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Brasil

Sapucaí recebe mais seis escolas na disputa pelo título de campeã do Carnaval de 2017

Arquivo Geral

27/02/2017 20h29

Reprodução/TV Globo

Andreia Salles, Jorge Eduardo Antunes e Soraya Kabarite
Especial para o Jornal de Brasília

Depois da passagem de Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense, Unidos de Vila Isabel, Acadêmicos do Salgueiro e Beija-Flor de Nilópolis, a Marquês de Sapucaí recebe na noite de hoje as outras seis escolas que disputam o título de campeã do Carnaval de 2017. Pela Avenida vão passar a União da Ilha, são Clemente, Mocidade Independente de Padre Miguel, Unidos da Tijuca, Portela e a campeã Mangueira, que tenta o bicampeonato.

A primeira a pisar na passarela, às 22h, será a União da Ilha do Governador, que trará a vida dos negros bantos de Angola . O enredo “Nzara Ndembu – glória ao Senhor Tempo”, do carnavalesco Severo Luzardo, pretende desnudar todos os detalhes desta imensa cultura africana. A partir da tradição de que o criador do universo, Nzambi Mpungu, ditou aos rei Kitembo as ordens para transformar o mundo, a Ilha quer deixar na Sapucaí uma mensagem em defesa do planeta, do tempo e da natureza.

Doma de sete títulos do Carnaval carioca, Rosa Magalhães está à frente da Acadêmicos de São Clemente e promete muita ironia na corte francesa do rei Luís XIV, o Rei Sol. É isso que o enredo onomatopeico “Onisuáquimalipanse” pretende contar, a partir da expressão francesa “honni soit que mal y pense”, muito usada à epoca e que significa “envergonhe-se quem pensar mal disso”.

Rosa pega o episódio da construção do palácio Vaux-le-Vicomte, com verbas que o então superintendente de finanças francês, o advogado Nicolás Fouquet, subtraiu dos cofres públicos após sanear as contas nacionais. Embora garanta que qualquer semelhança com o atual momento político nacional é mera coincidência, é de se esperar um desfile repleto de referências aos atuais desvios bilionários dos políticos nacionais.

Só a título de curiosidade: Luís XIV mandou prender o ministro e encomendou a arquitetos que trabalharam para Fouquet um palácio ainda mais lindo. Daí surgiu Versailles.

Veja imagens do desfile desse domingo

Alexandre Louzada e Edson Pereira levam a Mocidade Independente de Padre Miguel, terceira escola a desfilar, para uma viagem ao Marrocos, com o enredo As mil e uma noites de uma Mocidade pra lá de Marrakesh”. Em uma voagem de tapete mágico, camelos, lendas e misterios marroquinos vão passar pela avenida, ao lado das semelhanãs e diferenças entre as culturas brasileira e do país africano.

Personagens com Sherazade, Sinbad, Ali Babá e Aladim vão contar também histórias de muito conhecimento, como a fundação da primeira universidade do mundo, criada em 1850 por Fatma, uma mulher marroquina. Palácios, medinas, praças, jardins, ensinamentos, invenções, batalhas, avanços na medicina, templos, tudo estará lá. Não vai faltar nem o deserto do Saara, nem a Saara, tradicional área comercial do centro do Rio.

A partir do encontro entre Louis Armstrong e Pixinguinha, ocorrido na década de 1950, no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, os carnavalescos Mauro Quintaes, Marcus Paulo, Hélcio Paim e Annik Salmon levam a Unidos da Tijuca a desfilar com o enredo “Música na alma, inspiração de uma nação”. O encontro real virou um diálogo imaginário entre os músicos, com Armstrong contando a história da música norte-americana.

O samba, então receberá a visita de jazz, blues, country, rock e soul, pontuada com as histórias dos escravos, a chegada do negro nas grandes cidades e a explosão sonora da música, que pula para as telas dos cinemas e para os musicais da Broadway. Tudo isso temperado ainda pelas músicas de protesto, os festivais como Woodstock e a black music, até chegar ao funk, rap, hip-hop e dance music e as divas atuais da música, ao som, é claro, da bateria da Unidos da Tijuca.

Tricampeão do Carnaval carioca e um dos mais inovadores carnavalescos da atualidade, Paulo Barros bateu na trave, por um décimo, e não deu o tão sonhado título à Portela no ano passado. Para sair da fila que já dura 32 anos, A escola de Madureira vem para a avenida com o enredo “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar”, que visita o samba de Paulinho da Viola e também de nascentes e rios e sua contribuição à formação dos povoados mundo afora. Atividades como a agricultura, lendas de Iara, Boiúna, Cobra-Grande e deuses como Oxum estarão presentes, ao lado de peixes, crocodilos, povos ribeirinhos e muito mais.

A campeã Mangueira fecha a noite com um novo enredo de Leandro Vieira. Desta vez, a escola deixa de lado as celebridades musiciais, como Maria Bethânia, que deu o título de 2016, para mergulhar no universo religioso e sincrético brasileiro. Com o enredo “Só com a ajuda do santo”, a verde-e-rosa levará para a avenida, em ritmo de romaria, personagens religiosos, como São Pedro, Santo Antônio, Iemanjá e os dois santos protetores magueirenses, Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião.

Claro que não faltará espaço para o profano, mas sem deixar de ter um toque religioso, como nas romarias e procissões, nas Congadas, nas Festas Juninas e no tradiconal Cosme e Damião. Haverá espaço para superstição, fé católica, sincretismo de santos e orixás, terreiros e gongás da umbanda. Tudo na maior democracia, como os desfiles mangueirenses são caracterizados.

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