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Brasil

Propina no Teatro Municipal era de 5%

Agência Estado

26/08/2016 12h02

O esquema de corrupção que teria desviado ao menos R$ 15 milhões dos cofres do Teatro Municipal de São Paulo usou aditivos contratuais para elevar gastos com fornecedores e prestadores de serviço por três anos. O ex-diretor-geral do Municipal, José Luiz Herência, relatou a existência do esquema em delação ao Ministério Público Estadual.

Entre 2013 e 2015, cada acordo superfaturado rendeu 5% de propina. O Ministério Público suspeita que a ‘comissão’ tenha retirado do teatro R$ 5,5 milhões, ou um terço do total sob suspeita de desvio.

O montante foi calculado de acordo com a lista de aditivos firmados pelo Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC) , organização social que gerencia o teatro e tinha com o diretor à época William Nacked – outro suspeito, que já fechou acordo de delação com o MPE. Foram feitas 16 revisões de contrato até novembro de 2015, período no qual o teatro teve como diretor-geral Herência, que seria o principal beneficiário dessa prática. As negociações somam R$ 111,6 milhões.

Os pagamentos eram autorizados pelo então secretário municipal de Cultura, Juca Ferreira, que é investigado, na área cível, por suspeita de improbidade administrativa porque autorizava os contratos. Herência, no entanto, afirmou aos promotores criminais que investigam o caso que o ex-auxiliar do prefeito Fernando Haddad (PT) desconhecia o esquema de fraude e apenas assinava os requerimentos por confiar nos gestores. Ele foi indicado ao cargo por Ferreira. Os dois haviam trabalho juntos no Ministério da Cultura.

Os ex-funcionários envolvidos firmaram acordos de delação premiada com o Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), do MPE. A dupla assumiu participação nos desvios e se comprometeu a devolver R$ 9 milhões aos cofres públicos. Os promotores responsáveis não deram entrevistas.

Notas frias

Quarta-feira, 24, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso na Câmara Municipal, Herência confirmou que superfaturava contratos e também ‘esquentava’ notas frias por meio do IBGC. Parte dessas notas era forjada para justificar supostas obras de reparo no interior do teatro, gastos com produções de cenários e até apresentações musicais.

A comissão sobre os aditivos iria para o bolso de Herência. A meta era equiparar seus rendimentos ao salário do maestro John Neschling, que recebe R$ 150 mil por mês como diretor artístico do teatro e regente da Orquestra Sinfônica Municipal. Nacked, por sua vez, teria admitido ter usado o IBGC para pagar gastos de outra entidade que gerenciava.

Já o maestro, segundo as investigações, usava sua influência para obter contratos no exterior. Segundo informado nos acordos de delação, Neschling ordenava a contratação de artistas e produtores de fora do País que, posteriormente, o contratavam para apresentações no exterior. O suposto conflito de interesse é investigado tanto na área criminal quanto na cível. O músico nega essa relação e qualquer participação nos desvios.

Juca Ferreira afirmou que os aditivos eram aprovados mediante justificativas técnicas que apontassem a necessidade de tais medidas, que, por sua vez, eram submetidas à análise das equipes de Planejamento e de Finanças da Prefeitura. O ex-secretário disse ainda que desconhece ser investigado por improbidade e que está disposto a prestar esclarecimentos a fim de contribuir com as investigações.

Secretária de Cultura substitui Dallari no cargo

O prefeito Fernando Haddad (PT) oficializou na quinta-feira, 25, no Diário Oficial da Cidade, a exoneração de Paulo Dallari da direção da Fundação Theatro Municipal de São Paulo. O advogado passou a ocupar o cargo em novembro do ano passado, após pedido de demissão do então diretor José Luiz Herência. Em seu lugar, assume Maria do Rosário Ramalho, que está à frente da Secretaria Municipal da Cultura desde abril.

Após a revelação do escândalo de fraudes, Dallari passou a ocupar também o cargo de interventor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC). A saída do advogado aconteceu a pedido, e foi provocada pela permanência do maestro John Neschling no posto de diretor artístico do Municipal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadao Conteudo

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    Agência Estado

    26/08/2016 10h02

    A Câmara Municipal entregou, no início deste mês, uma área aberta ao público com acesso grátis à internet. Localizada no térreo, ao lado da entrada principal, ocupa o espaço onde seria instalada a nova biblioteca da Casa. Anunciada em 2011, pelo então presidente José Police Neto (PSD), a obra ainda incluía a reforma do auditório externo. Após atrasos na execução, o projeto foi alterado, mas parte dele segue inacabado.

    Quem visita o Espaço Wi-Fi percebe que tapumes de madeira escondem uma área cuja passagem é vetada pela não execução completa da laje. Há cinco anos, quando a reforma foi originalmente projetada, a Câmara planejou estender seus limites sobre o Viaduto Jacareí, onde está localizada, já que tinha terreno para isso, mas o serviço ainda não terminou.

    A empresa contratada na época por R$ 10,4 milhões concretou apenas um pedaço da área que fica sobre o viaduto. Dois anos depois de iniciar o trabalho, acabou multada em R$ 1,7 milhão – a firma já havia recebido R$ 1 milhão na época. Entre os itens não cumpridos, está a laje do térreo.

    Sem acordo, o contrato foi cancelado e até 3 de agosto deste ano, o espaço ficou sem utilização. A atual administração, de Antonio Donato (PT), optou por abrir o local ao público enquanto resolve o que fazer com o restante do terreno. Segundo o petista, uma nova empresa foi contratada neste ano para a elaboração de laudo técnico que diga o que é possível fazer com a laje não concluída.

    Segundo Donato, esse estudo poderá determinar a extensão da praça até o fim do terreno ou mesmo a instalação de novo equipamento, após a conclusão do serviço de concretagem. Até lá, os tapumes são necessários para impedir qualquer tipo de acidente no local.

    No lado aberto ao público, os usuários dispõem de bancos, mesas e pufes para descanso ou trabalho, além de tomadas para carregar celulares ou outros aparelhos eletrônicos. O sinal Wi-Fi é cedido das 9 horas às 21 horas.

    Ao longo das últimas duas semanas, a reportagem visitou o local cinco vezes, em horários variados. O público aprova a ideia. Segundo usuários, a abertura do espaço proporciona uma área de descanso no centro da cidade, carente de bancos, por exemplo. Na última quarta-feira, moradores de rua se misturavam a pessoas que trabalham na região e funcionários da própria Câmara.

    Biblioteca

    Com a alteração do projeto, foi cancelada a transferência da biblioteca da Câmara. Ela vai permanecer no segundo andar do Palácio Anchieta, com acesso livre aos visitantes. Seu acervo reúne informações do trabalho legislativo desde o ano de 1892. Por meio do sistema de buscas, é possível pesquisar as composições de todas as legislaturas, bem como das Mesas Diretoras formadas ao longo dos anos e de todas as leis aprovadas pela Casa.

    A biblioteca do Palácio Anchieta tem mais de 20 mil livros. Desse acervo, cerca de 7 mil títulos tratam exclusivamente de assuntos sobre São Paulo. Os visitantes ainda podem matar a curiosidade sobre os temas mais comentados pelos vereadores em milhares de recortes com informações dos parlamentares que já passaram pela Casa.

    Os arquivos ainda guardam discursos dos vereadores e revelam que votações para nomear ruas e praças, por exemplo, já eram comuns no século passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
    Fonte: Estadao Conteudo

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