

Arquivo Geral

24/06/2016 6h00

Renato de Oiveira

Jéssica Antunes
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Por hora, duas empresas foram formalmente fechadas nos primeiros cinco meses do ano no Distrito Federal. Segundo levantamento da Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), 7.470 titulares do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) encerraram as atividades no período, o que corresponde a 49 por dia. Enquanto isso, lojas fechadas e placas de aluga-se tomam conta da paisagem da capital.

“Essas são as empresas que encerraram definitivamente suas atividades. São empresários de todo o DF e de vários segmentos de comércio e serviços”, explica Cleber Pires, o presidente da entidade. De acordo com ele, é possível ter lojas fechadas que ainda mantém o CNPJ ativo, mas não o contrário.

Assim, “o número de lojas fechadas pode ser até maior que as finalizações formalizadas”. Para o presidente da ACDF, o fim dos estabelecimentos mostrado no levantamento inédito resulta da insegurança jurídica, associada à burocracia, morosidade, falta de clientes e baixo poder de consumo dos brasilienses.

Não há um número formalizado de estabelecimentos fechados no DF. O Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) estima que só no comércio, 3.105 tenham abaixado suas portas desde 2014 por causa da recessão econômica, falta de segurança e os consequentes roubos a lojas, aumento nos aluguéis comerciais e queda de vendas.

Edson de Castro, presidente da entidade, observa que o reajuste dos aluguéis não está associado ao aumento de vendas, e os donos dos imóveis não querem negociar o preço das mensalidades. Ele lembra que é o comércio um dos setores que mais empregam e as lojas fechadas ajudam a aumentar a fila do desemprego e endividamento.

Só no primeiro trimestre do ano, foram quase 300 lojas a menos, justamente no período em que o DF registrou uma queda de 5,3% nas vendas do comércio, segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomércio). Para o presidente Adelmir Santana, o cenário é de apreensão e expectativas negativas.

Prédios novos e velhos também têm salas comerciais fechadas. Apenas no Setor Comercial Sul, já são mais de cem nessa situação.

Asa Sul reúne a maior parte de lojas fechadas

A região que mais sofre é a Asa Sul: Só a W3 concentra cerca de 147 lojas fechadas, conforme contagem do Sindivarejista. “Impostos aumentam todo ano, o aluguel é cada vez mais caro e há menos pessoas circulando. Por isso, muitas lojas fecharam e as que permanecem abertas, como a nossa, não sabem por quanto tempo”, considera Rosilene Emiliana, 49 anos, que, com a mãe, mantém uma loja de azulejos aberta há 18 anos na 307 Sul.

São poucas as pessoas que entram para comprar na W3. Muitas estão apenas de passagem, sem interesse nos produtos da antiga avenida mais movimentada da capital. “Era uma maravilha, mas agora todo mundo sente o abandono. Aqui ao lado tinha academia, banco, banca de revista, imobiliárias. Muitas fecharam de vez, outras acharam um lugar mais vantajoso”, conta Josefina Emiliana, 75 anos.

Na conhecida Rua dos Tecidos, na 306/307, há pelo menos sete lojas desativadas. O mesmo ocorre na Rua da Moda, na 304/305. Na 106 Sul seis lojas não abrem mais.

“Está difícil. Não há mais estímulo para ser comerciante em Brasília”, define Antônio Lemos, 49 anos, que há meio século mantém as portas de sua banca de revista abertas. “Se não transformasse em lanchonete, não sobrevive”, esclarece.

Saiba mais

A recessão fez 95,4 mil lojas encerrarem as atividades em todo o País em 2015, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio.

Só no Distrito Federal, o saldo entre estabelecimentos abertos e fechados no ano passado foi negativo em 2.203 lojas.

Em 2013 e 2014, o saldo foi positivo: 629 estabelecimentos fechados e 714 abertos. A CNC associa o fim das lojas à queda no volume das vendas.

“É consequência do momento de crise vivido pelo Brasil”, diz José Luiz Pagnussat, que presidiu o Conselho Federal de Economia.

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