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Brasília

Velhos tempos

Arquivo Geral

08/10/2016 7h00

Atualizada 07/10/2016 9h47

Por alguns instantes, no primeiro tempo, parecia que a camisa amarela era aquela velha conhecida de todos nós. Uma camisa de peso, que impunha medo a qualquer adversário. Que vencia fora de casa por 7 a 1, não o contrário. Claro que o adversário ajudava, mas lembrando de um passado não tão distante, mesmo a Bolívia fazia surgir a irritante frase do “não tem mais bobo no futebol”. No primeiro tempo de quinta-feira não foi assim, não. O Brasil jogou como Brasil. Acuou, amedrontou, marcou. Fez a festa da galera (essa sim não tem mais nada a ver com aqueles tempos, é uma torcida teatral, preocupada com roupas e pinturas no rosto, fazer o quê?).

A atuação do Brasil nos primeiros 45 minutos foi, sem favor, empolgante. Velocidade, troca de passes, imposição de respeito. Tanto que a Bolívia, coitada, teve de apelar. E bateu muito (se já era a equipe com mais cartões amarelos e faltas nas eliminatórias sul-americanas antes da partida contra o Brasil, imaginem agora). E aí, talvez, o nosso único vacilo: foi até bom que Neymar tenha levado o segundo cartão amarelo e fique de fora contra a Venezuela, mas havia necessidade de ele voltar para o segundo tempo? Irritado, como é, poderia ter sido expulso – e aí a situação ficaria comprometida. Sem falar que não teria levado a covarde cotovelada que acabou, ela sim, tirando-o do jogo.

É importante frisar, também, que estamos firmes e fortes entre os quatro primeiros colocados, aqueles que vão direto para a Rússia, em 2018. Há um mês estávamos em sexto lugar. Tal e qual acontece no Brasileiro, porém, três vitórias seguidas fazem um bem danado – e aí está o Brasil na segunda colocação, atrás apenas do Uruguai, que não teve problemas para bater justamente ela, a Venezuela (mas foi em Montevidéu, no Centenário). A batata quente, a dor de cabeça, agora, está com a Argentina. Menos mal para eles que ainda estão em quinto e o sexto lugar, o Paraguai, está quatro pontos atrás. Mesmo assim, não é nada fácil trabalhar com este problema. Ainda mais quando se está começando um trabalho, como é o caso de Edgardo Bauza à frente da Argentina.

E neste ponto a seleção brasileira também mudou. Muito. E para melhor. Tite, com três vitórias em três jogos, é unanimidade. Até quando, não se sabe, mas faz bem. O time está tranquilo e os jogadores confiam. Mais do que isso: a torcida está segura. Repito: golear a Bolívia é obrigação para o futebol brasileiro. Seja em Natal, seja em La Paz, mesmo com a altitude. Mas, pelo que estávamos sendo acostumados a ver nos últimos tempos, uma vitória como a de quinta-feira faz ter esperanças. Principalmente este colunista, que no jogo realizado no Engenhão, nas eliminatórias para o Mundial de 2010, na África do Sul, viu um 0 a 0 frustrante e ainda teve de aturar desculpas esfarrapadas. O tal “não tem mais bobo”.

Pura emoção

Para uma torcida brasileira a atuação da seleção brasileira contra a Bolívia não tinha a menor importância. Apaixonados, enfeitiçados, os torcedores do Internacional só queriam saber do seu time na noite de quinta-feira. Tanto isso é verdade que o Beira Rio foi invadido por mais de 35 mil pagantes para ver o jogo contra o Coritiba. E o motivo era mais do que justo: uma vitória tiraria o Colorado, mesmo que por alguns dias, do triste Z-4, uma posição que a equipe gaúcha não está acostumada a conviver. Por isso todos temeram quando foi marcado o pênalti contra seu time – e choraram quando o bom goleiro Danilo Fernandes defendeu (como fizera numa cabeçada quase indefensável minutos antes). E ele estava jogando com o nariz quebrado!

O gol de Vitinho, de pênalti, mais do que os três pontos, garantiu ao Internacional o direito de ter a certeza de que há salvação. O time mostrou, após o apito final, que vai brigar até o último minuto da última partida para evitar o rebaixamento. E a galera está fechadinha com a equipe. O festival de luzes que surgiu na cobertura do Beira Rio, após o término da partida, emocionou ainda mais os torcedores, que teimavam não sair do estádio. Como se faz quando se conquista um título e se espera pela entrega do troféu. No caso, o troféu foi sair do Z-4. Pelo menos até a tarde de hoje.

Digo isso porque o Cruzeiro enfrentará a Ponte Preta, no Mineirão, à noite, e com um simples empate empurra o Internacional, de novo, para a degola. Certamente o Mineirão terá uma noite de tanta emoção quanto teve o Beira Rio. E aí está a beleza do futebol. Não importa se a vibração é por um título ou pela fuga ao rebaixamento. O que vale é a emoção.

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