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Sem Firula

Lucros e traições

Arquivo Geral

24/08/2018 12h47

Atualizada 05/09/2018 12h51

José Maria Marin, ex-presidente da CBF, um homem de mais de 80 anos de idade, foi condenado a quatro anos de prisão, nos Estados Unidos, por corrupção – teria aceitado propina para a venda de direitos de torneios de futebol.

Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil, um homem de quase 80 anos de idade, vive um período de ostracismo. Já esteve detido, perdeu seus cargos, responde por uma série de acusações de desvios.

O que há em comum entre eles?

Muito mais do que apenas terem, de acordo com as acusações, se valido de seus cargos para obter dinheiro.
Ambos se emocionaram, anteontem, quando fizeram seus depoimentos – Marin perante uma juíza norte-americana; Nuzman no Rio de Janeiro.

Distante de qualquer tipo de envolvimento sentimental, a juíza norte-americana não se deixou emocionar pelas lágrimas de Marin e as declarações de que é um homem sem futuro e, hoje, só vive para cuidar de sua mulher. Negou qualquer envolvimento com atos de corrupção, ao contrário de todos os amigos (ou ex-amigos?) do continente que foram acusados dos mesmos crimes.

No Rio, o ex-cartola mor do esporte dito olímpico (escrevo assim porque o futebol também é um esporte olímpico) lembrou até de tristes fatos de sua vida envolvendo a mãe. Descontrolou-se – algo difícil de se acreditar para quem o conhece. Garantiu não ter qualquer conhecimento dos possíveis atos para a compra de votos para que o Rio fosse eleito sede dos Jogos Olímpicos de 2016, eleição que favoreceria um empresário que ganharia milhões com obras super-faturadas (o empresário está foragido), mas não soube explicar os e-mails para dirigentes esportivos que davam a entender tal fraude.

Repito a pergunta: o que há em comum entre José Maria Marin e Carlos Arthur Nuzman?

De acordo com a juíza norte-americana, Marin traiu o esporte que diz amar, com colaboradores, por causa de sua ganância.
Nuzman ainda não passou por tal constrangimento. Espero até que não passe. Lembro do Mundial masculino de vôlei, na Grécia, em 1994.

Nossa seleção chegou cheia de expectativa, afinal, ganhara a Olimpíada de Barcelona, dois anos antes. As atuações foram decepcionantes. Desiludiram dezenas de torcedores que saíram do Brasil para ver a seleção. Após mais uma das fracas atuações do time (terminamos em quinto lugar), Nuzman foi até o vestiário – eu era um dos únicos jornalistas brasileiros presentes à competição e fui chamado a acompanhá-lo.

Recordo da fala dele, então presidente da Confederação Brasileira de Vôlei: “Quando jogador, eu ficava feliz se meus parentes fossem ver meus jogos… Vocês foram responsáveis por tanta gente viajar para acompanhá-los e fazem isso… É uma pena…”, ou coisa parecida.

Em resumo, Nuzman afirmava ali sua paixão pelo esporte – e não entendia como os jogadores demonstravam fastio e não se dedicavam como seria esperado.

O que terá acontecido para mudar tanto (se é que mudou) em 20 anos?

No lucro

Esqueça o resultado do duelo rubro-negro entre Flamengo e Vitória. A rodada deste meio de semana do Brasileiro da Série foi sob medida para o Internacional. Ainda que o Colorado não tenha alcançado o primeiro lugar, humildemente (como fazem questão de afirmar jogadores e comissão técnica) o time gaúcho está cada vez mais perto da ponta.

Com o empate do São Paulo diante do lanterna Paraná, o Internacional reduziu sua distância para a liderança para apenas um ponto ao derrotar o Bahia, em Salvador. Para os gaúchos, estes resultados são demonstrações claras que seu time está mais azeitado, afinal de contas, como o tricolor paulista atuou fora de casa, mas venceu – e seu rival tem se mostrado mais forte do que o tricolor do Paraná.

E para aumentar ainda mais a felicidade da torcida colorada, o Grêmio, rival eterno, não passou de um empate contra o Cruzeiro e ficou um tiquinho mais distante. Sem esquecer que o tricolor gaúcho ainda tem a Libertadores para diluir suas atenções.

O São Paulo continua em primeiro lugar, só que agora apenas um ponto à frente do Internacional.
Os dois têm apenas o Brasileiro para se preocuparem.

Garantia de emoção, aparentemente.

Ah… Antes que os torcedores do Palmeiras falem que o colunista não tem olhos para seu time, é importante dizer que o Verdão também saiu no lucro.

Sua vitória sobre o Botafogo (sem sofrer gols, mais uma vez) garantiu de vez sua presença na relação dos times que possuem pretensões de título no Brasileiro.

Pena (pena?) que ainda tenha a Copa do Brasil e a Libertadores para se preocupar.

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