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Brasília

Um brasiliense com tudo para presidir a Câmara

Arquivo Geral

12/07/2016 7h47

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Um dos mais cotados candidatos para presidir a Câmara no lugar de Eduardo Cunha é um político de Brasília, o deputado Rogério Rosso (foto). A candidatura é apoiada pelo “centrão”, o ajuntamento de partidos inexpressivos e fisiológicos integrados, em sua maioria, por deputados corruptos e conservadores.
Rosso é líder de um desses partidos, o PSD, comandado por Gilberto Kassab, que foi ministro de Dilma e hoje é ministro de Temer. O próprio Rosso era ardoroso defensor de Dilma até sentir, com seu chefe, que não havia mais saída para ela. Hoje é aliado incondicional de Temer.
Ligado intimamente a Eduardo Cunha, a quem sempre defendeu e a quem agora finge renegar, Rosso governou Brasília, em mandato-tampão, por nove meses. Quis se candidatar à reeleição, mas foi brecado pelo PMDB, então seu partido, que optou por se aliar ao PT tendo Tadeu Filippelli como candidato a vice-governador.

Existe ou não a gravação?
Como consequência de seu curto governo, considerado desastroso, Rosso está indiciado por corrupção e investigado por peculato.
Correm nos meios políticos de Brasília, há anos, rumores de que existe uma gravação em que Rosso e seu aliado Renato Santana, vice-governador de Brasília, recebem dinheiro de Durval Barbosa, o delator que levou à Operação Caixa de Pandora.Essa gravação foi confirmada em juízo por uma testemunha, que editava as fitas, mas nunca apareceu.

É por causa dessa suposta gravação, não confirmada pelo delator e citada por uma testemunha, que nos meios políticos e empresariais de Brasília costuma-se dizer que Rosso está nas mãos de Durval.

Digo isto e faço aquilo
Embora em primeiro mandato, Rosso já adquiriu todas as características dos políticos tradicionais. Quem o conhece bem e não se caracteriza pela ingenuidade em nenhum momento acreditou que não seria candidato a presidente da Câmara – sempre foi. Como não acredita que não esteja se preparando para se candidatar ao governo de Brasília.
Rosso torce para que o governo de Rodrigo Rollemberg seja um fracasso para que saia candidato a governador. Se o governador tiver chances de se reeleger, Rosso o apoiará e se candidatará ao Senado. Já disse isso a vários interlocutores.

Mas nega de público. E a Rollemberg.

O homem certo no lugar certo
Com esse perfil e essas características, e com a vantagem de se sobressair acima da mediocridade que assola a Casa, até mesmo adversários ferrenhos de Rosso têm de admitir: ele é a cara da atual Câmara dos Deputados.
Tem todos os requisitos, assim, para presidi-la.

BRB joga dinheiro na praia
O Banco de Brasília liberou R$ 240 mil para o evento “Na Praia”, um empreendimento privado e pago. Vai alegar retorno de imagem e ganhos para a instituição.
Papo furado. É dinheiro jogado fora a pedido de alguém poderoso ou que vai ganhar um “retorno”, político ou financeiro mesmo. Para disfarçar e justificar o dinheiro público, os empreendedores privados vão organizar um simulacro de ação social.
Que vai sair bem caro.

Publicidade como moeda de troca
A destinação de verbas publicitárias para veículos e empresas indicados por políticos é, infelizmente, uma velhíssima e comum prática no governo de Brasília. Afinal, o dinheiro é público e não sai do bolso de ninguém.
O sistema funciona há muitos anos e é uma das muitas moedas de troca pelo apoio político ao governo ou mesmo às diretorias de empresas públicas. O político pede para ser liberada publicidade para um jornal, blog, site, mídia externa ou qualquer veículo, e fica com o mérito da intermediação perante o beneficiado.
Ou fatura politicamente ou financeiramente mesmo, com o gentil retorno oferecido pelo agraciado. E o governo ganha aliados.

Me dá uns anúncios aí
Para esse tipo de conchavo às custas de dinheiro público não existe a chamada mídia técnica, quando a publicidade é concedida com base na audiência, ou no público alcançado. Nesse caso, vigora a chamada “mídia política”, em que não há a proporção correta entre o dinheiro liberado e o público atingido.
O objetivo é ter o apoio de quem é beneficiado com a verba publicitária ou de quem intermediou a liberação do dinheiro. Seja apoio no Congresso, na Câmara Legislativa, em entidades da sociedade civil ou dos próprios veículos.
A prática não é exclusiva de Brasília. Vigora no governo federal e em todos os estados. É uma das muitas fórmulas encontradas por políticos para gastar mal o dinheiro público, em benefício de poucos.

Apenas mais uma cota
Na Câmara Legislativa, que gasta por ano cerca de R$ 25 milhões com publicidade, a prática é quase oficializada. Cada distrital tem uma “cota” desse dinheiro para distribuir para o veículo que quiser. Pode ser um jornal, um blog, uma empresa de mídia exterior.
Some-se esse valor à verba indenizatória e outras mordomias que têm os distritais para entender como não há crise econômica e financeira para a Câmara Legislativa.

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