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Brasil

Aposentados voltam ao mercado de trabalho para manter a mente ativa

Arquivo Geral

23/01/2017 9h23

O Brasil tem aproximadamente 19 milhões de aposentados, segundo dados mais recentes da Secretaria da Previdência Social. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mais de um terço das pessoas acima de 60 anos que já estão aposentadas continuam trabalhando. As justificativas para retorno ao trabalho são várias. Contudo, 23,2% dos entrevistados disseram que continuam no mercado para manter a mente ocupada e 18,7% afirmaram se sentir mais produtivos.

Divulgação

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“Desafiar-se física e mentalmente por meio de atividade física regular, trabalho e estudos, por exemplo, é essencial para manter o cérebro jovem. Então, voltar ao emprego contribui para o idoso se sentir útil e independente novamente, além de ajudá-lo a ter um envelhecimento bem-sucedido”, ressalta a psiquiatra Helena Moura, especialista em psicogeriatria, área médica focada na saúde mental do idoso.

Idoso ativo

À medida que as pessoas envelhecem, é comum haver um declínio em algumas habilidades cognitivas, principalmente após os 65 anos de idade, o que pode impactar na qualidade de trabalho do idoso “Quando falamos em cognição nos referimos a uma série de atividades intelectuais, como a capacidade de entender informações, armazená-las e resgatá-las quando necessário, além de programar ações, como fazer compras no supermercado ou simplesmente tomar um banho”, explica Dra. Helena Moura.

No entanto, alguns indivíduos parecem fugir dessa regra e continuam a apresentar um funcionamento igual, ou até melhor, do que pessoas de 20 a 30 anos. Esse tipo de idoso está sendo chamado de “super-agers”). “Recentemente, um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, identificou que o cérebro de ‘super-agers’ parece manter a mesma estrutura do de indivíduos mais jovens. Porém, ao contrário do que o senso comum poderia imaginar, a boa performance nos testes de memória e atenção dependeu também da integridade de áreas no cérebro relacionadas às emoções”, destaca a psicogeriatra.

Segundo os autores da pesquisa, isso ocorre porque as funções do cérebro estão muito mais interligadas do que se poderia imaginar, sem haver uma área específica para os afetos e outra para cognição. “As emoções são importantes para selecionar foco da nossa atenção e o que deve ser armazenado na nossa memória”, esclarece a especialista.

O que fazer para ser um “super-ager”?

Até o momento ainda não existe uma resposta certa para esta pergunta, mas os estudos têm apontado que praticar atividades físicas regularmente, manter uma dieta balanceada, ter interações sociais e, claro, a genética são hábitos fundamentais para ter uma vida melhor.

A psiquiatra e psicogeriatra Helena Moura acrescenta que exercícios aeróbicos estão relacionados à manutenção de áreas cerebrais ligadas à memória e atenção. “Isso melhoraria o processamento de informações e facilitaria a resposta a desafios intelectuais, como a resolução de um problema. Uma dieta equilibrada, em especial se rica em ômega-3 e flavonoides (presente em frutas e vegetais), também contribui para o funcionamento cerebral e esse efeito parece ser potencializado pela atividade física”, enfatiza a médica.

Além disso, uma das autoras da pesquisa de Harvard, Lisa Barrett, resumiu as recomendações em poucas palavras: “trabalhe duro em alguma coisa”. Isso porque para ter efeito, as atividades precisam ser difíceis. “Atividades que são apenas prazerosas ou ajudam a passar o tempo, como palavras cruzadas, podem não ser suficientes para estimular a cognição. Ou seja, nada de aproveitar a aposentadoria só para descansar”, conclui Dra. Helena.

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