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Brasil

Cientistas calculam impacto de nova legislação de lixo plástico na China

Agência Estado

20/06/2018 17h11

Atualizada

Mais da metade do plástico descartado e destinado à reciclagem no mundo é exportada pelos países mais ricos e, historicamente, a maior parte era enviada para a China. Mas, em 2017, o governo chinês aprovou uma lei que proibiu a importação de plásticos – além de papel, escória de minérios e refugos têxteis – a partir de janeiro de 2018. Agora, cientistas da Universidade da Geórgia (Estados Unidos) calcularam o potencial impacto da nova legislação e como ela pode afetar os esforços para reduzir o descarte de plástico em aterros sanitários e no ambiente.

O novo estudo, publicado nesta quarta-feira, 20, na revista Science Advances, conclui que a nova legislação chinesa deslocará 111 milhões toneladas de plástico até 2030 – e ninguém sabe ao certo para onde.

“Nós descobrimos, em estudos anteriores, que apenas 9% de todo o plástico já produzido no mundo foi reciclado e que a maior parte acaba indo para aterros sanitários ou no ambiente natural. Agora, com a proibição da importação na China, mais de 111 milhões toneladas de lixo plástico serão deslocadas e ficarão sem destino. Portanto precisamos desenvolver programas de reciclagem mais robustos domesticamente e repensar o uso e o design de produtos plásticos”, disse uma das autoras do estudo, Jenna Jambeck, da Universidade da Geórgia.

Segundo o estudo, as importações e exportações anuais de plástico descartado subiram vertiginosamente a partir de 1993, com um crescimento de 800% até 2016. Desde que os registros começaram a ser feitos, em 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de plástico – cerca da metade das importações de plástico descartado no mundo.

A China e Hong Kong, juntos, importaram mais de 72% de todo o lixo plástico do mundo. Mas a maior parte do lixo que vai para Hong Kong – cerca de 63% – é mais tarde exportada para a China.

Países de alta renda da Europa, Ásia e das Américas são responsáveis por mais de 85% de todas as exportações de lixo plástico. Coletivamente, a União Europeia é o principal exportador desse tipo de resíduo.

“O resíduo plástico já foi um negócio bastante lucrativo para a China, porque eles podiam utilizar ou revender o resíduo plástico depois de reciclado. Mas muito do plástico que a China recebeu nos últimos anos era de baixa qualidade e o lucro se tornou difícil. A China também está produzindo mais resíduos plásticos domesticamente, então não vale à pena trazer lixo de outros países”, disse outra das autoras do estudo, Amy Brooks, também da Universidade da Geórgia.

Para os exportadores, as baixas taxas de processamento na China faziam com que enviar os resíduos plásticos embarcados em navios fosse mais barato que transportar esses materiais por caminhões ou trens para reciclagem em seus próprios países.

“É difícil prever o que acontecerá ao lixo plástico que antes era destinado às instalações de processamento chinesas. Uma parte deverá ser exportada para outros países, mas a maior parte dos países não têm infraestrutura para gestão de seus próprios resíduos e não vão querer o lixo produzido pelo resto do mundo”, disse Jenna.

“Sem novas ideias e sem mudanças amplas e sistêmicas, mesmo as baixas taxas atuais de reciclagem deixarão de ser atingidas e os materiais que antes eram reciclados também vão acabar nos aterros sanitários”, concluiu.

Fonte: Estadao Conteudo

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