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Brasil

Melanoma mata 55 mil por ano, diz OMS

Arquivo Geral

27/06/2017 7h00

Atualizada 26/06/2017 22h46

Foto: Divulgação

Matheus Venzi
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O câncer já é uma questão de saúde pública, com impacto social e econômico. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (Iarc), os casos da doença podem crescer até 50% em duas décadas, totalizando 22 milhões de pessoas diagnosticadas. Entre os vários tipos de câncer, um merece destaque: o melanoma. Apesar de não ser o tipo mais comum de câncer de pele, a patologia é a mais agressiva, com altos índices de mortalidade. Mesmo assim, pouco se fala sobre a doença.

O melanoma é um câncer decorrente do crescimento anormal dos melanócitos, células responsáveis pela produção da melanina, que dá cor e pigmentação à pele. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 200 mil casos de melanoma são registrados por ano. Estima-se que 55 mil pessoas morram por causa da doença.

No Brasil, 5.580 novos casos e 1.547 óbitos são registrados anualmente pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A exposição elevada aos raios ultravioleta, especialmente nas peles mais claras e com muitas manchas, pode levar à mutação do DNA dos melanócitos. Essa é a principal causa do melanoma. Se não for diagnosticado cedo, o câncer pode avançar para os nódulos linfáticos e outros órgãos do corpo. Por isso, quanto mais cedo a patologia for diagnosticada, maior a chance de recuperação. Outros fatores de risco envolvem o histórico familiar e pessoal do paciente.

O médico oncologista especialista em melanoma do Hospital Sírio Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Rodrigo Munhoz, afirma que a prevenção é o principal meio de combater esse tipo de câncer. Passar protetor solar, com no mínimo 30 FPS, duas vezes ao dia e evitar o pico de luz do sol, das 10h às 16h, são ações simples que podem diminuir o risco de desenvolver a doença. A luz solar é o principal meio de propagação dos raios ultravioleta, entretanto, câmaras de bronzeamento também podem propagá-los, explica o especialista.

Sol em excesso

Além disso, o médico diz que as chances de desenvolver o melanoma podem estar relacionadas com a exposição solar excessiva durante a juventude, já que os cuidados com a pele são menores nessa época. “É fundamental que a preocupação com a saúde da pele aconteça desde o início da vida. Há estudos que mostram que determinadas alterações genéticas relacionadas ao melanoma são derivadas da exposição inadequada ao sol”, comenta Rodrigo.

Deste modo, a conscientização de crianças e adolescentes se torna extremamente importante. Apesar do câncer se manifestar com maior incidência aos 60 anos, os mais jovens também podem desenvolver a patologia.

Sinais e sintomas

  • Fique atento aos sinais e sintomas que podem indicar a existência de um câncer de pele em seu estágio inicial. Caso identifique uma dessas características, procure um dermatologista: manchas que coçam, ardem, escamam ou sangram; sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor; feridas que não cicatrizam em 4 semanas; mudança na textura na pele ou dor; e pintas assimétricas, com bordas irregulares.

Lidando com a doença

A imunoterapia e a terapia-alvo são as duas estratégias mais eficazes para combater o melanoma. A primeira estimula o sistema imunológico do paciente a reconhecer e destruir as células cancerosas de forma eficaz. A outra inibe componentes específicos para o crescimento e sobrevivência das células tumorais, prevenindo a destruição das células saudáveis. Estes tratamentos se baseiam na Oncologia de Precisão, que adapta o tratamento médico às características individuais da pessoa.

A presidente e fundadora do Instituto Melanoma Brasil, Rebecca Montanheiro, foi diagnosticada em 2013, aos 30 anos. A relações públicas notou uma pinta diferente das outras em seu antebraço direito e marcou uma consulta com uma dermatologista.

Após os exames veio a notícia. Rebecca não conhecia a doença e a ficha só caiu quando sua médica explicou que se tratava do câncer de pele mais agressivo. “Chegando em casa, uma das primeiras coisas que fiz foi buscar informações sobre a doença na internet, mas não encontrei muita coisa. Não havia nenhum espaço voltado para pacientes ou algum portal exclusivo sobre o tema com uma linguagem mais apropriada para leigos”, explica.

Por causa do seu diagnóstico precoce, o melanoma de Rebecca não se infiltrou no resto de seu corpo e agora ela faz exames uma vez ao ano para controlar a doença. Apesar das dificuldades, acredita que ter de lidar com o câncer foi uma forma de fazer algo pelo próximo. O instituto não possui fins lucrativos e atua na divulgação e conscientização da patologia. “Por falta de informação, as pessoas não se preocupam e muitas nem imaginam que o câncer de pele pode matar. Nosso objetivo é contribuir para reduzir o numero de casos da doença. Queremos também nos tornar cada vez mais atuantes no acolhimento e apoio a pacientes em tratamento e seus familiares em todo o Brasil”, conclui Rebecca.

Aceitar é o mais difícil

O Instituto Melanoma Brasil realizou uma pesquisa com 133 pacientes de melanoma para saber sobre as dificuldades dos portadores da patologia. Metade dos entrevistados afirmou que o maior desafio é a aceitação da doença: 37,5% disseram que o difícil é ter acesso a exames e tratamentos adequados. Uma pequena parte, 8,3% dos pacientes, apontou que o obstáculo maior foi encontrar um médico especialista.

O repórter viajou a convite do Instituto Melanoma Brasil.

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